quinta-feira, 14 de setembro de 2017

A (de)meritocracia, por Fernando Brito


demeritocracia
Se você pensa, algum dia, entrar no serviço público – a menos que seja na invulnerável posição de promotor ou juiz – leia o bom conselho que dá, hoje, no Facebook, meu professor veterano deste combate, o professor Nílson Lage.
Amigo,
Jamais aceite cargo de gestão ou responsabilidade no serviço público.
Você poderá ser denunciado. 
Como policiais, procuradores e juízes estão empenhados em uma cruzada ensandecida, poderá ser preso “por ordem judicial”, desmoralizado, submetido a tratamento vil pela imprensa mais alienada do universo.
Se, e quando, enfim, provar sua inocência, após meses e anos de sofrimento, despesas, tempo perdido, vida desviada, não poderá acusar ninguém, reparar sua imagem com um processo de calúnia, injúria, difamação ou coisa parecida.
Os cretinos vão gargalhar na sua cara e, se houver um jornalista amigo que se apiede de você, sairá, talvez, um texto-legenda com sua cara, dizendo que você é um sujeito bacana; poderá fotografar e distribuir pelo what’s up.
Mas não pense que isso é só um prejuízo pessoal, de quem se aventura a isso, porque serviço público é forma de servir à população. E quando ele é desmoralizado e amedronta as pessoas de bem, o espaço fica aberto para os que vão apenas fazer negócios privados com os negócios públicos.
Os que se dizem “gestores” puros, saídos (ou nem tanto) dos seus muito mais lucrativos assuntos privados, para serem “eficientes” no setor público estão de faca na mão, dispostos a cortar para si um belo naco da vaquinha do Estado.
Uns, nos negócios, outros, nos privilégios. Estes, justamente o que mais nos arrotam moralidade.

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