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quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Financial Times elege Dilma mulher do ano por usar "diálogo" para combater o golpe (seguido do vídeo do canal Notícias Comentadas)



Jornal GGN - A presidente Dilma Rousseff foi eleita uma das 10 mulheres do ano pelo jornalFinancial Times, por sua capacidade de resiliência em meio ao processo de impeachment.
Em entrevista ao veículo, Dilma disse: "Por que não poderia ceder à tentação de amarrar-me a uma das colunas do palácio? Porque nesta fase, a melhor arma é a crítica, a conversa, o diálogo, o debate." A declaração foi destacada na página onde a ex-presidente aparece ao lado de figuras como Hillary Clinton e Beyonce.
Confira a lista das dez primeiras:
Simone Biles, ginasta norte-americana
Jean Liu, presidente da Didi Chuxing, maior empresa de transportes da Cinha
Dilma Rousseff, ex-presidente do Brasil
Mary Berry, apresentadora da BBC
Maria Grazia Chiuri, primeira mulher a dirigir a Dior
Njideka Akunyili Crosby, artista plastica nigeriana
Margrethe Vestager, líder do partido Social-liberal da Dinamarca
Phoebe Waller-Bridge & Vicky Jones, autoras da série Fleabag
Hillary Clinton – primeira mulher candidata à Presidência dos EUA
Beyonce - cantora, ativista e ícone

terça-feira, 29 de novembro de 2016

Glenn Greenwald: Novos escândalos de Temer comprovam que o impeachment visava proteção de corruptos



"Em pouco tempo de mandato, Temer já perdeu cinco ministros por escândalos, mas as mais novas controvérsias são as mais graves até o momento. Um dos escândalos envolve esforços do Congresso — liderado pelos mesmos partidos que articularam o impeachment de Dilma, e com o apoio de alguns do partido de Dilma — em aprovar uma lei que lhes daria anistia completa para seus crimes de financiamento de campanha"

Artigo de Glenn Greenwald no The Intercept:

UM DOS PRINCIPAIS argumentos usados pelos contrários ao impeachment da Presidente Dilma Rousseff era que ele daria poderes imediatos aos políticos de Brasília verdadeiramente corruptos — a principal força por trás do impeachment — que, então, usariam esse poder para interromper as investigações de corrupção e se proteger das consequências de seus crimes. Nesse sentido, o impeachment de Dilma não foi realizado para punir corruptos, mas para protegê-los. Nas duas últimas semanas, vimos dois novos escândalos de corrupção que confirmaram esse ponto de vista muito além do que seus defensores imaginavam ser possível.
Em pouco tempo de mandato, Temer já perdeu cinco ministros por escândalos, mas as mais novas controvérsias são as mais graves até o momento. Um dos escândalos envolve esforços do Congresso — liderado pelos mesmos partidos que articularam o impeachment de Dilma, e com o apoio de alguns do partido de Dilma — em aprovar uma lei que lhes daria anistia completa para seus crimes de financiamento de campanha.
No final de setembro, chegou ao Congresso um projeto de lei, como se tivesse surgido do nada, que impediria a punição de qualquer membro do Congresso pelo uso de verbas de caixa dois nas campanhas eleitorais, em que políticos recebem contribuições de oligarcas e grandes corporações por baixo dos panos.
Muitos dos políticos mais poderosos do país — incluindo o Ministro das Relações Exteriores, a maioria dos membros da Câmara dos Deputados e o próprio Presidente Temer – estão envolvidos nesse esquema e, por isso, correm o risco de serem processados. A tática do caixa dois tem sido uma ferramenta fundamental no pagamento de propinas a políticos. O problema se tornou ainda mais urgente porque Marcelo Odebrecht, presidente da Odebrecht, está prestes a finalizar um acordo de delação premiada e deve citar inúmeras figuras políticas de importância como recebedores de milhões de dólares em doações não declaradas.
Já foi relatado que o Ministro das Relações Exteriores de Temer, José Serra, recebeu R$ 23 milhões em verbas ilegais da Odebrecht, dos quais grande parte foram depositados em uma conta de um banco suíço. (Tais verbas são referentes à sua campanha presidencial de 2010, ano em que Dilma saiu vitoriosa, demonstrando que aqueles que foram derrotados nas urnas democraticamente e estão envolvidos em graves escândalos de corrupção são justamente os mesmos que chegaram ao poder com o impeachment de Dilma.)
Quando a lei da anistia surgiu em setembro, tudo foi realizado de forma que ninguém percebesse ou descobrisse quem era seu autor. À época, o  The Intercept Brasil a descreveu como uma manobra que “chocou até mesmo os analistas políticos mais calejados e acostumados com os complôs de Brasília. A articulação fracassou quando PSOL e Rede alertaram para o esquema e combateram os esforços no Congresso que visavam aprovar a anistia (Para fins de transparência: David Miranda, meu marido, foi eleito vereador da Cidade do Rio de Janeiro pelo PSOL). Assim concluímos nosso artigo de setembro: “Convencidos de seu próprio direito e capacidade de agir sem maiores consequências, não há dúvida de que tentarão cobrir-se de anistias novamente, quando não estiverem sendo observados.”
A hora chegou, exceto por já estarem fazendo isso às claras. Como praticamente todos os partidos têm figuras de importantes implicadas nesse esquema ilegal de financiamento de campanha,a maioria dos partidos se uniu abertamente em favor dessa anistia, fundamentando-se na teoria de que, agindo em conjunto, não serão culpabilizados e ninguém em particular poderá ser punido politicamente (ainda que grande parte dos partidos principais defenda a anistia, quase metade da bancada do PT se opõe a ela, assim como os dois partidos, PSOL e Rede, que se opuseram inicialmente).
Contudo, foi o grupo majoritário do Congresso quem liderou a batalha do impeachment e é agora leal a Temer e, com um número alto de membros correndo risco de serem acusados de usar caixa dois, pode praticamente garantir a aprovação da anistia. O próprio Temer se comprometeu a não vetá-la e seu partido, PMDB, apoia majoritariamente a proposta. A votação estava marcada para a semana passada, no entanto, com o escalar da pressão pública, foi adiada para a próxima terça-feira.
O juiz responsável, Sérgio Moro, avisou essa semana que a lei da anistia pode causar graves obstruções às suas investigações, o que, obviamente, é a principal finalidade da proposta. O juiz alertou que, de forma geral, passar medidas de anistia beneficiando os próprios políticos que as propuseram é exatamente o tipo de situação que destruiu a credibilidade das instituições políticas do Brasil.
Portanto, as pessoas responsáveis pelo impeachment da presidente democraticamente eleita, em nome da punição da corrupção e do cumprimento da lei, são as mesmas que agora recorrem ao poder obtido indevidamente para se esquivarem da responsabilização por seus próprios crimes políticos. Desde o princípio, essa foi a fraude central do impeachment de Dilma, e não há palavras para descrever o quão óbvio e claro esse propósito agora se revela. Mesmo o colunista estrela de O Globo – o jornal que mais se movimentou em favor do impeachment – admite agora que o argumento principal do grupo anti-impeachment foi comprovado, conforme tweet de ontem:
É mais do que óbvio que esse era o verdadeiro objetivo por trás do impeachment desde o início. Em maio, um dos aliados mais próximos de Temer, Romero Jucá, foi forçado a se demitir do cargo de ministro após serem reveladas gravações nas quais admitia, preto no branco, que o impeachment de Dilma era necessário para interromper as investigações de corrupção, frisando que apenas com Dilma fora de cena seria possível que a mídia, os tribunais, os militares e a sociedade formassem um “pacto nacional” para deixar em paz os políticos corruptos de Brasília.
Contudo, apesar da renúncia forçada de Jucá em maio, ele acaba de ser nomeado líder do governo Temer no Senado porque, obviamente, o seu esquema de corrupção é compartilhado por Temer e pela facção que governa o país. Somente agora, os grandes veículos do país se veem obrigados a admitir o que era evidente desde o início: ao pedirem o impeachment, compactuaram no fortalecimento dos políticos mais corruptos do Brasil, garantindo assim que as investigações de corrupção fossem travadas.

MAS UM ESCÂNDALO completamente novo ameaça diretamente o próprio Temer. Na semana passada, o Ministro da Cultura de Temer, Marcelo Calero, demitiu-se de forma extravagante, alegando pressão excessiva exercida por um dos aliados mais próximos de Temer, o Ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima, no sentido de forçar Calero a facilitar a realização de um projeto de construção de um prédio no qual Geddel tem interesse pessoal. Especificamente, Geddel pressionou Calero a garantir a aprovação da construção de um arranha-céus de luxo numa área histórica protegida de frente para o mar, edifício onde Geddel comprara um apartamento.
Temer começou por defender Geddel, insistindo veementemente que o mesmo não seria exonerado. O indicado de Temer na Comissão de Ética do Congresso bloqueou uma votação para investigar se Geddel teria violado regras de ética. Temer tentou por todos os meios menorizar a controvérsia com o intuito de proteger seu mais próximo aliado.
Mas isso não é mais possível. Ontem, Calero, o ministro que se tornou delator, prestou uma declaração sob juramento à Polícia Federal, alegando que não somente foi pressionado por Geddel para assegurar a aprovação do referido projeto de construção, como o próprio Temer também o abordou em duas ocasiões com o mesmo propósito. Em consequência, a primeira página de todos os principais jornais anunciava hoje de manhã em letras garrafaisque o próprio Temer está implicado nesse escândalo e que, por isso, os partidos da oposição já instituíram procedimentos de impeachment contra o presidente.
(Geddel demitiu-se hoje pela manhã , enquanto este artigo estava sendo escrito: o sexta ministro de Temer perdido por conta de escândalos.) Mas agora precisamos perguntar: o que Geddel fez que Temer não tenha feito?
Tudo isso acontece no momento em que as principais figuras do partido de Temer, o centrista PMDB, não somente se veem envolvidas em escândalos políticos, mas estão sendo presos. Eduardo Cunha, o Presidente da Câmara dos Deputados que presidiu e foi a força motriz do impeachment de Dilma, está agora na prisão, aguardando julgamento por lavagem de dinheiro e suborno, após ter sido revelado que escondia milhões em contas bancárias suíças, enquanto o Ex-governador do Estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, foi preso na semana passada sob acusações de controlar um esquema de corrupção de grande escala.
Essa sempre foi uma das mais gritantes ironias do impeachment de Dilma: o partido mais empoderado pelo impeachment, o PMDB de Temer (anteriormente em aliança formada com o PT), não somente destruiu sozinho o Rio de Janeiro mediante inaptidão e corrupção, como também reúne os líderes políticos mais descaradamente criminosos do continente.

De certa forma, pouco importa à classe oligárquica do Brasil, (como sempre) servida pela sua mídia, o que acontecerá com Temer. Assim como Cunha anteriormente, Temer cumpriu sua função: supervisionou a aprovação de uma medida de austeridade radical que, face ao crescimento negativo do Brasil, literalmente altera a Constituição para permitir a proibição de aumentos nos gastos públicos além da taxa de inflação nos próximos 20 anos. Desde sua chegada ao poder, Temer liderou uma verdadeira orgia de privatização, austeridade e congelamento de despesas que a oligarquia brasileira desejava avidamente há muito tempo. E, sobretudo, foi o instrumento utilizado para remover Dilma do cargo.
É importante lembrar que o próprio Temer, dirigindo-se a investidores estrangeiros e às elites da política externa em Nova Iorque, em setembro último, admitiu que o impeachment de Dilma se deveu, em grande parte, à sua recusa em aceitar o programa de austeridade do partido de Temer, uma confissão extraordinária que foi completamente ignorada pela grande mídia brasileira.
Pouco importa à mídia se o destino de Temer será o impeachment em favor de novas eleições ou a conclusão de seu mandato aos trancos e barrancos, enquanto figura nacional amplamente desprezada. A mídia conseguiu o que queria.
Todavia, o verdadeiro objetivo por trás do impeachment é tão evidente que até mesmo os principais articuladores do impeachment na mídia se veem forçados a reconhecer aquilo que, até recentemente, ridicularizavam de forma desonesta: que a finalidade real era a proteção e empoderamento dos corruptos. Contudo, mesmo tendo suas convicções comprovadas, os opositores ao impeachment não estão soltando fogos, uma vez que esses eventos mais recentes apenas reiteram que os brasileiros continuarão sofrendo as consequências de uma classe política e de uma elite que os desiludiu com fraudes gritantes e uma corrupção galopante.
A maior fraude de todas foi o impeachment de Dilma, vendido ao povo como o meio de livrar o país de uma administração danosa e da corrupção, quando na realidade, desde o início, pretendia fazer exatamente o oposto.

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Vingança e mesquinharia: Temer nega audiência a governador que não apoiou Golpe-impeachment


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O Palácio do Planalto avisou ao governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, que o presidente Michel Temer não vai poder recebê-lo, como o chefe do executivo paraibano pediu em ofício endereçado ao peemedebista. A solicitação de audiência por escrito foi feita em 24 de outubro, inclusive com a informação dos temas a serem tratados. Por telefone, a assessoria do Planalto alegou excesso de compromissos de Temer. Dissidente no PSB, Coutinho foi contra o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, processo que levou Temer à Presidência da República.
Mesmo sendo do PSB, partido que faz parte da base de apoio parlamentar a Temer no Congresso, com indicação até de ministros de Estado, Coutinho não conseguiu saber quando o presidente poderá recebê-lo. O governador tinha solicitado uma conversa para solicitar o repasse da parte federal de obras feitas em parceria com o governo estadual, a autorização do ministério da Fazenda para a conclusão do empréstimo já assinado com o Banco do Brasil, ainda na gestão Dilma, e a possibilidade de novos investimentos da União no Estado.
“Não solicitei audiência pessoal. Os assuntos a serem tratados são de interesse do Estado numa relação que se exige republicana e federalista”, disse Coutinho. “Lamento o estreitamento da republicanidade no país”, acrescentou.
 
Coutinho diz que não se sente discriminado, mas lembra que a negativa da audiência pode ter tido interferência de seus adversários políticos. “Sei o quanto está contando, no Brasil de hoje, a interferência de adversários locais que perderam as eleição na Paraíba e no Brasil, e que hoje semeiam intrigas com o intuito de sabotar os interesses do povo paraibano”, disse Coutinho.

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Emir Sader, cientista político: "Democracia não cabe no neoliberalismo de Temer"

"A retomada do modelo neoliberal, fracassado nos anos 1990, derrotado sucessivamente em 2002, 2006, 2010 e 2014, só pode se dar mediante um governo não democrático. Golpista no acesso ao poder, porque não obteria maioria democrática nos processos eleitorais com um projeto tão antipopular e autoritário, porque tem que governar contra o interesse da grande maioria da população."

Temer
Temer coloca como objetivo a aplicação de um duro ajuste fiscal, que corta direitos da massa da população

Não resta a Temer discurso algum, senão o da ordem e o da economia de recursos, que se traduzem em repressão às manifestações e em medidas antipopulares

por Emir Sader, para Revista do Brasil publicado 15/10/2016



A retomada do modelo neoliberal, fracassado nos anos 1990, derrotado sucessivamente em 2002, 2006, 2010 e 2014, só pode se dar mediante um governo não democrático. Golpista no acesso ao poder, porque não obteria maioria democrática nos processos eleitorais com um projeto tão antipopular e autoritário, porque tem que governar contra o interesse da grande maioria da população.
Um governo que se coloca como objetivo a aplicação de um duro ajuste fiscal, que corta direitos adquiridos pela massa da população, que acentua ainda mais a recessão econômica e, com ela, o desemprego e a perda de poder aquisitivo dos salários, é incompatível com a democracia, porque governa contra a grande maioria dos brasileiros. Temer disse que se conforma com ter o apoio de 5% da população, porque sabe que governa para essa minoria. Mesmo contando com o apoio da velha mídia, não conseguiria obter apoio popular para um programa tão antipopular.
Daí o endurecimento não apenas repressivo do governo, mas das ações concertadas com a Polícia Federal, com promotores, com a Procuradoria-Geral da República, com o Supremo Tribunal Federal, para blindar o sistema politico, para dificultar ao máximo que as forças populares possam voltar a ganhar eleições presidenciais e desfazer o que o governo golpista está fazendo.
O pouco tempo em que está governando foi suficiente para demonstrar que o governo golpista não tem nem discurso e nem medidas que possam conquistar um mínimo de apoio na sociedade. Seu núcleo estratégico, a equipe econômica, só tem a prometer um duro ajuste fiscal, com a esperança de recuperar o que considera o equilíbrio das contas públicas em 2017 ou talvez só em 2018. Não tem o mínimo que se pudesse chamar de projeto hegemônico, que conseguisse organizar um bloco social coerente para governar e um bloco social de apoio.
Ao contrário, o Temer foi indispensável para o golpe, pelo seu cargo de vice-presidente, nada mais do que isso. Seu discurso inicial de "reunificação" do país se choca com o seu isolamento absoluto. A recuperação da economia não tem horizonte futuro algum. Até o equilíbrio fiscal, que poderia ser o objetivo essencial, está afetado pelos gastos desequilibrados do governo.
Não lhe resta discurso algum, senão o da ordem e o da economia de recursos, que se traduzem em repressão às manifestações e em medidas antipopulares. Temer se resigna, dizendo que não lhe importaria ter 5% de apoio, se "colocar a economia nos trilhos", mas em trilhos que atendem a esses 5% e não à grande maioria.
Em escala mundial o neoliberalismo produz governos impopulares, que têm pânico das eleições e só se mantêm pela repressão. As políticas de austeridade na Europa desgastam a todos os governos que as assumem e causam crise permanente de legitimidade. Na América Latina, em países como o México, o Peru, o Chile, os governos se desgastam logo que são eleitos e mantêm o modelo neoliberal, nunca conseguem eleger seus sucessores. As pessoas se interessam cada vez menos pela política, porque os partidos se sucedem, mas reproduzem o programa de governo.
O capitalismo, na sua fase neoliberal, se choca assim, frontalmente, com a democracia. Tem que apelar, cada vez mais, para a repressão, para blindar os sistemas político-eleitorais, para tentar impedir que a esquerda eleja presidentes que ponham em prática projetos alternativos aos seus.
No Brasil, conforme a direita retoma o mesmo modelo neoliberal, a impopularidade fará com que o governo se choque, cada dia mais, com a democracia, se torne cada vez mais autoritário e impopular. Viveremos dois anos de grande disputa política em torno da continuidade desse modelo ou de uma nova derrota sua, se conseguimos recuperar para o povo o direito de decidir sobre os seus destinos.

The Intercept: PEC do Apocalipse serve "lombinho de povo brasileiro" aos ricos do Itaú, Fiesp, Marinhos, multinacionais...




Do The Intercept, em artigo de João Filho:

O BRASIL É O PARAÍSO TRIBUTÁRIO dos super ricos. Uma verdadeiraCayman de proporções continentais para quem está confortavelmente acomodado no topo da pirâmide. Mesmo assim, o governo não-eleito de Michel Temer já escolheu quem vai pagar o pato pela crise: o povo brasileiro que depende dos já precários serviços públicos. Com a PEC 241, saúde, educação e outros serviços essenciais para a grande maioria da população terão seus orçamentos congelados por duas décadas.
Sem praticamente nenhum debate público, essa alteração na Constituição comprometerá drasticamente os serviços públicos – e essa não é uma opinião, é um fato que o governo decidiu assumir em nome da salvação da economia e da manutenção do conforto do topo da pirâmide. Empurrar o pato para os mais pobres foi uma decisão política, por mais que tentem passar um verniz técnico na coisa. Os moradores da grande Cayman podem continuar tranquilos: seus privilégios continuarão intactos. O aluguel de aviões no exterior, por exemplo, acaba de ter garantido sua isenção fiscal — inclusive em paraísos fiscais.
A mesma maioria parlamentar que derrubou a ex-presidenta após ela ter se recusado a implementar a Ponte para o Futuro – o plano tucano rejeitado nas urnas —, foi convidada para um banquete nababesco oferecido por Temer no Palácio da Alvorada. Lá se comeu salmão, carne com risoto de funghi, massa e vinho. Numa reunião que parecia mais um evento do Rotary Club, Michel Temer pediu a palavra e afirmou que todos ali iriam “cortar na carne” — uma frase embebida no golpismo, já que nenhum dos presentes no jantar, além dos garçons, depende dos serviços públicos. Aliás, o único serviço público que realmente preocupa ali é o Fundo Partidário. PMDB e PSD pretendem criar um Fundo Eleitoral com 4 vezes mais recursos que o Fundo Partidário para custear as campanhas políticas.
A PEC do Apocalipse é tão inacreditável que até um deputado estadual tucano, Carlos Bezerra Jr (SP), se mostrou estupefato com a emenda apoiada por seu partido:
“O que é essa PEC 241 senão a completa desmontagem de um Estado voltado para as questões sociais, com crivo para fazer isso por duas décadas? O governo fala em ajuste fiscal através da redução de gastos com educação e saúde. E diz que quem discorda é “contra o Brasil”. (…) É um imenso retrocesso! E minha consciência não me permite calar diante disso. Sem contar que não se fala em sacrifício de nós, políticos em todas as esferas, inclusive dos governantes. O PT errou, Dilma tem responsabilidade enorme, mas esse caminho de colocar as contas nas costas do pobre é uma história que se repete, independentemente de quem está sentado na cadeira e com a caneta na mão.”
 E a imprensa diante de tudo isso? Novamente, os grandes veículos de imprensa – comandados por meia dúzia de famílias que deitam eternamente em berço esplêndido no topo da pirâmide – atuaram em conjunto. E atuaram intensamente, sem medo de levantar bandeiras em defesa da PEC. A Folha fez uma bela defesa em editorial intitulado “Piso para o futuro”, em que encara o Estado como uma sociedade anônima e trata saúde e educação friamente, como se fossem células do Excel. Além disso, o jornal achou adequado vender espaço publicitário para a Empiricus — empresa de consultoria financeira conhecida por sua militância política e por ser sócia de O Antagonista —  fazer campanha pela aprovação da PEC:
 Uma consultoria financeira compra espaço no maior jornal do país para fazer campanha política em favor de uma emenda constitucional. Mas até que isso é café pequeno quando vemos uma corte superior eleitoral entrar de cabeça na campanha, quase atuando como um partido político. Em nota política disfarçada de técnica, o Tribunal Superior Eleitoral não demonstrou o mínimo pudor ao tomar posição política e acusar os governos anteriores de irresponsabilidade fiscal. Surpreende mesmo quando nos lembramos queGilmar Mendes preside o tribunal. Resta saber quais são as outras posições políticas que o tribunal irá tomar, quais partidos políticos irá apoiar em 2018 e se pretende lançar candidatura própria.
Na última terça, o Jornal Nacional, assim como todos os outros jornais da Rede Globo, entrou de sola no debate ao consultar três economistas — todos favoráveis à PEC. O tom da reportagem é didático e transforma uma escolha política numa questão puramente técnica.
Por outro lado, no Jornal da Cultura do dia, o historiador Leandro Karnal lembrou que o que está em jogo não é simplesmente uma questão matemática, mas uma importante decisão sobre o papel do Estado na sociedade nas próximas duas décadas:
“salvar a economia é muito importante, mas nós temos que salvar com os passageiros e não apenas com o barco. […] Educação e Saúde são atividades fins do Estado. Se você comprometer a atividade-fim do Estado, você estará comprometendo toda a próxima geração. O Brasil tem que gastar melhor, de forma mais eficiente e preservar as atividades fins. Quando nós discutimos o orçamento na Unicamp, distinguimos entre o que é atividade fim e o que é atividade secundária. Atividades secundárias, como propagandas do Estado, devem ser cortadas ao mínimo ou completamente. A atividade fim deve ser incentivada. Ou nós salvaremos a economia, mas perderemos todas as vitórias, que são as pessoas. Fica sendo, como na mitologia, uma vitória de Pirro, ou seja, alguém vence a guerra, mas vence sozinho porque o exército foi todo dizimado.”
Só no primeiro semestre desse ano, o governo federal gastou R$ 386,5 milhões em publicidade — um aumento de 65% em relação ao mesmo período do ano passado. Apesar da preocupação da grande imprensa com o controle dos gastos públicos ser comovente, não há austeridade para ela.
Mas não são só os meios de comunicação, consultorias financeiras, o governo não-eleito e o TSE que estão na luta pela aprovação da PEC do Apocalipse. Há bancos preocupadíssimos em terceirizar a responsabilidade fiscal para o povo. O Infomoney publicou uma lista de perguntas e respostas elaborada pela equipe econômica Itaú Unibanco sobre a PEC. Com muita doçura, o Itaú mostra como é importante controlar os gastos públicos sem precisar mexer nos juros ou fazer uma auditoria da dívida pública que tanto enriqueceu os banqueiros nos governos anteriores.
E aquela gente bonita do MBL? Estão junto com os bancos nessa luta, claro! Depois de serem convidados pelo governo para uma conversa em Brasília, nossos jovens liberais estão mais fervorosos do que de costume na defesa da PEC. É bastante curioso imaginarmos que um dos motes dos movimentos de rua que pediam impeachment era “quero mais saúde e mais educação”. Agora, receberão menos saúde e menos educação e, aparentemente, estão todos muito satisfeitos.
Cristovam Buarque (PPS-DF), que tem sua carreira política marcada pela defesa intransigente do aumento de investimentos em Educação, parece ter mudado de ideia depois que virou governista. Vejamos o que ele dizia antes da PEC:
Em julho, o senador estava pasmo com a queda dos investimentos em educação. Passados 3 meses, Cristovam parece ter mudado de ideia.
Subitamente, o sentimento de espanto com a queda no investimento em educação se desfez, e ele agora aceita que o setor seja sacrificado. Quando Dilma tentou implantar um ajuste fiscal em 2015, Cristovam parecia muito mais preocupado com o abalo que a educação poderia sofrer, como contou a Agência Senado:
“Ele afirmou ainda que, apesar de necessário, o ajuste não pode prejudicar a educação, as obras de infraestrutura e a saúde. Para Cristovam, mais justo seria que o ajuste mexesse em setores que sempre foram poupados. E sugeriu o imposto sobre grandes fortunas e sobre o lucro dos bancos, só para citar dois exemplos.”
Agora tudo mudou. Não são mais os bancos e as grandes fortunas que devem bancar a crise, mas nós que “temos que fazer sacrifício”.
Esse arrocho sem precedentes pelo qual o Brasil está prestes a passar está sendo vendido para a população como “a única solução possível”. Não se cogitam outras possibilidades como: fiscalização pesada em cima de grandes sonegadores, taxação de forma gradativa da renda, aumento de impostos sobre herança de grandes fortunas e combate ao exorbitante juro da dívida pública — a mais elevada do mundo.
No fim das contas, quem vai para o sacrifício é mesmo quem depende do SUS e das escolas públicas. O topo da pirâmide lançou mão de todas as suas armas, entrou firme nessa disputa política e está goleando por 7 a 1. Como bem lembrou o Sensacionalista — talvez o jornal mais sério do país atualmente —, a única carne cortada no banquete oferecido por Temer foi o“lombo de povo brasileiro”.

ENTRE EM CONTATO COM O AUTOR:

João Filhojoao.filho@​theintercept.com@jornalismowando

domingo, 24 de julho de 2016

O golpe de Michel Temer afastou turistas e trouxe o terrorismo para o Brasil, por Esmael Moraes

fora_temerO interino Michel Temer (PMDB) consegui a proeza de colocar o Brasil no mapa do terrorismo com desastrosas e imbecis declarações, após prisão de alguns jovens pela Operação Hashtag, da PF.
Os principais analistas políticos do país acreditam que a espalhafatosa entrevista coletiva do ministro interino da Justiça, Alexandre de Moraes, afugentou cerca de 20 mil turistas e aproximou terroristas da pátria verde-amarelo que nunca fora antes alvo de extremismos.
O desespero de Temer era para atrair chefes de Estado para a abertura da Olimpíada, pois os mesmos se afastaram em virtude do golpe de Estado no Brasil.
Na diplomacia, o mau humorado governo golpista continua dando vexame. Os Jogos Olímpicos do Rio deverão recepcionar a menor delegação de chefe de Estados de todas as edições.