terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Chile faz história e derrota a fascista onda de ultra direita conservadora (o bolsonarismo de lá) nas eleições presidenciais. Leia o artigo de Partícia Faermann

 Há dois anos, o país mostrava nas ruas o fracasso do modelo neoliberal , mas ainda assim altamente influenciado pela corrente ultra-conservadora que dominou outros Estados do continente – Estados Unidos, Brasil, Honduras, Paraguai, entre outros. Mesmo em meio a uma grande incerteza na expectativa de um resultado apertado, no dia de hoje, o Chile escolheu derrotar a maré azul da região.

Foto: Patricia Faermann/Outubro de 2019

Jornal GGN – O Chile decidiu hoje mudar a sua história em uma eleição histórica . O herdeiro dos protestos de 2019 que transformaram o país, Gabriel Boric (Apruebo Dignidad), ex-líder estudantil e deputado da esquerda derrotou o nome da ultra-direita José Antonio Kast (Partido Republicano, da Frente Social Cristã), apelidado no país como o “Bolsonaro chileno”.

Com quase 30% das urnas contabilizadas às 19h, Boric garantia a vitória com a maioria de 54,12% dos eleitores e a campanha do ultra-direita, com 45,88%, já admitia ser um resultado irreversível. Ao final da contagem de votos, a diferença foi superior a 10 pontos percentuais: 55,87% contra 44,13%, consolidando a maioria.

Seguindo a tradição de passagem de mando, em chamada do presidente atual Sebastián Piñera ao eleito, Gabriel Boric, o mandatário atual felicitou a vitória, enfatizou a “honra” e “responsabilidade” de assumir a Presidência, recomendando a Boric equilibrar a “efervecência” política com “prudência e experiência”. De forma educada, o vencedor agradeceu, afirmou que iria governar “para todos os chilenos”, os que votaram nele, os que votaram em Kast e também os que não votaram. Ao final, deixou um recado a Piñera: “espero que façamos melhor”.

“Vou ser o presidente de todos as chilenas e chilenos, vou buscar interpretar todo o Chile. Mas lembrando que os acordos tem que ser com as pessoas, não entre quatro paredes. Que viva as instituições republicanas”, acrescentou Gabriel Boric.

Há dois anos, o país mostrava nas ruas o fracasso do modelo neoliberal (relembre a cobertura do GGN aqui), mas ainda assim altamente influenciado pela corrente ultra-conservadora que dominou outros Estados do continente – Estados Unidos, Brasil, Honduras, Paraguai, entre outros. Mesmo em meio a uma grande incerteza na expectativa de um resultado apertado, no dia de hoje, o Chile escolheu derrotar a maré azul da região.

Com recorde de participação eleitoral, mais de 8 milhões de pessoas foram às urnas neste domingo (19) para decidir quem comandará os próximos relevantes 4 anos da nação. Relevantes porque é neste período que o mesmo país que há dois anos lutava, com perdas de vidas, graves feridos, cegueiras propositadas e violações que relembraram os tempos sombrios da ditadura de Pinochet (1973-1990), hoje está em plena construção de uma nova Constituição.

O objetivo é derrubar aquela herdada do período ditadorial e que instalou, junto com as consecutivas repressões contra a população, um novo modelo econômico a ser seguido, o neoliberalismo, inédito à época até mesmo para o país criador da corrente – os EUA. Mais de 40 anos se passaram e o modelo se demonstrou um fracasso, levando a um colapso social.

Neste ano, em uma campanha que muito se assemelhou à de 2018 do Brasil, a ala da extrema direita usou como principais armas a Fake News, a disseminação do discurso de ódio e a propagação do medo no que supostamente significaria um governo “comunista”, como assim insistentemente tratavam os defensores e o próprio candidato José Antonio Kast.

Conforme o GGN revelou, o candidato da esquerda aparecia como o favorito das pesquisas eleitorais, mas com uma pequena diferença, de somente 3 pontos percentuais (39% das intenções de voto davam vitória a Boric contra 36% do candidato da extrema direita), e uma representativa parte dos eleitores que ainda não haviam se decidido ou que não votariam.

Assim, no país em que as eleições não são obrigatórias e com uma disputa acirrada, ambos os candidatos concentraram os esforços nesta última semana para garantir a diferença no “voto a voto”.


Nenhum comentário:

Postar um comentário