sábado, 15 de junho de 2019

Diante de novos vazamentos, Moro agora diz que mensagens não existem


Ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro| Foto: Sergio Lima/AFP
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, divulgou nota neste sábado (15) negando a autenticidade de diálogos publicados na sexta-feira (14) pelo site The Intercept Brasil. Segundo a publicação, Moro, ainda como juiz, teria conversado com o então procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, membro da força-tarefa da Lava Jato, e dado sugestões para a elaboração de uma nota em resposta a manifestações da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“O Ministro da Justiça e Segurança Pública não reconhece a autenticidade e não comentará supostas mensagens de autoridades públicas colhidas por meio de invasão criminosa de hackers e que podem ter sido adulteradas e editadas. Reitera-se a necessidade de que o suposto material, obtido de maneira criminosa, seja apresentado a autoridade independente para que sua integridade seja certificada”, diz a nota enviada pelo Ministério.
Já o então procurador Santos Lima chamou as informações da reportagem do The Intercept Brasil de “nova rodada de mentiras” em seu Facebook. “Desconheço completamente as mensagens citadas, supostamente obtidas por meio reconhecidamente criminoso, acreditando singular que o ‘órgão jornalístico’ volte-se agora contra mim, aparentemente incomodada pelas críticas que tenho feito ao péssimo exemplo de ‘jornalismo’ que produz.”
Ele também cobrou que o site dê explicações sobre a origem das mensagens. “Além disso, creio que o ‘órgão jornalístico’ deve uma explicação de como teve acesso a esse material de origem criminosa, e quais foram as medidas que tomou para ter certeza de sua veracidade, integridade e ausência de manipulação. Gostaria de saber também se foram entregues os meios eletrônicos pelos quais esse material foi recebido para perícia pela PF [Polícia Federal], tanto para verificar possíveis manipulações, quanto para identificar a origem do crime. Lembro, por fim, que a liberdade de imprensa não cobre qualquer participação de jornalistas no crime de violação de sigilo de comunicações.”
Os supostos diálogos entre Moro e Santos Lima teriam ocorrido em maio de 2017, quando Lula prestou seu primeiro depoimento a Moro, em Curitiba. Segundo o The Intercept Brasil, Moro teria sugerido aos procuradores a elaboração de uma nota à imprensa em que fossem mostradas as contradições de Lula durante o depoimento e também dito que “a Defesa [de Lula] já fez o showzinho dela”.
A reportagem também menciona uma suposta conversa que teria havido entre Moro e o procurador Deltan Dallagnol, em que este elogia a conduta do então juiz durante a audiência com Lula. “Caro parabéns por ter mantido controle da audiência de modo sereno e respeitoso. Estamos avaliando eventual manifestação”, teria afirmado Dallagnol.
O The Intercept Brasil iniciou uma série de reportagens baseadas em supostos diálogos entre Moro, Dallagnol, Santos Lima e outros membros da Lava Jato no último domingo (8). A publicação, dirigida pelo jornalista Glenn Greenwald, não releva a fonte das mensagens, que foram trocadas pelos agentes públicos no aplicativo Telegram.”
Da Gazeta do Povo, republicado no Blog da Cidadania.


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