quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Bolsomoro: a moeda ideológica do novo governo, por Fuad Faraj, Promotor de Justiça do Ministério Público do Estado do Paraná


  "Nesta nova Ordem Bolsonáriaquem será o Juiz Moro a nos atribuir a cor vermelha, mesmo que seja uma cor que nunca tivemos e nunca foi nossa, para nos jogar numa masmorra ou nos mandar para a morte ignominiosa de nossas reputações? Vermelhos ou não, nós merecemos isso? "


Do Justificando:

Bolsomoro: a moeda ideológica do novo governo

Bolsomoro: a moeda ideológica do novo governo



Arte Gabriel Prado
Para quem não dá conta sequer de 5 dedos a cavalgada de 5 amazonas com o suposto fake Jão Dólar dá um certo desalento e uma ponta amargurada de inveja. Inobstante isso e o dadivoso prazer egoísta e ganancioso do envolvido, estes 5 centímetros de trégua( doze centímetros e sete milímetros, segundo o Jão) foram suficientes para amenizar a guerra declarada entre familiares e amigos dentro dos grupos de WhatsApp invadidos pela legião demoníaca que odeia, baba e vocifera patrocinada pelos amigos do Capitão Borso, o herói de alguns norte-americanos.
Alguns destes amigos anunciam-se nas empresas de disparo de WhatsAppcomo as amigas do Jão se anunciam. Junto com todas as virtudes do serviço e respectivos valores, fecham o anúncio assim:faço porque quero, faço porque gosto. Aceito cartão de crédito, caixa 1 e caixa 2. Outros, mais amigos,  empolgando-se sentados na tocha da estátua da liberdade, dizem: faço até de graça.
Meu amigo, minha amiga, pense como foi bom para você. Como foi bom parar e pensar e, pensando,ver se afastarem as espirais da fumaça do cigarro e perceber que esses 5 centímetros de trégua deram a tênue mas alegre esperança de antever que este ano haveria natal a ser celebrado e que o presente de amigo secreto pudesse estar até garantido.
Pensando, e pensando de novo, passado um tempo, o medo voltou e aquele discursoque prometeu varrer da face da humanidade quem pensa diferente também voltou a grudar feito chiclete no seu cérebro, inundando-o com o mais terrível pânico dos desesperados. Cadeia, caixão ou exílio, é isso que nos espera junto com a trevas do autoritarismo de um discurso de doido varrido. Em especial é isso que espera os vermelhos.
Nesta nova Ordem Bolsonáriaquem será o Juiz Moro a nos atribuir a cor vermelha, mesmo que seja uma cor que nunca tivemos e nunca foi nossa, para nos jogar numa masmorra ou nos mandar para a morte ignominiosa de nossas reputações? Vermelhos ou não, nós merecemos isso? Ou se for vermelho tudo bem pra você? Este é o tamanho da sua humanidade? Este é o ser divino que habita neste envólucro de carne e sangue que é você?
Há gente desesperada neste país. Gente que pensa que a partir de 28 de outubro teríamos oficializado o bullying praticado por uma legião de bárbaros contra pessoas indefesas nas ruas, em suas casas, em suas vidas.Que a partir de 28 de outubro se instituirá o terror praticado pelo governo contra os seus cidadãos, tudo autorizado pela Chefe máximo da nação.
O futuro Chefe da nação é um subversivo da ordem, da hierarquia e da disciplina militares. Adorador da tortura, éum Unabomber frustrado. E, pasmem, será o Comandante-em-chefe das Forças Armadas. Há o medo de não haver judiciário altivo e independente a nos garantir. Há o temor de ver o prezado Dr. Robalinho do MPF já acenar à nova ordem com o mais sedutor e encantador dos seus sorrisos. Há o medo, o pânico e o terror de que a Ordem Bolsonária seja responsável pela desmoralização suprema do Exército Brasileiro ao se ver que,“seguindo planos militares contingencias”, um cabo e um soldado foram mandados fechar um acovardado STF. Enfim, vamos virar uma Venezuela!
Novo governo, nova vida, nova ordem. Assim, natural se cogitar trocar o real por um novo padrão monetário: o bolsomoro. A nova moeda celebrará a subversão da ordem constitucional de 1988, dedicada aos dois de seus maiores heróis. Uma moeda de duas caras e nenhuma coroa.
Sendo uma moeda de duas caras, trará certa dúvida de saber se  é verdadeira ou não ou se valerá pelo valor de face.
 Tendo duas caras, a moeda e a Nova Ordem Bolsonária, em qual delas acreditar?
Fuad Faraj é promotor de Justiça do Ministério Público do Estado do Paraná.

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