sábado, 31 de dezembro de 2022

Renato Essenfelder sobre o fim de Bolsonaro e seu desgoverno: “O adeus de um homem minúsculo”

 

Este sábado, 31 de dezembro, marca o fim da era do governo de Jair Bolsonaro (PL). Sem apoio das instituições para um golpe, o ainda mandatário deixou o Brasil nesta sexta-feira (30) e partiu para os Estados Unidos. O jornalista Renato Essenfelder, sem citar nomes, escreveu sobre o “adeus” em coluna no Estadão. 

Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil


“O homem minúsculo, o homúnculo, apagou as luzes do palácio e foi dormir. Depois de tanto bradar, gritar e babar, depois de ameaçar e conspirar à luz do dia, incessantemente, calou-se. Recolheu-se à insignificância que o espera. Amém”, comemorou Essenfelder. 

O jornalista, no entanto, questionou: “Como os livros de história no futuro irão se referir a esse homem tão pequeno? Terá alguma importância, o seu nome, ou irão se interessar apenas pelo surto coletivo que se apossou de milhões de brasileiros, por meia década ao menos, e que resultou na eleição de um ninguém, um nada, um palhaço macabro? Um fantasma descarnado, insepulto e obcecado pela morte, sua especialidade, no qual milhões projetaram suas próprias fantasias autoritárias. Como? Por quê?”

“Os livros de história no futuro talvez falem de um homem minúsculo que emergiu dos porões sujos do Congresso Nacional, já em avançado estado de decomposição moral e física, para canalizar todo o ressentimento de uma nação. Esse vórtice de maldade, cercado por gente ainda menor, ainda mais ridícula e ignorante orbitando ao redor de sua sombra”, continuou.

Essenfelder, então, relembra que o “homem pequeno veio e apequenou o país inteiro, apequenou o Estado e as suas instituições, apequenou o povo, os amigos, as famílias. Destruiu, passou bois e boiadas, sufocou, boicotou, conspirou, enquanto ocupavamo-nos de sobreviver. Mas então, enfim consciente da sua pequenez, emudeceu no canto do palácio vazio, vítima da própria insignificância”. 

“Depois de destruir e destruir e destruir, descobriu-se incapaz, impotente, brocha. Um fantasma de brochidão e fraqueza, incapaz de fecundar o que quer que seja – planos, corpos, natureza. Homens pequenos não constroem coisa alguma”, continou.

“Já era hora de dar um basta, já era hora de lembramos a nós mesmos que o homem pequeno é pequeno demais para um país tão grande”, concluiu.

Nenhum comentário:

Postar um comentário