segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Sob gritos de "Fora Cunha!", aula pública debateu a agenda dos golpistas, na Praça da Redenção do Parque Farroupilha, em Porto Alegre


Sob gritos de ‘fora Cunha’, aula pública debate ‘agenda dos golpistas’ na Redenção

05/12/2015 - PORTO ALEGRE, RS - Ato em defesa da democracia, com Jorge Furtado e Miguel Rosseto, no parque da Redenção. Foto: Guilherme Santos/Sul21
Público se reuniu próximo aos arcos da Redenção para acompanhar aula pública sobre o processo de impeachment da presidente Dilma neste sábado | Foto: Guilherme Santos/Sul21
Luís Eduardo Gomes no Sul 21
O Parque Farroupilha (Redenção) foi palco, na tarde de sábado (5), da aula pública “Defesa da Democracia – Qual a Agenda dos Golpistas” sobre o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Liderado pelo ministro do Trabalho e da Previdência Social, Miguel Rossetto, e pelo cineasta Jorge Furtado, o evento contou com falas de diversos representantes de movimentos sociais e parlamentares municipais, estaduais e federais do Partido dos Trabalhadores e teve como um dos principais temas o protesto contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), que autorizou a abertura do processo na última quarta-feira (2).
A aula pública começou por volta das 16h45, com um ato do Bloco da Diversidade tocando a música Vale Tudo, de Tim Maia, mudando os versos para “vale dançar homem com homem, também mulher com mulher” e “só não vale golpe”. Na sequência, contou com a fala do cineasta Jorge Furtado.
“Eu vivi metade da minha vida em uma ditadura e a outra metade em uma democracia. Garanto aos jovens que a democracia é muito melhor”, disse Furtado ao iniciar sua fala, em que explicou os motivos pelos quais considera o processo de impeachment um golpe à democracia.
“A gente está vivendo um processo muito grave no Brasil, onde sem acusação formal nenhuma de delito, de malfeito, um bando de gente, esta sim acusada de muitos malfeitos, está querendo se livrar, tirando a presidente com um processo muito falho”, afirmou.
O cineasta disse que nunca foi filiado a nenhum partido, mas que votou em diversas oportunidades em candidatos do PT. Ele reconheceu um certo sentimento de frustração em relação a alianças formadas em nome da governabilidade, mas saudou a decisão da legenda de votar pela cassação de Eduardo Cunha.
“Eu acho que o PT cometeu erros, e um desses erros foi se aliar com canalhas”, disse. “No momento que o PT decidiu ‘nós não vamos livrar a cara do Eduardo Cunha’, só por isso que eu estou aqui”, complementou.
Rossetto salientou que eventos como a aula pública deste sábado são importantes para ampliar o debate, ouvir a população e criar um ambiente de resistência democrática. “O que está em debate é o combate a um golpe contra a soberania popular”, disse o ministro. “É um golpe porque não tem base legal. Não há nenhum fundamento que justifique essa iniciativa”.
O ministro também elencou o que considera ser os três motivos que a oposição está utilizando para tentar conseguir o impeachment da presidente e disse que nenhum deles justifica um processo de impedimento.
“Em relação à Petrobras, são centenas e centenas de horas envolvendo delações premiadas, depoimentos, não há nenhuma citação que envolva a presidente Dilma Rousseff”, disse o ministro. “Em relação às contas de 2014, mesmo que nós não concordemos com a opinião do TCU – não há pedalada e nós vamos demonstrar isso no Congresso Nacional -, mesmo o TCU apontou 17 autoridades como responsáveis pelo que ele chama de pedaladas, não há citação da presidente Dilma. Sobre 2015, é um absurdo. Não encerramos 2015 e as contas serão analisadas a partir de 31 de dezembro”.
05/12/2015 - PORTO ALEGRE, RS - Ato em defesa da democracia, com Jorge Furtado e Miguel Rosseto, no parque da Redenção. Foto: Guilherme Santos/Sul21
Jorge Furtado (esq.) e Miguel Rossetto foram os idealizadores da aula pública | Foto: Guilherme Santos/Sul21
Defesa da democracia
Entre as falas de Furtado e Rossetto e cantos, como “Não vai ter golpe, vai ter luta” e “ai, ai, ai, ai, a Dilma Fica, o Cunha sai”, o microfone foi aberto para representantes de centrais sindicais, coletivos feministas, movimentos jovens e políticos. Em diversas intervenções, pode ser ouvida a consideração de que o ato não se tratava especificamente de uma defesa do governo Dilma, mas sim da democracia.
“Não se trata da defesa do governo, se trata da luta pela democracia”, disse Igor Pereira, representante da CTB-RS. “Precisamos iniciar uma nova campanha da legalidade”, acrescentou, fazendo referência ao movimento liderado pelo então governador do Rio Grande do Sul Leonel Brizola, em 1961, em defesa da posse de João Goulart como presidente.
Thiago Braga, do Bloco da Diversidade, lembrou que, apesar do apoio à Dilma contra a cassação, muitos movimentos sociais querem que ela retome as promessas da campanha de 2014 e dê uma guinada mais à esquerda a partir desse processo.
O ex-prefeito e ex-deputado Raul Pont, também salientou que “esse não é o governo que queremos” e, antes de passar a palavra para que Rossetto encerrasse a aula pública, pediu que ele levasse à presidente o desejo popular de aprofundamento da democracia e dos avanços sociais.
05/12/2015 - PORTO ALEGRE, RS - Ato em defesa da democracia, com Jorge Furtado e Miguel Rosseto, no parque da Redenção. Foto: Guilherme Santos/Sul21
Público levou cartazes de apoio a presidente | Foto: Guilherme Santos/Sul21
O alvo Cunha
Depois da presidente Dilma, o nome mais citado no ato certamente foi o do presidente da Câmara dos Deputados. Grande parte das manifestações terminou com um “Fora Cunha” como palavra de ordem, bordão que também se repetia em faixas, cartazes e camisetas dos participantes do evento.
“Será que alguém acredita que a decisão do Eduardo Cunha foi técnica a respeito do impeachment? Ninguém acredita nisso. A decisão dele foi uma retaliação, uma chantagem, uma tentativa de intimidação para tentar salvar o mandato dele, que eu tenho certeza que não será salvo. Ele será cassado”, disse o deputado federal Henrique Fontana (PT-RS).
Fim do terceiro turno
Apesar de a aula pública ter sido convocada para denunciar o processo de impeachment como uma tentativa de golpe, o ministro Miguel Rossetto salientou que ele poderá ter como ponto positivo, caso seja engavetado, a possibilidade de tirar o País da instabilidade política vivida em 2014.
“A saída dessa crise se dará com mais estabilidade política, com mais clareza de posições e retirando esse ambiente de chantagem política que permanentemente corrói as dinâmicas do governo federal e das instituições da República”.
Na mesma linha, o deputado Fontana salientou que, a partir do processo, pode-se encerrar o “terceiro turno” das eleições de 2014. “O que o Brasil mais precisa é que a oposição exerça o seu papel de oposição, que quem foi eleito para governo possa governar e que nós possamos recuperar a normalidade democrática. Não se pode passar um ano e um mês sem reconhecer o resultado de uma eleição”, disse.
Por outro lado, a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) afirmou que a abertura do processo de impeachment serve para trazer clareza à atual disputa política que vigora no País. “Os campos estão claros. Do lado de lá ficam as elites e os golpistas”, afirmou.
Na mesma linha, representando os vereadores de Porto Alegre presentes no evento, Sofia Cavedon (PT) disse que a “direita está mostrando as garras pelas nossas virtudes, não pelos nossos defeitos”.
O ato terminou por volta das 18h10, com muitos dos participantes seguindo em caminhada até a Cidade Baixa sob liderança do Bloco da Diversidade.
Confira mais imagens do ato:
05/12/2015 - PORTO ALEGRE, RS - Ato em defesa da democracia, com Jorge Furtado e Miguel Rosseto, no parque da Redenção. Foto: Guilherme Santos/Sul21
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05/12/2015 - PORTO ALEGRE, RS - Ato em defesa da democracia, com Jorge Furtado e Miguel Rosseto, no parque da Redenção. Foto: Guilherme Santos/Sul21
Rossetto fala sendo acompanhado por Raul Pont (ao fundo) | Foto: Guilherme Santos/Sul21
05/12/2015 - PORTO ALEGRE, RS - Ato em defesa da democracia, com Jorge Furtado e Miguel Rosseto, no parque da Redenção. Foto: Guilherme Santos/Sul21
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05/12/2015 - PORTO ALEGRE, RS - Ato em defesa da democracia, com Jorge Furtado e Miguel Rosseto, no parque da Redenção. Foto: Guilherme Santos/Sul21
Deputado federal Henrique Fontana fala durante a aula pública | Foto: Guilherme Santos/Sul21
05/12/2015 - PORTO ALEGRE, RS - Ato em defesa da democracia, com Jorge Furtado e Miguel Rosseto, no parque da Redenção. Foto: Guilherme Santos/Sul21
Bloco da Diversidade foi uma das atrações do evento | Foto: Guilherme Santos/Sul21
05/12/2015 - PORTO ALEGRE, RS - Ato em defesa da democracia, com Jorge Furtado e Miguel Rosseto, no parque da Redenção. Foto: Guilherme Santos/Sul21
Vereadora Sofia Cavedon fala durante a aula pública |  Foto: Guilherme Santos/Sul21
05/12/2015 - PORTO ALEGRE, RS - Ato em defesa da democracia, com Jorge Furtado e Miguel Rosseto, no parque da Redenção. Foto: Guilherme Santos/Sul21
Eduardo Cunha foi alvo de muitas críticas dos participantes | Foto: Guilherme Santos/Sul21
05/12/2015 - PORTO ALEGRE, RS - Ato em defesa da democracia, com Jorge Furtado e Miguel Rosseto, no parque da Redenção. Foto: Guilherme Santos/Sul21
Foto: Guilherme Santos/Sul21
05/12/2015 - PORTO ALEGRE, RS - Ato em defesa da democracia, com Jorge Furtado e Miguel Rosseto, no parque da Redenção. Foto: Guilherme Santos/Sul21
Foto: Guilherme Santos/Sul21

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