terça-feira, 30 de julho de 2019

Bolsonaro propaga crime da ditadura militar, por Gilberto Maringoni




Bolsonaro elogia a barbárie e encontra diante de si meios de comunicação condescendentes e um público simpático à sua pregação.


Do Jornal GGN:


Reprodução G1

Bolsonaro propaga crime da ditadura

por Gilberto Maringoni

Nesta segunda (29) pela manhã, Jair Bolsonaro exaltou o assassinato de um opositor da ditadura militar. É algo inédito em termos mundiais para um chefe de Estado. Talvez apenas o hidrófobo Rodrigo Duterte, das Filipinas, seja capaz de semelhante façanha..
Em público, Adolf Hitler jamais defendeu campos de extermínio. O mesmo pode ser dito sobre Augusto Pinochet em relação à tortura.
Mas Bolsonaro elogia a barbárie e encontra diante de si meios de comunicação condescendentes e um público simpático à sua pregação.
Esse é o resultado do fato de nenhum governo, a partir de 1985, ter buscado fazer um real acerto de contas com os crimes da ditadura.
Tivemos três iniciativas, muito positivas, mas insuficientes:
1. Em 1995, Fernando Henrique Cardoso (PSDB) sancionou a Lei dos Desaparecidos, reconhecendo como mortos 136 desaparecidos políticos. Pela primeira vez, o Estado brasileiro assumiu a responsabilidade violações de direitos humanos cometidas durante a ditadura. Através da lei, uma série de reparações foram pagas às vítimas das violências e/ou suas famílias;.
2. Em 2009, José Serra (PSDB-SP) criou o Museu da Resistência, na sede do antigo DOPS, em São Paulo, como forma de se perpetuar a memória das brutalidades cometidas entre 1964-85;
3. Em 2011, Dilma Rousseff concretizou a Comissão Nacional da Verdade, que examinou violações de direitos humanos acontecidas entre 1946-88. Foi iniciativa importante, que de disseminou por vários estados, mas não gerou processos judiciais significativos.
Na contramão de tais gestos, em 2010, o governo Lula, através do advogado-geral da União, Dias Tófolli, defendeu arquivamento de ação proposta pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Esta questionava a abrangência da Lei da Anistia (1979) para casos de tortura e crimes comuns, cometidos por civis e agentes do Estado durante a ditadura militar. Por 7 votos a 2, o governo foi vitorioso.
Ao não ter feito uma campanha popular de identificação dos criminosos dos porões – como na Argentina, no Uruguais e do Chile – a porta ficou escancarada para que tipos como Bolsonaro ganhassem força social na defesa dos anos de chumbo.
Em política, não existe raio em céu azul.

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