'Cerra' vai ceder a medalha da Rafaela ao Japão...
Desde olimpíadas imemoriais, autoridade de primeira linha do pais anfitrião passa a
responsabilidade de organizar a próxima olimpíada, na cerimônia de encerramento, a uma
autoridade de primeira linha do próximo anfitrião.
O prefeito Eduardo Paes do Rio passou a bandeira olímpica à prefeita de Tokyo, e foi
universalmente vaiado.
Mas, isso é de pessoal segunda linha.
O japonês de primeira linha, o Primeiro Ministro Abe compareceu de forma brilhante, como
o Super Mario, no centro do Maracanã.
Foi ovacionado.
E a autoridade brasileira correspondente?
O presidente sempre interino fugiu, com a vaia retumbante que tomou na abertura.
Mandou em seu lugar o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, uma piada de mau gosto,
que fez uma exigência: não seria obrigado a abrir a boca.
E teve seus quinze milionésimos de segundo de fama, quando as imagens oficiais o
flagraram, de passagem, em pan super rápida, ao lado do presidente do COI, o alemão Bach.
Uma vergonha irremediável.
Do tamanho da glória da Rio 2016: gigantesca!
O Governo brasileiro tem que se esconder!
Fugir!
Não pode sair do banheiro.
O Primeiro Ministro Abe se recusou a ir a Brasília, para não perder tempo com o Traíra.
Fez uma foto no Itamaraty do Rio, ao lado do 'Padim Pade Cerra'.
Padim que, certamente, se ofereceu para mandar as fragatas da Móoca para apoiar as
pretensões japonesas, no Mar do Sul da China.
E ceder ao Japão a medalha da Rafael Silva, já que o judô é uma arte japonesa.
Uma advertência de um segurança num estádio olímpico é o retrato perfeito do Brasil.
Numa cena registrada num vídeo, o segurança diz que cartazes contra Temer tudo bem, mas contra a Globo não. Você pode vê-lo aqui.
Ora, ora, ora.
Isso escancara o óbvio: a Globo pode mais que Temer.
O segurança deve ter ouvido isso de algum chefe. Que também ouviu a ordem de um superior.
Seja como for, é uma aberração.
Qual o sentido em proibir manifestações pacíficas contra a Globo? Liberdade de expressão não inclui acusar a casa dos Marinhos de golpista?
A favor do segurança, pelo menos se pode dizer que ele foi sincero. Ministros togados do STF louvam as chamadas instituições e fingem que a Globo não manda em todas elas. Seria mais honesto e realista se um magistrado do STF bradasse, agarrado a uma Constituição: “Acima disso aqui, só a Globo.”
2016 deixou claro que enquanto existir a Globo tal qual a conhecemos não haverá democracia. 54 milhões de votos podem ser incinerados com relativa facilidade caso a Globo deseje.
A culpa não é do segurança que avisou que estava proibido cartaz contra a Globo.
A culpa é de todos nós, de uma sociedade que permite que a Globo seja o que é e faça o que faz.
Fonte: DCM. Acompanhe as publicações do DCM no Facebook. Curta aqui.
Jornal GGN - A Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados soltou nota oficial criticando o Comitê Olímpico Internacional, que não pode decidir como é que o brasileiro vai ou não vai nas arenas dos jogos. A lei não é definida pelo COI, e o COI deve apenas obedecer o que reza a lei maior do país. Ninguém pode impedir brasileiros de portarem cartazes com #ForaTemer ou mesmo que entoem o Fora Temer. Isso não é crime, não deve ser punido, é direito de expressão, é demonstração de seu contentamento ou não com a política do país. É direito! E como direito deve ser respeitado. Leia a nota oficial da Comissão e, logo a seguir, veja um vídeo em que o direito de manifestação do brasileiro é desrespeitado.
NOTA OFICIAL
O Comitê Olímpico Internacional não pode decidir as condições de acesso e permanência nas arenas dos jogos. Quem o define é a Lei, e o COI deve obedecê-la. Nem o Comitê nem as polícias são poderes paralelos acima da legislação brasileira.
A Lei Geral das Olimpíadas, em seu artigo 28, proíbe “ostentação de cartazes, bandeiras, símbolos ou outros sinais com mensagens ofensivas, de caráter racista ou xenófobo ou que estimulem outras formas de discriminação”. As placas “Fora Temer”, de teor político reivindicatório, não se enquadram de forma alguma nessas características. A lei veda também “bandeiras para outros fins que não o da manifestação festiva e amigável”. Cartazes de papel e camisetas não são bandeiras e, portanto, também não estão vedados.
Além disso, a Lei proíbe, como manifestação oral, apenas “xingamentos ou cânticos discriminatórios, racistas ou xenófobos”. “Fora Temer” é um protesto sem essas características e, portanto, pode ser entoado nos espaços oficiais. Demais expressões de cunho político também são permitidas, desde que sem teor discriminatório ou violador da dignidade humana, por exemplo.
Os interesses das “empresas que compram direitos e investem muito dinheiro para ter sua imagem associada aos Jogos"– motivo alegado diretor de Comunicações das Olimpíadas, segundo a imprensa, para proibirem-se manifestações nas arenas – não estão acima dos direitos e garantias fundamentais previstos na Constituição de 1988, como o direito à liberdade de expressão.
A ação das polícias na segurança dos jogos, assim como a orientação do COI divulgada pela imprensa, é ilícita, arbitrária e violadora dos direitos humanos. Informo que solicitarei ao Ministério Público a adoção das medidas para coibir e punir o abuso de autoridade e a ação ilegal.
Deputado Padre João
Presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados"
Nos primeiros eventos esportivos do Jogos Olímpicos Rio 2016, pessoas que protestaram contra o presidente interino Michel Temer foram repreendidas pelos fiscais dos jogos. Os vídeos que tem repercutido nas redes sociais mostram fiscais repreendiam quem se manifestavam contrariamente ao chefe provisório do executivo nacional, com o aviso de que qualquer material será apreendido e a pessoa excluída do evento.
Os fiscais ainda mencionam a existência de uma lei que diz ser proibido gritar, vestir camisetas, exibir faixas ou qualquer outra demonstração que seja contra Temer.
Veja o vídeo:
Em outro vídeo postado por usuário da rede social, o fiscal é ainda mais duro, aflorando os ânimos na discussão.
O Justificando perguntou a três juristas se as pessoas podem protestar como elas bem entenderem contra o Temer, incluindo gritar, vestir camiseta, compor uma música, apitar, enfim, agir até onde vá a criatividade humana sem o uso da violência.
É evidente que pode. Qualquer coisa diferente disso é ditadura. - afirmou o Historiador e Professor de Ciências Criminais da Universidade Federal do Rio Grande Salah H. Khaled Jr.
O Procurador do Estado de São Paulo, Márcio Sotelo Felippe explica que o direito de gritar "Fora Temer" nos estádios está garantido na Constituição. "O direito de expressão e manifestação é garantido pela Constituição brasileira como direito fundamental".
Felippe afirma que a conduta é reflexo do autoritarismo que tem crescido no país - "Nem devemos ficar surpresos com isso que está acontecendo. Um golpe que foi dado rasgando a Constituição resulta num governo que viola cotidianamente a carta magna. É estado de exceção. A Constituição de 1988 não existe mais", afirmou.
Já o Juiz de Direito do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, Marcelo Semer, acredita, depois do golpe parlamentar, a Constituição não valha mais muita coisa. Mesmo assim, ele acha que essa proibição não tem razão de ser- "A proibição é inconstitucional o que, convenhamos, não significa muita coisa nos dias atuais".
Não existe a referida lei que veda protestos contra Temer
Mencionada no vídeo, a lei que proíbe a manifestação da mulher contra o presidente interino não existe. Isso porque, a lei das olimpíadas dispõe em um dos seus incisos que não pode exibir "para outros fins que não o da manifestação festiva e amigável".
No entanto, a própria lei abre exceção quando a pessoa exercer seu direito ao livre exercício de manifstação - é ressalvado o direito constitucional ao livre exercício de manifestação e à plena liberdade de expressão em defesa da dignidade da pessoa humana.
Ou seja, pode protestar em paz. O direito, pelo menos, você tem.
Golpe político no Brasil gerou situação constrangedora: apesar de ser a primeira vez que os Jogos Olímpicos ocorrem na América do Sul, festa de abertura amargará um recorde de ausências internacionais. Das 206 nações representadas, apenas 45 delas terão líderes presentes no evento. Há 4 anos, em Londres, foram 95.
Texto de Kiko Nogueira, extraído do Diário do Centro do Mundo
Alguém já apontou que não faz sentido José Serra, um sujeito sem amigos que não conhece nenhum vizinho, ocupar um alto cargo na diplomacia.
Temos um elemento novo nessa história: se Serra não junta a família para comer uma pizza em seu aniversário, como esperar que ele convença alguém a comparecer à festa de abertura da Olimpíada?
O chanceler anunciou com pompa a presença de 45 chefes de estado na Rio 2016. O número é altamente suspeito, mas vamos lá. Os mais VIPs são o premiê francês François Hollande, o primeiro-ministro da Itália Matteo Renzi, o presidente da Argentina Maurício Macri, o da Colômbia Juan Manuel Santos e o do Paraguai Horacio Cartes.
Ban Ki Moon, secretário geral da ONU, também falou que vem. Os EUA vão enviar o secretário de defesa John Kerry — que recebeu, nesta semana, uma carta de congressistas americanos pedindo que tome cuidado para não sinalizar apoio ao governo do impeachment.
O ministro das Relações Exteriores se auto elogiou, garantindo que a recepção será realizada num prédio “muito bonito, com estátuas de todos os heróis das Américas que lutaram pela independência de seus países.”
É o menor número de dignitários das últimas edições: Londres recebeu 95, Pequim 82 e Atenas 48. Não deveria ser assim. Afinal, esta é a primeira vez que os Jogos ocorrem na América do Sul; 206 nações estarão representadas.
O baixo quórom deve ser debitado na conta do golpe. A Associated Press ouviu a professora de direito internacional da USP Maristella Basso. Para ela, fica a dúvida sobre que mão um presidente de outro país vai apertar num ambiente de tamanha incerteza. “É uma situação bizarra. Não é ocasião de festa para o Brasil, olhe a bagunça”, diz.
Além disso, se somos uma zona institucional, como é que poderíamos transmitir qualquer tipo de sensação de segurança?
A coletiva desastrosa do ministro da Justiça Alexandre de Moraes contando vantagem sobre a prisão de dez “terroristas” teve o efeito que se esperava: ao menos 20 mil pessoas devolveram os ingressos.
Se antes podíamos nos considerar alvos remotos do Estado Islâmico, agora estamos oficialmente no mapa de assassinos fanáticos religiosos. Na chegada à Vila Olímpica, a delegação da Austrália encontrou uma pocilga com vazamentos, gatos na eletricidade e mau cheiro.
Você iria a uma festa num lugar desses?
Mas nem tudo está perdido. Numa visita à Cidade do México, José Serra ofereceu algumas palavras de conforto e otimismo. Segundo ele, o país precisa estar “o mais preparado e também pedir a Deus que nada ocorra”.
Moralmente, a Rio 2016 de Temer e seus amigos já começa tomando de 7 a 1.
Presenciaremos um vexame mundial e uma expressão internacional contra o Golpe de Estado fomentado pelas elites e a Direita golpista brasileira já na abertura dos Jogos Olímpicos, jogos estes que, como na Copa do Mundo, poderia ser uma festa admirada pelo mundo mas que agora, infelizmente, está dando demonstração, devido aos atos e fatos do Sr. Michel Temer e sus comparsas junto com a suja mídia local, de ser, pelo mundo, a mais desprestigiada em décadas. Tudo isso, como bem afirma o Senador Lindbergh Farias, fruto da desmoralização do país e da falta de legitimidade do golpe. Ninguém em sã consciência quer aparecer na foto ao lado do Temer.
O interino Michel Temer (PMDB) consegui a proeza de colocar o Brasil no mapa do terrorismo com desastrosas e imbecis declarações, após prisão de alguns jovens pela Operação Hashtag, da PF.
Os principais analistas políticos do país acreditam que a espalhafatosa entrevista coletiva do ministro interino da Justiça, Alexandre de Moraes, afugentou cerca de 20 mil turistas e aproximou terroristas da pátria verde-amarelo que nunca fora antes alvo de extremismos.
O desespero de Temer era para atrair chefes de Estado para a abertura da Olimpíada, pois os mesmos se afastaram em virtude do golpe de Estado no Brasil.
Na diplomacia, o mau humorado governo golpista continua dando vexame. Os Jogos Olímpicos do Rio deverão recepcionar a menor delegação de chefe de Estados de todas as edições.
Não vamos nos enganar. Não é preciso ser um admirador de Maquiavel para entender que num momento de grandes incertezas políticas como aquele que enfrentamos no Brasil a denúncia de uma possível ameaça terrorista pode ser de grande utilidade para forças que ocupam provisoriamente a presidência da República e necessitam, como é visível a cada dia, "mostrar serviço" aos olhos de uma população desconfiada de gestos e intenções para manter-se no cargo de qualquer maneira.
Vivemos uma situação de desagregação institucional em que tudo é política, como reconheceu a líder do governo Rose de Freitas, ao explicar por que o Senado afastou Dilma sem prova de crime de responsabilidade. Não é preciso ficar com complexo de republica bananeira, porém. Basta lucidez. Na França que já deu lições de liberdade, igualdade, fraternidade, o mesmo presidente François Hollande que enfrenta uma insurreição de trabalhadores em defesa de seus direitos - situação que pode repetir-se no Brasil caso Michel Temer siga em frente com seu programa de aniquilar a CLT - transformou a ameaça terrorista na preocupação número 1 de seu governo.
Incapaz de dar respostas aos problemas da vida cotidiana da maioria da população, como desemprego, perdas salariais, recessão, desde o final de 2015 Hollande multiplica medidas de exceção que produzem indignação - a ministra de Direitos Humanos renunciou ao cargo em protesto - e pouco tem servido para evitar novas tragédias, como demonstrou o ônibus assassino de Nice, menos de um ano depois do ataque ao Charlie Hebdo e ao Bataclan.
Mesmo assim, não há dúvida que a campanha do medo operou um previsível milagre de natureza eleitoral. Transformou Hollande, até então um George W Bush da social-democracia francesa, num candidato minimamente competitivo para enfrentar o fascismo nas eleições presidenciais.
Essa considerações recomendam prudência e bom senso diante da prisão de dez brasileiros que podem vir a ser um dia considerados suspeitos de terrorismo. Para tanto, é bom lembrar, será preciso que informações hoje em estagio muito preliminar se transformem em indícios e provas. Não custa sublinhar - mesmo fora de moda - o principio da presunção da inocência. Ninguém quer construir uma nova Guantânamo, certo?
Está claro que nenhuma pista contra a ameaça do terror pode ser desprezada, pois, se forem indícios consistentes e corretamente investigados, podem impedir atos de barbárie que ameaçam vidas inocentes, inclusive crianças.
O problema é que toda iniciativa para transformar um episódio inconclusivo em grande espetáculo, sem justificativas razoáveis, equivale a uma demonstração de desprezo absoluto pela inteligência do cidadão brasileiro. Também é um ato contraproducente do ponto de vista de toda investigação, que envolve material de inteligência sensível, necessita de prudência e segredo, em vez de espalhafato e sensacionalismo.
O desvio para os holofotes é apenas parte do problema, porém. Outro sinal é político e diplomático.
A postura mostra um passo, no governo Michel Temer, para alinhar o aparato policial e jurídico do estado brasileiro com as prioridades do governo norte-americano. É compreensível, diante do isolamento internacional do golpe. Deve ser visto como mais um capítulo num programa de generosas gentilezas externas que inclui, como grande troféu, a abertura do pré-sal da Petrobras a grandes empresas estrangeiras.
Coerente com uma diplomacia de preservar de qualquer maneira a ordem vigente no Oriente Médio, endereço de reservas de petróleo vitais para sua economia e para o faturamento de uma parte de seus maiores gigantes econômicos, Washington transformou a luta contra o terrorismo de origem árabe na pedra de toque de sua ação internacional e dos chamados programas de cooperação.
Não custa lembrar que o principal reflexo, no Brasil, do atentado de 11 de setembro foi um reforço das investigações da CIA e outros órgãos do serviço secreto contra imigrantes palestinos na região da Tríplice Fronteira, com base em suspeitas que a própria embaixada dos EUA em Brasília considerava pouco mais do que risíveis.
Não por acaso, Washington não deixou de aplaudir, uma década e meia depois, a lei anti-terrorismo aprovada pelo Congresso, por iniciativa do governo Dilma.
Interessada em embelezar toda e qualquer medida do governo Temer que possa contribuir para a aprovação definitiva do impeachment pelo Senado, a mídia grande não perdeu a oportunidade de ressaltar a "colaboração" do serviço secreto dos EUA nas investigações. A historia diplomática dos dois países, marcada por longos períodos de adaptação e mesmo submissão do lado brasileiro, com raros mas reais momentos de independência e soberania, permite acreditar que seja muito mais do que isso.
Há outro ponto a observar.
É certo que, por sua própria natureza, as ações terroristas não obedeçam a uma lógica previsível nem racional. Não custa ponderar porém que seus alvos mais frequentes envolvem países e governos que tem uma postura agressiva nos conflitos do Oriente Médio, participando ativamente de operações de apoio em relação a diplomacia norte-americana. Os atentados de Madri e Londres ocorreram depois que os governos da Espanha e da Grã Bretanha se engajaram na invasão do Iraque. A França entrou no radar depois de patrocinar a queda de Kadhafi, na Líbia e realizar oções de guerra na Siria e no Iraque. Antes disso, costumava ser poupada depois que, ao lado da Alemanha e governo brasileiro, recusou apoio a Bush guerra do Iraque.
Diversos estudiosos consideram que até agora a postura diplomática do governo brasileiro, alinhado com a defesa intransigente da soberania de cada povo para escolher e definir seus governos, ajuda a entender porque o país tem sido preservado, até o momento, de ações dessa natureza.
Isso não representa garantia nenhuma, muito menos na conjuntura de um país que irá sediar uma Olimpíada. Mas mostra a necessidade de se evitar toda e qualquer medida fora do tom adequado.
O único suspeito real até agora é o ministro da Justiça Alexandre Moraes, que acabou corrigido pelo juiz do caso por dizer mais do que poderia.
"O desempenho do tucano Alexandre Moraes na luta fracassada do governo paulista contra o PCC parece ter-lhe subido à cabeça. O histriônico ministro agora quer usar suas fórmulas fracassadas para o enfrentamento de uma organização radical que vem desafiando – e até vencendo, algumas vezes – as grandes potências ocidentais: o dito “Estado Islâmico” (...)O governo Temer resolve promover um show de marketing usando aparato de segurança como a Polícia Federal, que tem se notabilizado por ações de cunho político contra inimigos políticos de grupos radicais de direita, ou seja, contra o Partido dos Trabalhadores e seu governo federal recém-deposto por um processo que, mundo afora, vem sendo chamado de golpe por grandes meios de comunicação estrangeiros, por governos, celebridades, intelectuais etc.".
Minority Report é um filme de ficção científica lançado em 2002, estrelado por Tom Cruise e dirigido por Steven Spielberg. O roteiro é baseado no conto com o mesmo nome de Philip K. Dick.
A trama ocorre em Washington no ano de 2054. Uma “divisão pré-crime” acaba com a criminalidade no mundo; a polícia usa pessoas paranormais, os precogs, para preverem o futuro, localizar e prender futuros culpados antes que cometam crimes.
A metáfora é perfeita para definir a trapalhada marqueteira de mais um ministro “exótico” de Michel Temer, o tucano Alexandre de Moraes, quem, em lugar de combater a organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), em São Paulo, quando foi secretário de Segurança, advogou para a facção.
O desempenho de Moraes na luta fracassada do governo paulista contra o PCC parece ter-lhe subido à cabeça. O histriônico ministro agora quer usar suas fórmulas fracassadas para o enfrentamento de uma organização radical que vem desafiando – e até vencendo, algumas vezes – as grandes potências ocidentais: o dito “Estado Islâmico”.
A organização é conhecida por “Estado Islâmico do Iraque e do Levante” (EIIL), ou “Estado Islâmico do Iraque e da Síria” (EIIS). É uma organização jihadista islamita que opera no Oriente Médio e que vem sendo combatida por grandes potências do Ocidente por razões controversas que não vêm ao caso neste texto, que não pretende julgar os conflitos no Oriente Médio, mas atos do governo brasileiro que podem envolver este país nesses conflitos.
Às vésperas das Olimpíadas, com as ações do Estado Islâmico se radicalizando mundo afora,
O Show
A duas semanas da Olimpíada, a Polícia Federal prendeu na quinta-feira (21) dez brasileiros ditos “suspeitos de simpatizar com grupos terroristas”.
As forças de segurança do governo federal vinham monitorando cem pessoas no país que, segundo o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, manifestam simpatia ao Estado Islâmico. Os dez presos compunham os 10% que mais despertaram atenção das forças de segurança. Eles ficarão presos por 30 dias, prorrogáveis por mais 30.
Esta foi a primeira ação anti-terror da PF depois da aprovação da lei que tipificou os crimes dessa natureza, mas que recebeu uma leitura totalmente descabida do governo Temer.
Pelo texto sancionado pela presidente afastada Dilma Rousseff, o terrorismo é tipificado como a prática, por uma ou mais pessoas, de atos de sabotagem, de violência ou potencialmente violentos “por razões de xenofobia, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião, quando cometidos com a finalidade de provocar terror social ou generalizado, expondo a perigo pessoa, patrimônio, a paz pública ou a incolumidade pública”.
Os suspeitos presos pela PF foram enquadrados nos artigos 3º e 5º.
> 3º — promover, constituir, integrar ou prestar auxílio, pessoalmente ou por interposta pessoa, a organização terrorista;
> 5º — Realizar atos preparatórios de terrorismo com o propósito inequívoco de consumar tal delito.
Ocorre que essas pessoas que foram presas não cometeram nenhum ato concreto que permitiria às autoridades enquadrarem-nas nos artigos da nova lei antiterrorismo, exigência feita ao Brasil para receber as Olimpíadas.
Não há um único registro de contatos diretos das pessoas presas com terroristas. Segundo a imprensa, um dos suspeitos teria chegado a entrar em contato com uma empresa de armas para comprar um fuzil AK-47, mas a compra nunca se concretizou e mesmo a tentativa de efetuar a transação nunca foi confirmada.
Aliás, vale perguntar: que tipo de terrorista é esse que compra armas por meios legais, no próprio nome? Um membro do grupo Estado Islâmico precisaria fazer tal transação para obter arma por um meio que seria tão fácil de rastrear?
Já os outros presos teriam “feito juramento de lealdade ao Estado Islâmico por meio de um site que oferece uma gravação do texto que deve ser repetido a quem deseja fazer parte do EI”. Mesmo se isso fosse verdade, porém, não há lei que proíba uma pessoa de simpatizar com o que quer que seja.
Invadir residências de cidadãos por crimes que eles possam vir a cometer tem tudo que ver com o filme hollywoodiano supracitado. E é muito ridículo.
A tal A Operação Hashtag, deflagrada na quinta-feira (21) pela Polícia Federal, deveria ser sigilosa. Mas recebeu grande publicidade no mundo inteiro. Seria extremamente simples surpreender essas pessoas e levá-las para depor sem alarde, mas o caráter marqueteiro da operação, com entrevista espalhafatosa do ministro da Justiça, é claro.
A inépcia é tanta que os envolvidos tiveram seus nomes divulgados:
Alisson Luan de Oliveira
Antonio Andrade dos Santos Junior
Daniel Freitas Baltazar
Hortencio Yoshitake
Israel Pedra Mesquita
Leandro França de Oliveira
Leonid El Kadre de Melo
Levi Ribeiro Fernandes de Jesus
Marco Mario Duarte
Mohamad Mounir Zakaria
Oziris Moris Lundi dos Santos Azevedo
Valdir Pereira da Rocha
Vitor Barbosa Magalhães
É desoladora a trapalhada do governo Temer. E preocupante.
Pelo seguinte: o EI é realmente uma organização que está promovendo um tipo de luta contra os excessos das grandes potências que comete crimes inomináveis sob o pretexto de combater o imperialismo. Porém, essas ações de grupos radicais islâmicos não são empreendidas aleatoriamente e contra quem não os incomoda.
A França, por exemplo, tem sido alvo de atos de terrorismo em retaliação a suas ações contra o EI no Oriente Médio. E todos sabemos que ações das grandes potências econômicas e militares no Oriente Médio cometem tantos abusos e crimes quanto os grupos radicais que praticam atos de terror em retaliação.
Que o diga o Wikileaks, que denunciou que em 12 de julho de 2007 um helicóptero Apache da Força Aérea dos Estados Unidos fazia o patrulhamento em Bagdá e a tripulação resolveu fazer uma “brincadeira de tiro ao alvo”, como se aquelas pessoas fossem reses para o abate.
Sete iraquianos desabaram mortos no chão, com os corpos perfurados de bala. O repórter Namir Noor Eldeen, da agência de notícias Routers, e seu motorista, Said Chmag, estavam no local fazendo uma matéria e foram atingidos pelos disparos.
Se o grupo radical Estado Islâmico não tinha razões para atacar o Brasil, após a ação destrambelhada do governo Temer passou a ter. Simpatizantes do grupo e do islamismo foram tratados de uma forma que pode estimular fanáticos a retaliarem o Brasil. A decisão do governo Temer comprou uma briga que não era nossa.
PS: se tivéssemos um governo com cérebro, ele exortaria o Estado Islâmico a não praticar atos contra o Brasil, pois não nos metemos nos conflitos no Oriente Médio.