quinta-feira, 24 de junho de 2021

Em dia de Covaxingate, Bolsonaro demite Salles; novo ministro é ligado ao agronegócio destrutivo e deve dar continuidade aos desmonte ambiental

 


Um dos últimos integrantes da área ideológica do governo Bolsonaro, Salles é investigado em inquérito sobre tráfico ilegal de madeira

O presidente Jair Bolsonaro e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, falam à imprensa na entrada do Palácio da Alvorada.

Jornal GGN – Em meio ao Covaxingate, o presidente Jair Bolsonaro exonerou Ricardo Salles do Ministério do Meio Ambiente. Um dos últimos nomes da área ideológica do governo federal, Salles é alvo de queixa-crime por supostamente ter ajudado empresários no crime de tráfico internacional de maneira.

Salles disse que sua saída foi um pedido de Bolsonaro, que queria promover uma “alternância” na Pasta. Em edição extra do Diário Oficial da União, Bolsonaro já nomeou, ainda que provisoriamente, Joaquim Alvaro Pereira Leite como novo ministro do Meio Ambiente.

Ex-produtor de café, Leite era secretário para assuntos relacionados à Amazônia. Antes de se juntar ao governo, ele atuava no setor privado e foi conselheiro da sociedade rural brasileira. É um nome do agronegócio e estava na equipe de Salles há bastante tempo.

A demissão de Salles era uma demanda inclusive da comunidade internacional, mas acontece no mesmo dia em que Bolsonaro é atingido por uma bomba. O deputado Luis Miranda (DEM) decidiu apresentar provas de que avisou o presidente da República sobre os indícios de corrupção envolvendo a compra da Covaxin.

O cientista político Christian Lynch comentou em sua rede social que é preciso ver a exoneração de Salles com atenção. “Averiguem se não é porque Bolsonaro, enfraquecido, se pendura cada vez na ala militar. O principal desafeto de Salles é o vice, Mourão, que aliás deu entrevista ontem criticando o governo. Olho no lance.”

A jornalista Andreia Sadi, da GloboNews, frisou que “Salles deixa o cargo no dia em que vem à tona o caso da Covaxin. Recordar é viver: [Abraham] Weintraub deixou o cargo [de ministro da Educação] quando [Fabrício] Queiroz foi preso na casa do advogado dos Bolsonaro, Wassef.”

O caso de Salles tramita no Supremo Tribunal Federal, sob relatoria do ministro Alexandre de Morais, que terá de decidir se o inquérito será transferido para outra instância agora que ele saiu do governo.

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