domingo, 15 de dezembro de 2019

Moro-Guedes-Fundamentalistas de Bolsonaro: O Monstro de três cabeças, por Luiz Carlos Bresser-Pereira






Quem está destruindo o fundamentalismo de mercado e defendendo uma política desenvolvimentista de intervenção moderada do Estado na economia não são os partidos de esquerda
Por Luiz Carlos Bresser-Pereira
Monstro de três cabeças
Ontem a vitória do Partido Conservador no Reino Unido marcou mais um capítulo da crise do neoliberalismo e do seu projeto de globalização. Como foi o caso da eleição de Trump em 2016 e o referendo do Brexit no mesmo ano, o vitorioso foi o nacionalismo conservador.
A esquerda em todo mundo vem fazendo a crítica do neoliberalismo desde os anos 1980, mas afinal quem está destruindo o fundamentalismo de mercado e defendendo uma política desenvolvimentista de intervenção moderada do Estado na economia não são os partidos de esquerda, mas os partidos conservadores nos dois países onde, em 1980, a “virada neoliberal” – a transição da social-democracia desenvolvimentista para o neoliberalismo – foi mais marcante.
O projeto da globalização dos Estados Unidos fracassou porque o grande vitorioso da liberalização comercial foi a China; o neoliberalismo fracassou no plano econômico por essa mesma razão e fracassou no plano político, porque os trabalhadores brancos ou a baixa classe média nos Estados Unidos e no Reino Unido foram objetivamente prejudicados pela liberalização comercial.
Enquanto isso o Brasil mergulha no neoliberalismo com Bolsonaro e o ministro Paulo Guedes. Mas, como analisou muito bem hoje Fernando Haddad, esse governo não é apenas neoliberal, é também autoritário, com o ministro Sérgio Moro e fundamentalista, com a ministra Damares Alves. Haddad denominou-o “geringonça”, mas eu prefiro denominá-lo um monstro de três cabeças.

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