quarta-feira, 16 de setembro de 2020

A ONU reconheceu os progressos do governo Lula contra a Fome ao mesmo tempo que lamenta a destruição deste progresso e a volta da fome com Bolsonaro e seus militares

  Veja o que disse Daniel Balaban, Diretor do Centro de Excelência Contra a Fome da ONU (veja, depois, mais abaixo, a reportagem de Luis Nassif sobre o tema publicada no GGN):



A volta do Brasil ao Mapa da Fome mostra o fracasso do mercadismo caboclo

Hoje em dia, o discurso está restrito a visões de curtíssimo prazo, um fiscalismo extremamente emburrecedor, que irá quebrar a cara na próxima esquina.

Em 2014 o Brasil saiu do Mapa da Fome, segundo o Indicador de Prevalência da Subalimentação da FAO. Para sair do Mapa, o índice ficou abaixo de 5%.

A FAO analisou dois períodos distintos: de 2002 a 2013 e de 1990 a 2014. Entre 2002 e 2013, a quantidade de brasileiros em situação de subalimentação caiu 82%. Entre 1990 e 2014, a a queda foi de 84,7. Em apenas 12 anos, com uma política azeitada, e sem consumir grandes volumes de recursos, o país logrou superar uma de suas maiores chagas.

A estratégia brasileira foi montada com 4 pernas:

1. Aumento da oferta de alimentos. A disponibilidade de calorias para a população cresceu 10%.

2. Aumento da renda dos mais pobres, com aumento de 71,5% do salário mínimo e geração de 21 milhões de empregos.

3. Programa Bolsa Família, com 14 milhões de famílias.

4. Governança, transparência e participação da sociedade co a recriação do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consead).

O relatório “O estado de segurança alimentar e nutricional no Brasil” detalha essas estratégias. Com base nos dados da FAO, o percentual de subalimentados no Brasil ficou em 1,7% apenas.

O que mudou de lá para cá não foi a pandemia.

Os dados são anteriores ao Covid-19. Foram levantados pela Pesquisa de Orçamentos Familiares 2017-2018. No período, 36,7% dos domicílios, o equivalente a 25,3 milhões de lares, padeciam de algum grau de insegurança alimentar: 16,4 milhões com insegurança leve, 5,6 milhões com insegurança moderada e 3,1 milhões com insegurança grave.

A insegurança alimentar grave – aquela em que as pessoas chegam a passara fome – saltou para 4,6% dos domicílios, o equivalente a 10,3 milhões de pessoas, 7,7 milhões em áreas urbanas e 2,6 milhões em área rural.

O desmonte começou com a crise fiscal de 2015. Poderia ser superado nos anos seguintes. Mas, desde o governo Michel Temer começou o desmonte sistemático de todas as engrenagens de um estratégia que, durante algum tempo, serviu de modelo para o mundo.

Acabaram com o financiamento da agricultura familiar, com a merenda escolar, com a política de cisternas que ajudou o nordeste a enfrentar a seca, expurgaram o cadastro do Bolsa Família e do Beneficio de Prestação Continuada, com uma série de truques visando afastar os mais necessitados e menos informados. Desmontaram a rede de assistência social, esvaziar o Sistema Único de Saúde.

Não se trata apenas de insensibilidade social, próprio de sociedades selvagens, mas de uma ampla miopia em relação ao futuro. O aumento da fome desestrutura famílias, afasta crianças da rede escolar, expõe famílias a doenças e à marginalidade, reduz o mercado de trabalho e o mercado de consumo.

Mas o atraso institucional do país eliminou as vozes que tentavam desenhar o futuro. Hoje em dia, o discurso está restrito a visões de curtíssimo prazo, um fiscalismo extremamente emburrecedor, que irá quebrar a cara na próxima esquina. Ao transferir o discurso público ao mercado, desmontou-se a própria condição do mercado se inserir em um processo de crescimento saudável da economia.

O grande desafio será reconstruir o país depois desse terremoto medieval.

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