terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Bob Fernandes: A morte de Teori e o avanço dos que operam o "estancar a sangria"



"No Supremo Tribunal os depoimentos serão homologados. Mas tudo mais vai atrasar, e muito. Os que operam para "estancar a sangria" ganham mais fôlego e espaço."



Francisco, filho de Teori Zavascki, dizia em Maio: "Alerto (...) Algo pode acontecer com alguém da família".
Em Porto Alegre grupos à direita, um deles ligado ao MBL, já haviam protestado em frente ao apartamento de Teori. Chamando-o de "bolivariano", "pelego do PT", "traidor".
Depois da queda do avião, o filho do ministro disse:
-Eu realmente temia, mas agora isso não está passando pela cabeça. Fatalidades acontecem; Paraty, chuva, o avião arremeteu e é isso ai. Deu zebra.
Francisco considera "leviano" tirar conclusões precipitadas. Ele ponderou:
-Seria muito ruim para o país, extremamente pernicioso, que se imagine que um ministro foi assassinado por causa de um processo...Torço para que tenha sido uma fatalidade.
Articula-se nos bastidores como e para quem será distribuído o processo que Teori relatava.
Processo que não desaparece. Não há como estancar 77 delatores e cerca de 900 depoimentos já gravados.
No Supremo Tribunal os depoimentos serão homologados. Mas tudo mais vai atrasar, e muito.
Os que operam para "estancar a sangria" ganham mais fôlego e espaço.
No topo do Poder personagens de todos os grandes partidos foram ou serão delatados.
Alguns estiveram no velório. Quase todos soltaram lacrimejantes notas de pesar.
Temer avisou: não indicará novo ministro até que o Supremo decida quem será o novo relator.
Por quê? Porque aí a pressão seria insuportável.
Imaginem indicar como ministro, já, um Alexandre de Moraes?
Pela regra primeira, existem outras, esse seria o relator. E isso num processo onde também Temer é citado.
Seria escancaração demais. Melhor esperar o novo relator e aí indicar ministro aliado sob menos atenção e pressão.
As investigações deverão elucidar o que aconteceu. Se concluírem que foi acidente, milhões não acreditarão na conclusão.
No dia seguinte à queda do avião, segundo a Paraná Pesquisas, "83% dos brasileiros não acreditavam em acidente".
É natural, humano, a negação da morte, do imponderável. Mais ainda de personalidades públicas com grande exposição, como o ministro Teori Zavascki.
Mas esta reação diz muito, também, sobre um país onde a barbárie, o assassinato de 60 mil ao ano, por exemplo, incorporou-se ao cotidiano.
Indiferença essa porque os assassinados quase sempre não têm rosto. São apenas estatísticas dos guetos...
...Diz muito também sobre país onde tantos alardeiam que "todos são corruptos".
Menos, obviamente, quem aponta o dedo e o verbo.

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