quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

A "Queda": a má fé e/ou incapacidade de alguns e da grande mídia de ler e interpretar em outra língua?


Ao contrário de 99% dos meus amigos que compartilharam a capa da revista “The Economist”, eu abri a dita e fui ler a matéria intitulada “A queda do Brasil”. O resumo da história é um tanto diferente do que eles pensam ou do que a "grande mídia" tenta passar...

A "Queda"



Por Fábio Silva, no blog Democracia e Conjuntura

Ao contrário de 99% dos meus amigos que compartilharam a capa da revista “The Economist”, eu abri a dita e fui ler a matéria intitulada “A queda do Brasil”. O resumo da história é:

1) A revista diz que a crise brasileira se deve ao fim do boom das commodities somado ao aumento de gastos públicos. Portanto, reconhece haver tanto fatores externos quanto internos;

2) A revista, seguindo sua linha liberal assumida, diz que o Brasil só vai sair da crise se conseguir fazer reformas na previdência e na legislação trabalhista – exatamente o que 90% da população discorda;

3) A revista aposta que Nelson Barbosa terá melhores condições de fazer essas mudanças, mas não toma como um dado que elas possam acontecer por vários motivos. Um deles é a “falta de apetite do PT por austeridade”. Mas outro é a estrutura do sistema político, que inclui “fragmentação” e “mercenários políticos” eleitos com campanhas “ruinosamente caras”, que, na visão da revista, são a razão de ser da corrupção verificada na Petrobras;

4) A revista também critica a oposição por sua opção “misguided” pelo impeachment. “Misguided”, segundo o dicionário Merriam Webster, significa “resultado de motivos ou ideais errados ou inapropriados”;

5) A revista diz que a maior realização do Brasil foi retirar “dezenas de milhões da pobreza”, embora também diga que isto pode ser “freado ou talvez começar a ser revertido” se a crise persistir;

6) Ao mesmo tempo, a revista diz que o padrão de endividamento do Brasil não levará a quebras ou calotes, quando muito a um inchaço da dívida;

Diante de tudo isto, eu diria que, em aspectos FACTUAIS, a “The Economist” acerta muito mais que a mídia brasileira e está anos luz à frente daqueles que compartilham as suas análises sem lê-las.

Já na avaliação POLÍTICA, desenvolvo a sugestão que iniciei acima: o que o Brasil pediu nas eleições foi outra solução que não a dos ajustes de corte liberal. Estes não serão bem vindos com Dilma, com Temer em cenário de “misguided” impeachment, ou com Aécio no tapetão do TSE.

A tarefa histórica para o Brasil é encontrar um modelo que responda aos anseios de seu povo, não os da “The Economist”. Talvez por isto estejamos vendo, ao menos no âmbito doméstico, um escandaloso divórcio entre liberalismo e democracia

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