segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Jânio de Freitas, da Folha: Decisão de Moro fortalece pior do governo Bolsonaro



Ida para Ministério da Justiça reduz prestígio do juiz mas deve potencializar "a combinação de autoritarismo e reacionarismo" do novo governo 




Foto: José Cruz/Agência Brasil
 
Jornal GGNQuando o (ex) Juiz Sérgio Moro declarou, em 2016, que jamais entraria para a política explicou que a movimentação colocaria em dúvida a "integridade do trabalho" feito por ele, e isso inclui a Lava Jato. Na sua coluna deste domingo (04), na Folha de S.Paulo, Janio de Freitas relembra o fato, agora ponderando o peso da escolha de Moro em participar do governo Bolsonaro.
 
"Integridade que tem o sentido de totalidade como o de retidão. É o próprio Moro, portanto, na condição de maior autorizado a falar do seu trabalho, quem o põe em dúvida no todo e na retidão. Nesse ponto, não custa concordar com Moro", pontua Janio.
 
Moro irá assumir um "superministério" com a fusão da pasta atual a de Segurança Pública. O órgão irá também absorver o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e deve abrigar a Controladoria-Geral da União. Bolsonaro também destacou que ficará a cargo do novo ministro a escolha da diretoria do chefe da Polícia Federal.
 
 
"Se, nas ocasiões em que teve direção ministerial criteriosa, a PF não se poupou do chocante, pode ser um instrumento perigosíssimo nas mãos de quem a utilize sem respeito aos limites éticos e legais", destaca Janio de Freitas.
 
O articulista concorda com a avaliação de alguns analistas, incluindo o professor da Oxford, Timothy J. Power, de que a decisão de Moro custará "um bom pedaço do prestígio". Ao mesmo tempo, Moro fortalece Bolsonaro e, com isso, tonificar "o pior esperável" do presidente eleito: "a combinação de autoritarismo e reacionarismo".
 
Janio abre o artigo lembrando da lista de "impropriedades" da conduta do juiz, "como a gravação ilegal e divulgação de conversas de Lula, Dilma e outros; a liberação, a seis dias da eleição, de depoimento já antigo de Antonio Palocci contra Lula e o PT, e outras incorreções".
 
"Muitos dos que as citam agora ao tempo de suas ocorrências as aceitaram e até as defenderam. A gravidade que tiveram é, porém, reconhecida na rememoração a que poucos se negaram", arremata. 
 
Mas como será o papel de Moro à frente do "superministério" da Justiça ainda é uma incógnita preocupante:
 
"Moro está bem conhecido em poucos dos seus lados e arestas pessoais. Do que sabe e do que pensa, não se tem ideia. A terra para trabalhar, a necessidade do teto, a vida e o espaço dos indígenas, as milícias já aplaudidas por Bolsonaro, os refugiados, a fauna contrabandeada, enfim, são muitos os problemas sensíveis a cargo do Ministério da Justiça. Só têm recebido referências sinistras da roda de recém-poderosos. E agora são objeto da depravação que é sua entrega à inexperiência, provável desconhecimento e descaso pelo respeito humano e pelos limites legais". Para ler a coluna de Janio de Freitas na íntegra, clique aqui. 

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