sábado, 4 de setembro de 2021

GGN: Covenant Bolsonaro e sua farsa no Valhalla brasiliense. Texto de Fábio de Oliveira Ribeiro

 

    Sempre que encena o personagem “o mito” diante dos seus seguidores, Bolsonaro fala como se fosse Walter 1 (aquele personagem do filme Alien Covenant que é o portador da informação verdadeira e confiável). Todavia, o discurso dele é um amontoado de informações distorcidas e algumas vezes mentirosas que visam provocar o colapso total da racionalidade e do sistema constitucional. David 8 concretiza no filme o genocídio que Bolsonaro sonha colocar em prática. As vítimas do presidente brasileiro, entretanto, não serão os homens brancos.



Nos dias 6 e 7 de setembro de 2021 os especuladores internacionais redobrarão suas apostas contra o nosso país. Nenhum investimento externo novo será decidido ou feito no Brasil enquanto Bolsonaro continuar no poder

Foto: Marcos Corrêa/PR

Bolsonaro Covenant e sua entrada triunfal no Valhalla brasiliense

Por Fábio de Oliveira Ribeiro

Duas cenas do filme Alien: Covenant (2017) ajudam a compreender o que está ocorrendo no Brasil.

Na primeira, o androide David 8 começa a recitar o poema Ozymandias. Walter 1, o outro androide, termina de recitar o poema após as imagens do genocídio. Então, David 8 atribui o pema a Lord Byron.

Na segunda, Walter 1 informa David 8 que o poema Ozymandias foi escrito por Percy B. Sheley em 1818 e não por Byron.

Quando uma nota está fora [do tom correto], eventualmente toda a sinfonia é destruída”. Diz Walter 1 ao seu interlocutor.

O problema da informação: quando ela é inexistente ou fragmentária, a ignorância pode induzir o cidadão a erro; quando é abundante, a verdade pode se tornar inexpressiva ou irrelevante; quando é distorcida, o resultado pode causar tragédias que produzirão reverberações na realidade por muito tempo.

Sempre que encena o personagem “o mito” diante dos seus seguidores, Bolsonaro fala como se fosse Walter 1 (aquele que é o portador da informação verdadeira e confiável). Todavia, o discurso dele é um amontoado de informações distorcidas e algumas vezes mentirosas que visam provocar o colapso total da racionalidade e do sistema constitucional. David 8 concretiza no filme o genocídio que Bolsonaro sonha colocar em prática. As vítimas do presidente brasileiro, entretanto, não serão os homens brancos.  

O culto da raça braça, do sangue imaculado, da violência redentora, da morte na guerra santa e da purificação do mundo que está sendo encenado por Bolsonaro não vai terminar com ele regurgitando em segurança as novas sementes de um antigo mal. O capitão amalucado terá que colher e digerir o veneno que plantou. Adolf Hitler cometeu suicídio sendo cremado com gasolina numa vala. Mussolini foi metralhado e o corpo dele ficou pendurado de cabeça para baixo. 

No caso brasileiro, é inevitável ficar com a impressão de que os conflitos reais e artificiais criados por Bolsonaro tem apenas três finalidades:

1º – dificultar a investigação dos crimes financeiros e eleitorais que ele cometeu antes e depois da eleição e impedir sua responsabilização pelo genocídio pandêmico.

2º- garantir a permanência dele no poder apesar do fracasso econômico e da hecatombe humanitária provocada pela união explosiva e extremamente volátil do autoritarismo policial com os grileiros gananciosos, jornalistas antiéticos, ruralistas radicalizados, banqueiros irresponsáveis, pastores estelionatários, militares esclerosados e milícias criminosas (o Talibãsonaro);

3º – desviar a atenção da população do verdadeiro problema estrutural do Brasil, qual seja, a submissão política/militar aos EUA e a perpetuação da transferência da riqueza nacional para os estrangeiros que se assenhoraram da Petrobras e do pré-sal ficando, por via de consequência, em condições de saquear toda economia brasileira.

No filme, Alien: Covenant (2017) Walter 1 acaba sendo substituído por David 8. Em decorrência disso, os embriões de Aliens regurgitados pelo androide serão levados para a nova colônia.

Bolsonaro já está plantando as sementes de um novo genocídio. No dia 07 de setembro de 2021 os deuses entrarão no Valhalla brasiliense. Portanto, a manifestação em Brasília deve ter uma tilha sonora adequada ao perfil nazista do mito e dos seguidores dele que pretendem invadir e incendiar o Congresso, o TSE e o STF.

A Embaixada dos EUA não está disposta a correr riscos e já emitiu uma nota aconselhando os norte-americanos a ficar longe dos atos bolsonaristas https://blogs.correiobraziliense.com.br/vicente/embaixada-dos-eua-pede-que-cidadaos-americanos-fiquem-longe-de-manifestacoes-a-favor-de-bolsonaro/. A oposição, porém, minimiza o risco de violência generalizada. Líderes políticos e ativistas têm preferido espalhar boatos, falsos ou verdadeiros, acerca da sexualidade do presidente brasileiro. O Twitter está sendo inundado com piados e piadas acerca da infidelidade de uma das esposas de Bolsonaro.

Estamos prestes a entrar num período sem precedentes? É difícil dizer o que ocorrerá. Porém, uma coisa é certa: nos dias 06 e 07 de setembro de 2021 os especuladores internacionais redobrarão suas apostas contra o nosso país. Nenhum investimento externo novo será decidido ou feito no Brasil enquanto Bolsonaro continuar no poder.

Os deuses financeiros jogarão gasolina no Valhalla brasiliense antes do quebra-quebra e do incêndio final das instituições? A conferir. Se a segunda-feira começar com uma fuga massiva de capitais, o mercado indicará que acredita num cenário de guerra civil com mortos e feridos sem prazo para terminar ou resultado previsível. Todavia, existe um abismo entre o primeiro tiro de morteiro e o cenário criado pelos especuladores para garantir seus ativos e/ou maximizar seus lucros.

A economia, o amor, a política e a guerra são capazes de fazer um observador rir ou chorar. Esses quatro domínios da atividade humana são absurdos e abissais. Neles, algumas vezes as coisas realmente saem de controle. Outras vezes, o controle da situação é restaurado justamente quando as coisas parecem estar descontroladas.

O melhor a fazer no dia 07 de setembro de 2021 é ver um bom filme e não dar muita atenção à encenação bolsonarista. Ela será um misto de ficção e insanidade com pitadas de violência entre os próprios manifestantes. Além disso, a pandemia continuará interrompendo muitas vidas antes de chegar ao fim.

Fábio de Oliveira Ribeiro, 22/11/1964, advogado desde 1990. Inimigo do fascismo e do fundamentalismo religioso. Defensor das causas perdidas. Estudioso incansável de tudo aquilo que nos transforma em seres realmente humanos.

Este texto não expressa necessariamente a opinião do Jornal GGN

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

APOIE AGORA

Nenhum comentário:

Postar um comentário