sexta-feira, 10 de abril de 2020

Coronavírus: o sistema operacional que roda em Brasília e a reengenharia social para manter a direita no poder. Por Ferreira



 "Atores que se promovem mutuamente, enquanto o Sistema Operacional, oculto pela criptografia roda a sua agenda secreta da Operação Pandemia global: com recursos públicos injetar liquidez no cassino financeiro dos bancos e bolsas, reciclar figuras da extrema-direita para um futuro cenário pós-polarização, com Bolsonaro impedido e PT com registro cassado e... monitorar celulares dentro de uma nova reengenharia social." 


Coronavírus: o sistema operacional que roda em Brasília e a reengenharia social

por Wilson Ferreira

no Cinegnose
O leitor deste Cinegnose deve lembrar do filme “Ela” (Her, 2013) no qual um homem triste e solitário se apaixona pela voz de uma Inteligência Artificial, sem prestar atenção no sistema operacional que roda por trás da interface da tela. A situação desse protagonista é análoga ao atual cenário político e opinião pública sequestrados pela sofisticada guerra criptografada que pula na interface como ícones em uma tela: Bolsonaro X Mandetta, Negacionistas X Ciência, Weintraub X China, Bonsonaro X General Braga Neto, Bolsonaro X governadores, e assim “ad infinitum” numa espiral de simulações de polarização. De repente, por contraste, Mandetta, Doria e Witzel surgem como faróis da Razão e da Ciência. Quando, há não muito tempo, desmontavam o SUS, atiravam em “cabecinhas” e mandavam a polícia atirar em bailes funks. Todos hipnotizados por uma interface criptografada, enquanto por trás roda um sistema operacional (SO) com atores em piloto automático, criando dissonâncias, conflitos e “golpes brancos” para excitar o distinto público. Atores que se promovem mutuamente, enquanto o SO, oculto pela criptografia roda a sua agenda secreta da Operação Pandemia global: com recursos públicos injetar liquidez no cassino financeiro, reciclar figuras da extrema-direita para um futuro cenário pós-polarização, com Bolsonaro impedido e PT com registro cassado e… monitorar celulares dentro de uma nova reengenharia social. 
Perdidas na noite do tempo, estão algumas lembranças das eleições presidenciais de 1989. Entre elas a do candidato do PSDB, Mário Covas.
Às vésperas do segundo turno, Brizola fez uma proposta ousada para Lula: os dois abririam mão das suas candidaturas para Covas disputar com Collor o segundo turno pois teria maior chance de derrota-lo. Ao contrário dos dois, Covas agregaria mais votos, pois não disputaria um duelo de “rejeições”.
Mas os analistas da grande mídia não pensavam assim. Por exemplo: para a Folha de São Paulo, ao contrário, Covas era o mais fraco pois sua estratégia (e personalidade) era incapaz de “produzir acontecimentos”, logo, notícias que pudessem ser repercutidas pelas mídias. Uma opinião “midiacêntrica” própria da Folha, numa época em que vivia o auge da sua modernização editorial chamada “Projeto Folha”, e se via como o centro do mundo.
Passaram para o segundo turno Lula e Collor… e o resto da história, todo mundo sabe.
Onze anos depois, pareceu que Mário Covas tinha aprendido essa lição. Cercado no prédio da Secretaria da Educação no Centro de SP, por uma massa de professores e manifestantes, o então Governador Mário Covas não quis saber: forçou a saída do prédio num rompante, para ser agredido e ficar com um galo na cabeça, sujo de terra e a boca sangrando… ganhou as lentes das câmeras e criou um desgaste importante na imagem do movimento do professorado.
O acontecimento rendeu uma repercussão midiática ainda maior quando se lembrou que Covas vinha de uma recente cirurgia para retirar um tumor cancerígeno…
Hoje, todo o espectro político está refém não de uma simples estratégia de criação de factoides ou pseudoeventos para conseguir repercussão nas páginas e telas da imprensa.
Mas de uma sofisticada estratégia de guerra criptografada com múltiplas camadas, tornando o cenário político atual cada vez mais opaco e, por isso mesmo, hipnotizante. Principalmente para as classes médias, confinadas diante das telas da TV e celulares, acompanhando tudo como uma partida de ping-pong em plena crise da pandemia do coronavírus.
Reis do Ringue…

“Telecatch”

A oposição pede e protocola o impeachment de Bolsonaro. Ato contínuo, o Ministério Público dá parecer favorável a processo que pede cassação do registro do PT … Presidente discute com os governadores Doria e Witzel… Bolsonaro quer queimar o ministro da saúde Mandetta. Mais do que isso! Está tramando sua demissão: Ciúme? Cálculo político? Já está pensando em 2022?
Quando mais o isolamento social se estende e as pessoas estão hipnotizadas nas suas telas, mais se estende o “telecatch” (a ramificação de diversos conflitos artificiais para entreter o respeitável público afastado dos seus trabalhos e presos nas suas residências – conceito deliciosamente irônico do blog “Duplo Expresso”): negacionistas versus cientistas, presidente versus Ciência, Militares versus Mandetta contra Bolsonaro, o “Rasputin” Olavo de Carvalho latindo e fazendo trocadilhos de baixo calão com o sobrenome “Mandetta” …
Então, não mais que de repente, entra o ministro da Educação Weintraub, através das indefectíveis redes sociais, atacando politica e racialmente a China que, por sua vez, exige uma resposta do presidente… de uma hora para outra surgem rumores de um suposto “golpe branco” no qual o general ocupando a Casa Civil assumiria o controle operacional, enquanto Bolsonaro viraria a “rainha louca da Inglaterra”.
Tudo parece rodar como em piloto automático, como um sistema operacional (SO) em um computador: invisível ao usuário, que apenas presta atenção nos ícones da interface.
É o SO da guerra criptografada que visa não apenas produzir acontecimentos (pecado midiático capital de Mário Covas na corrida eleitoral de 1989), mas aplicar uma tática de ocupação da pauta através de uma avalanche de informações dissonantes, contradições, decisões que voltam para trás, desmentidos, ilações ou simplesmente mentiras.
Bolsonaro vai demitir Mandetta na reunião tensa de segunda-feira? Mas o general Braga Neto não havia dado o “golpe branco” e já era o presidente em exercício? Não diziam que era “o homem certo no lugar certo? Funcionários do Ministério da Saúde saem do prédio para manifestarem apoio ao ministro demissionário… e a grande mídia descreve em tons dramáticos: “gavetas estão sendo esvaziadas…”.
E nada acontece. Tudo volta na mesma com Henrique Mandetta e seus assistentes voltando às suas descrições de slides com números e gráficos de contaminados e mortos com sérias suspeitas de estarem subnotificados.
Show de telecatch para o respeitável público

O Sistema Operacional de Brasília

Esse SO que está rodando em Brasília conta com seus atores funcionando no piloto automático: Weintraub posta bravatas para agradar o mainstream da extrema-direita; os governadores juram não ser negacionistas e figuram como fãs da OMS desde criancinhas pensando em serem candidatos por contraste em 2020; Mandetta posa de médico do “paciente Brasil” mesmo depois de ter detonado o programa Mais Médicos e dinamitado o SUS – e só por fina ironia, posa com coletes do SUS nas coletivas de imprensa; e Bolsonaro achando que tudo é pessoal… contra ele. E a grande mídia e a oposição hipnotizadas pela performance desses atores zumbis.
Porém, em última instância, é um SO criptografado que está conectado em tempo real com a verdadeira função da pandemia COVID-19: violenta concentração de riqueza mediante a drenagem do dinheiro público pelos sistemas financeiros – o colapso financeiro causado pelas ganâncias especulativas precisa da mão invisível da liquidez injetada pelo Estado.
Como somos completamente dependentes dos bancos privados para o sistema digital de dinheiro e pagamentos, essa dependência pública dá plenos poderes do sistema financeiro sobre os governos.
Como este Cinegnose vem insistindo, o COVID-19 legitima um crash em slow motion, justificando o papel higiênico do dinheiro público para limpar o estrago especulativo da ganância do “livre mercado” que só aumentou desde a crise de 2008 – clique aqui.

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