quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Fernando Brito: O zumbi Janot e a peste dos seus últimos dias



" (...) os áudios mostram que a delação de ambos - Joesley Batista e Ricardo Saud - se deu, no mínimo, num ambiente de promiscuidade com a Procuradoria Geral da República. “Põe pressão, mas não mexe com eles”,  dizem as gravações, era a orientação que o próprio Rodrigo Janot daria ao seu braço direito, o procurador Marcelo Miller,  nas negociações com a dupla imunda. “Não mexe com eles” é perfeita definição, afinal, do acordo que se celebrou com a JBS, à qual (e a seus dirigentes)  se garantiu total impunidade." - Fernando Brito

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Artigo de Fernando Brito, no Tijolaço:

Rodrigo Janot, se este país vivesse uma situação de normalidade, teria se afastado, na segunda-feira, do cargo de Procurador Geral da República.
A afirmação é forte? Acreditem que não, e o explico, com fatos patentes, indesmentíveis.
Vejam, os áudios que vieram à tona ontem têm dois aspectos chocantes.
O primeiro, o grau de abjeção que Joesley Batista e seu capanga Ricardo Saud atingem ao longo de todos os trechos da conversa, onde passeiam pela reputação alheia com duas únicas balizas: dinheiro e sexo.
Nas suas contas, todos são “compráveis” e/ou “comíveis”, se me perdoam a grosseria anos-luz aquém das manifestações cafajestes de ambos.
Tudo isto, porém, pouco influiria caso se tratasse de uma imundície apartada da ação judicial, simples retratos de uma elite econômica, prestigiada nos salões desde que os valores que os dois professam passaram a ser os valores de toda ela e, afinal, o caminho para a “celebridade”, num mundo azul onde dinheiro e sucesso fátuo se retroalimentam. Um é reflexo do outro e vice-versa.
Nas os áudios mostram que a delação de ambos se deu, no mínimo, num ambiente de promiscuidade com a Procuradoria Geral da República.
“Põe pressão, mas não mexe com eles”,  dizem as gravações, era a orientação que o próprio Rodrigo Janot daria ao seu braço direito, o procurador Marcelo Miller,  nas negociações com a dupla imunda.
“Não mexe com eles” é perfeita definição, afinal, do acordo que se celebrou com a JBS, à qual (e a seus dirigentes)  se garantiu total impunidade.
Pode ser que a intenção não fosse escusa, mas o fato é que o resultado da “pressão” foi, realmente este: não se mexeu “com eles”, que flanam livres e ainda se dão ao luxo de, diante dos áudios revelados, de divulgar nota “oficial” alegando que “o que nós falamos não é verdade” e pedir “as mais sinceras desculpas por este ato desrespeitoso e vergonhoso”.
Ontem, em lugar de pedir a abertura de inquérito – policial e administrativo – contra o procurador que deixou o gabinete de Janot para se integrar à banca de advocacia remunerada pela JBS, o que faz Janot, já desprovido de qualquer senso de vergonha?
Apressa o oferecimento de denúncia contra aqueles que, bem o sabem, ao menos ocuparão parte das primeiras páginas de jornal, bem ao gosto da mídia: Lula e Dilma.
Não se trata, como é evidente, de assunto momentoso, diz-se que é resultado de uma longa investigação, portanto, nada custaria esperar dia ou dois, ou a passagem do feriado, para não misturar as estações e ser, ao menos na preocupação de parecer isento, seguir os conselhos da mulher de César.
Fez o contrário, porque quer tirar de sobre si a pressão, certo de que, com a oferta das cabeças dos ex-presidentes, “não vão mexer com ele”.
Rodrigo Janot é um homem, a esta altura, completamente  desacreditado e contaminará com este descrédito todas as ações que a Procuradoria propuser. Em troca de mais alguns dias e de uma imagem que não reconstruirá, enlameia – enlameado que está – bambus em que toque e flechas que dispare.
Janot, infelizmente, tornou-se a vergonha do Brasil.

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