"A extrema direita quando adquire contornos anti-democracia liberal, quando atribui todos os males sociais à decadência das instituições e de certos costumes religiosos, encarnando a SALVAÇÃO da PÁTRIA e o SANEAMENTO NACIONAL, em geral direciona-se para o fascismo. "
Rica reflexão do professor de Direito UFSC, estimado amigo Doutor Edmundo Arruda:
O SILÊNCIO DOS CONIVENTES
Por
Edmundo Lima de Arruda Jr, Professor Doutor aposentado UFSC.
Hitler. Mussolini. Não eram socialistas. Eram de extrema direita. A extrema direita quando adquire contornos anti-democracia liberal, quando atribui todos os males sociais à decadência das instituições e de certos costumes religiosos, encarnando a SALVAÇÃO da PÁTRIA e o SANEAMENTO NACIONAL, em geral direciona-se para o fascismo.
No caso do nazismo agrega-se o componente da discriminação racial. Hitler visitou o Vaticano e contou com o apoio de Pio XII para exterminar judeus. Mundo afora flertava-se com a determinação do Führer. Ford atravessou o Atlântico para apertar a mão do III Reich. Vargas pensou seriamente em aliar-se ao novo líder alemão. Boa parte do planeta permanecia contemplativa, afinal, o comunismo russo já evidenciava seus gúlaks.
Os silêncios dos que exaltaram e exaltam a intolerância e discursos de ódio e se nutrem, nos momentos de insegurança, das retóricas simplicadoras. A propaganda no estilo herdado por Goebbels e “fake news” são fundamentais para a consolidação de personalidades de total subserviência para sociedades totalitárias.
Todo o mundo vem experimentando a emergência da direita. Quando esta age dentro das leis temos a ação positiva de liberais conservadores, mesmo se acuados e constrangidos em tempos difíceis.
Nosso tempo não é somente difícil mas de gravidade abissal. Os donos do poder e do dinheiro não lograram incorporar satisfatoriamente e progressivamente bilhões de seres humanos numa sociabilidade digna. Tudo vem sendo degradado por uma elite financeira que atenta até contra o mercado em suas possibilidades de gerar riqueza distribuindo-a. Nessa condição estrutural problemas antigos permanecem e são ampliados em face de uma acumulação que tensiona diuturnamente capitalismo e democracia, Norte e Sul, culturas e modos de vida, alimentando conflitos e tornando as mediações sociais muito mais frágeis.
O dia 07 de setembro de 2021 nunca terá a força de um 13 de junho de 2013. Mas será uma medida do tamanho do encantamento com a serpente e o desafio para os setores oposicionistas democráticos. Liberais progressistas e conservadores, esquerdas tradicionais e socialistas em geral devem organizar uma resistência ampla, nas ruas e em todos os fóruns, para dar um basta no avanço totalitário.”
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