segunda-feira, 30 de julho de 2018

Senador norte-americano Bernie Sanders assina carta em que se critica o julgamento político-morista de Lula e o assassinato de Marielle



Da Folha:

Estelita Hass Carazzai

Washington

Um grupo de 29 congressistas americanos, incluindo o senador Bernie Sanders, que foi pré-candidato à presidência dos Estados Unidos em 2016, vai enviar nesta quinta-feira (26) ao governo brasileiro uma carta em que denuncia a "intensificação do ataque à democracia e aos direitos humanos no Brasil" e pede providências.

O documento, ao qual a Folha teve acesso, dá destaque à prisão do ex-presidente Lula, em função do que afirma serem “acusações não comprovadas” em um julgamento “altamente questionável e politizado”, e à morte da vereadora e ativista Marielle Franco, no Rio de Janeiro.



Bernie Sanders - AP Photo/Jose Luis Magana
Para o grupo, os dois fatos demonstram uma vigente “ameaça à democracia no Brasil”, segundo afirmou à Folha o deputado Mark Pocan, democrata de Wisconsin e líder da iniciativa.
"Acredito que é importante, como membro do Congresso, me manter engajado em temas da democracia e dos direitos humanos nas Américas”, afirmou Pocan. Ele disse ter acompanhado o desenvolvimento da democracia brasileira nos últimos anos e afirmou estar muito preocupado com os últimos desdobramentos.
Na carta, Lula é chamado de “o principal candidato presidencial” para as eleições de outubro. Os deputados pedem que ele responda ao processo em liberdade, e afirmam que "a luta contra a corrupção não deve ser usada para justificar a perseguição de opositores políticos ou negar-lhes o direito de participar livremente das eleições".
Quanto a Marielle, a carta pede uma investigação internacional independente sobre seu assassinato. "Evidências críveis sugerem que membros das forças de segurança do Estado podem estar implicados no crime”, afirmam os congressistas. A investigação sobre sua morte ainda não apontou suspeitos.
O documento, capitaneado pela bancada progressista do Congresso americano, formado por 535 membros no total, ainda chama o governo do presidente Michel Temer (MDB) de "extrema direita", e critica o corte de gastos da gestão e a mudança das leis trabalhistas.
O grupo também organizou uma manifestação em janeiro deste ano, que já criticava o julgamento de Lula.
A carta será endereçada ao embaixador do Brasil em Washington, Sergio Amaral.
Em janeiro, Amaral afirmou, em resposta a uma missiva semelhante, que o processo contra Lula correu "em estrito cumprimento à lei".

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