sábado, 16 de setembro de 2017

O céu no chão das elites ou o inferno da Casa Grande na Terra?



stuquinha
As fotos de Sebastião Salgado sobre o formigueiro humano de Serra Pelada, nos anos 80, talvez sejam, na história contemporânea do Brasil, o maior contraste entre a riqueza do Brasil das toneladas de ouro que havia ali e a pobreza dos brasileiros que escalavam os barrancos lamacentos carregando sacos de terra.
Hoje, sem que seja mostrada uma única figura humana, o fotógrafo Ricardo Suckert consegue um efeito semelhante ao que nos deu o maior mestre da fotografia brasileira.
Na geometria desesperada dos plásticos que cobrem os “lares” de 6,5 mil ocupantes de um terreno  particular de 80 mil metros quadrados em São Bernardo do Campo, se desenha a representação, como em Salgado, entre pobreza e riqueza, 40 anos depois e muito, muito mais perto do Brasil que se considera cosmopolita.
A ocupação Povo Sem Medo, como a batizou o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto,  risca o esboço de um país  que pode escolher, ainda, se será uma pintura ou um borrão.
E se esta terra, como cantou o Paulinho da Viola , mais parece o céu no chão ou o inferno na Terra.
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