quarta-feira, 1 de março de 2023

Cínica CPMI bolsonarista tentará responsabilizar o próprio governo Lula pelos atos golpistas

 

Nas mãos da oposição, a Comissão tentará tornar o alvo da tentativa de derrubada de poder o responsável pela mesma

Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

A CPMI dos atos golpistas de 8 de janeiro no Congresso não deverá investigar a rede bolsonarista que fomentou, financiou e organizou as invasões às sedes dos Três Poderes. Nas mãos da oposição, a Comissão tentará tornar o alvo da tentativa de derrubada de poder, de alguma forma, o responsável pela mesma.

Na noite desta segunda-feira (27), a oposição ao governo Lula conseguiu assinaturas de 189 deputados e de 33 senadores para criar a CPMI “com a finalidade de investigar os atos de ação e omissão ocorridos no último dia 08 de janeiro nas Sedes dos Três Poderes da República, em Brasília”.

O resultado obtido foi a reação dos opositores a Lula, a partir do momento que o governo entendeu que uma investigação dentro do Congresso não avançaria como as apurações que já tramitam nas Justiças Federais e no Supremo Tribunal Federal (STF), a cada dia revelando e avançado sobre a teia da rede bolsonarista que promoveu o episódio.

A ideia original da CPI partiu da bancada do PSOL, no dia seguinte ao 8 de janeiro, quando deputados do partido começaram a coletar assinaturas para apurar os organizadores e financiadores dos atos terroristas, além de investigar as forças de segurança pública, militares e governo do Distrito Federal.

A medida, inicialmente endossada pelos governistas no Congresso, se viu esvaziada em meio à celeridade do avanço das investigações da Justiça. Ao mesmo tempo, o governo Lula identificou que a CPI aumentaria os conflitos entre os parlamentares, dos quais necessitará apoio de voto para diversas propostas que serão empenhadas na Câmara e no Senado pelo governo federal este ano.

Com o sinal negativo dos governistas, a oposição entrou em campo e viu na CPMI dos atos golpistas a oportunidade para se dissociar dos vândalos, mas também para expor possíveis violações contra golpistas presos e lançar responsáveis externos à cadeia bolsonarista.

Foi o que o deputado André Fernandes (PL-CE), que liderou o recolhimento das assinaturas, admitiu, desviando o objetivo inicial: “Tendo em vista que a prisão de quase 2.000 pessoas foi efetuada um dia após o ocorrido, a instauração desta CPMI se mostra necessária para que não haja injustiça contra aqueles que efetivamente não participaram e não concordaram com os atos de vandalismo.”

Como a própria descrição da Comissão criada nesta segunda traz, a finalidade será “investigar os atos de ação e omissão”, esta última devendo ser o mote dos trabalhos, lançando contraditoriamente responsáveis do próprio governo federal, seja por omissão ou por uma atuação menos efetiva ou tardia na depredação dos espaços públicos.

No documento que justifica a CPMI, os deputados ainda afirmam: “segundo informações publicadas pelos veículos de imprensa, há notícias que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) alertou sobre os riscos de violência na véspera de ataques em Brasília” e “despachos alertando sobre perigo de depredação chegaram a 48 órgãos do governo federal”.


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