segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

Leonardo Sakamanto, no UOL: Em seis dias, ficará mais fácil punir Bolsonaro pelos atos de terror em seu nome

 Ele (Bolsonaro) atiçou seguidores contra as instituições e a ordem pública, plantando mentiras na cabeça de milhões, mesmo sabendo que, entre eles, há maníacos e pessoas com transtornos mentais. Não apenas facilitou que a extrema direita adquirisse armas, mas incentivou que isso acontecesse. "Tem que todo mundo comprar fuzil, pô. Povo armado jamais será escravizado", disse no dia 27 de agosto de 2021. "Eu sei que custa caro. Aí tem um idiota: Ah, tem que comprar é feijão. Cara, se você não quer comprar fuzil, não enche o saco de quem quer comprar."


Segue trecho da coluna de Leonardo Sakamoto, publicado no UOL:

Apreensões da Polícia Civil do DF no caso do explosivo encontrado próximo ao aeroporto de Brasília - Divulgação/Polícia Civil do DF
Apreensões da Polícia Civil do DF no caso do explosivo encontrado próximo ao aeroporto de BrasíliaImagem: Divulgação/Polícia Civil do DF

Em seis dias, o presidente Jair Bolsonaro perderá o foro privilegiado, escudo que usou para cometer crimes com a complacência do centrão e as vistas grossas da Procuradoria-Geral da República. A partir daí, será mais fácil responsabilizá-lo pela violência de caráter político incitada por ele e pelo terrorismo promovido em seu nome, como a bomba plantada no caminhão de combustíveis em Brasília. Caberá ao sistema de Justiça escolher se abraçará o deixa-disso ou a Constituição.

A partir de Primeiro de Janeiro, ele voltará a ser tratado como um cidadão comum, perdendo o direito de responder processos no Supremo Tribunal Federal. Com isso, ações que o envolvam caem para a primeira instância - com exceção de casos que ministros do STF desejem manter sob sua responsabilidade. Na lista, podem estar os inquéritos sobre as milícias contra as instituições democráticas, nas mãos de Alexandre de Moraes.

No limite, Jair pode até ter a prisão decretada por juízes de primeira instância que aceitem a argumentação do Ministério Público de que ele é corresponsável por atos de violência política. Por muito, muito menos, teve gente que ganhou um Airbnb gratuito de longa estadia na carceragem da Polícia Federal durante os anos da Lava Jato.

Se alguém incita uma multidão a despejar esterco na rua torna-se corresponsável quando o produto começa a feder e atrair todo tipo de vermes e bichos, não podendo se isentar apelando à liberdade de expressão. Por mais que se comporte como hipossuficiente, Bolsonaro não é.

Ele atiçou seguidores contra as instituições e a ordem pública, plantando mentiras na cabeça de milhões, mesmo sabendo que, entre eles, há maníacos e pessoas com transtornos mentais. Não apenas facilitou que a extrema direita adquirisse armas, mas incentivou que isso acontecesse. "Tem que todo mundo comprar fuzil, pô. Povo armado jamais será escravizado", disse no dia 27 de agosto de 2021. "Eu sei que custa caro. Aí tem um idiota: Ah, tem que comprar é feijão. Cara, se você não quer comprar fuzil, não enche o saco de quem quer comprar."

George Washington Sousa, preso por planejar a explosão de um caminhão de combustíveis perto do Aeroporto de Brasília, disse que a declaração do presidente sobre não ser escravizado é que o levou a adquirir um arsenal.

E basicamente pediu para que os seguidores fossem às últimas consequências. No dia 17 de maio deste ano, afirmou que isso poderia ser necessário para a garantia de preservação da democracia, sua visão violenta de democracia, no caso. E foi bem direto: "Não interessa os meios que um dia porventura tenhamos que usar". Tipo, explosivos e milhares de litros de gasolina.

 Veja o restante do artigo de Leonardo Sakamoto em https://noticias.uol.com.br/colunas/leonardo-sakamoto/2022/12/26/em-seis-dias-ficara-mais-facil-punir-bolsonaro-pelo-terror-em-seu-nome.htm

Nenhum comentário:

Postar um comentário