segunda-feira, 6 de março de 2023

Os presentes sauditas para Bolsonaro, por Antonio Deiró

 

As conversas entre as autoridades que tentaram entrar no Brasil sem declarar os presentes milionários recebidos à Receita Federal

Jornal GGN:

Jair Bolsonaro e Mohammed bin Salman, Príncipe Herdeiro do Reino da Arábia Saudita. Foto: José Dias/PR

Comentário ao post Sauditas enviaram outro pacote de joias a Bolsonaro, diz jornal

Por ANTONIO DAS GRAÇAS FONTES DEIRÓ

O príncipe saudita enviou dois presentes: um, para um outro príncipe, e o outro, para a sua digníssima esposa, governantes do Principado da Banana e da Jabuticaba, Universo Paralelo da República Federativa do Brasil. A comitiva que recebeu e retornou de lá com os presentes, era liderada por um garboso contra-almirante da marinha bananeira, que também era o ministro das minas e energia do principado bananeiro.

Um dos presentes, avaliado em dez mil Euros, destinado ao príncipe bananeiro, continha um relógio, um par de abotoaduras, uma caneta, um anel e um rosário, tudo em ouro puro. O outro presente, avaliado em três milhões de Euros, continha um colar, um anel, um par de brincos e um relógio, todos cravejados com mais de duzentos diamantes do mais alto quilate.

De posse de tão valiosos presentes, o almirante ministro ligou para o seu príncipe, para saber como proceder.

– Bom dia Vossa Alteza. Estou aqui com dois presentes para…

– Deixa de conversa mole almirante, você sabe muito bem o motivo desses presentes. Lembra daquela privatização da mais antiga refinaria desse principado, lá no nordeste, na casa do caralho, reduto político dos meus inimigos aí? Pois é!

– Eu sei Alteza, mas eu quero saber se posso declarar como presentes enviados pelo governo saudita para o governo bananeiro!

– Não declara porra nenhuma, almirante, você é ministro ou não é? Os presentes são pessoais, para mim e para a minha princesa. Ponha um pacote na bagagem de um meganha aí, seu Aspone¹, e o outro pacote na bagagem do outro meganha Aspone aí, talkei?

– Mas meu príncipe, os presentes são muito valiosos, se a aduana nos pegar, vão achar que somos mula, muambeiros, e vai pegar muito mal!

– Tá se aputando (sic) aí, almirante? Você está esquecido que a Receita Principesca é minha? Que está nas mãos de um meu capacho, como você, porra!? Veja bem, caralho, você pode até perder os presentes da minha princesa, não há problema algum. Agora, o meu presente, tem que chegar a mim de qualquer jeito, porque é infinitamente mais valioso que o da minha princesa.

– Mas meu capitão, quero dizer meu príncipe, o presente da princesa vale três milhões de Euros e o de Vossa Alteza vale apenas dez mil Euros!

– Olha só, almirante de saveiro, o anel de ouro que vem junto ao meu presente, vale mais que toda a riqueza do universo, até mesmo do nosso Universo Paralelo, a República Federativa do Brasil!

-Ah, meu magnífico príncipe, então eu tive uma ideia brilhante para enganar a aduana e garantir a entrega do seu anel pessoalmente!

– E desde quando, sai alguma coisa brilhante da cabeça de um almirante? Mas diga aí a sua ideia, Talkei?

– Se Vossa Alteza me autorizar, eu tiro o anel de ouro da caixa e ponho no meu dedo, ao lado da minha aliança de casamento. Se a aduana desconfiar e me perguntar porque eu uso duas alianças, eu digo que sou viúvo.

– Eu sei que você é incompetente, mas não sabia que era maluco, almirante de caiaque. O meu colega, o príncipe saudita, me informou que o meu precioso foi construído por Merlim e só cabe no meu dedo. Se você ou qualquer outra pessoa conseguir enfiar o meu precioso no próprio dedo, será aniquilado e amaldiçoado por toda a eternidade!

– Me perdoe meu príncipe, pela ideia aloprada. Mas se de repente aparece um aduaneiro metido a honesto, descobre a muamba e resolve recolher?

– Essa hipótese não existe na minha Receita Principesca, mas se por acaso acontecer, eu faço como fiz com aquela vereadora negra sapatão, que resolveu atacar as minhas milícias aí. Mando metralhar publicamente aí, talkei?

– Então, meu príncipe, estamos combinados. Cada um dos meus Aspones vai tentar entrar com um pacote, sem declarar nada à receita. Vamos rezar para dar certo.

– Almirante de canoa, rezar só faz parte do meu cardápio quando me dirijo aos meus acólitos evangélicos e católicos fundamentalistas aí, talkei? Eu preciso urgentemente do meu precioso, para combater as forças do bem que estão tentando me derrubar aí, talkei? Então, faça das tripas coração, se vire, morra se for o caso, mas traga o meu precioso aí, talkei?

– Considere feito, meu infalível, imorrível e imbroxável Príncipe!

Ao tentar passar pela aduana sem declarar as duas muambas do seu príncipe, um dos Aspones do almirante ministro, foi sorteado, e a sua bagagem foi revistada. A aduana do príncipe bananeiro apreendeu o presente da princesa e uma miniatura de um cavalo dourado com as quatro patas quebradas. O almirante ministro, interferiu:

– Eu sou o almirante ministro de Sua Alteza, o príncipe bananeiro, e exijo que me seja entregue imediatamente a encomenda apreendida!

– Me desculpe, senhor, mas a lei manda recolher qualquer coisa que não seja declarada à receita, com valor acima de mil dólares!

– Mas essa encomenda é um presente do príncipe saudita para a princesa deste principado, e a Receita Principesca pertence ao príncipe!

– Não é assim que eu entendo a lei. Portanto, a mercadoria continua apreendida, a não ser que o senhor pague as multas no valor de três milhões de Euros, ou declare que é um presente do governo saudita para o governo bananeiro.

– Só um momento, que eu vou conversar com Sua Alteza o príncipe. Meu príncipe, tenho duas notícias para dar ao senhor, uma boa e uma ruim. Qual que Vossa Alteza quer ouvir primeiro?

– Deixa de conversa mole almirante de escola de samba, manda a notícia boa primeiro aí, talkei?

– Pois é, meu insigne príncipe, o meu primeiro Aspone passou sua encomenda na alfândega, sem ser declarada. Mas o segundo Aspone falhou, as joias da princesa foram apreendidas e eu não consegui liberar, mesmo dando carteirada. O que é que eu faço agora?

– Maravilha meu ministro, Você é um cara competente, conseguiu passar o meu precioso sem ninguém saber. Esqueça as joias da princesa e venha diretamente para cá me trazer o meu precioso. Já estou com a minha equipe de ministros, generais, almirantes e brigadeiros da Força, toda reunida para a solenidade de endedação do meu precioso.

Ao entrar no salão nobre do palácio platinado, sede do governo do principado, o almirante ministro foi efusivamente aplaudido pela corte principesca, aos gritos de “viva o almirante mula do príncipe”, “viva o almirante muambeiro do príncipe”. O almirante dirigiu-se ao príncipe, fez todas as reverências, entregou a encomenda e depois foi para o seu lugar à mesa triangular na sala de reuniões.

– Meus súditos, este é o momento mais importante da minha vida e desse principado. Com este anel, o meu precioso, que em breve será posto em meu dedo e abençoado pelo Arcebispo Sérgio Macedo, patrono da Igreja Transversal Mundial, dono da maior franquia de igrejas evangélicas do mundo, eu vou me transformar no mais poderoso senhor da terra. Serei imorrível, incomível, imbroxavel, imexível e inoxidável! Os meus inimigos serão aniquilados, viva o meu precioso, viva principado da Banana e da Jabuticaba!

Enquanto o precioso, já no dedo do capitão príncipe era abençoado pelo arcebispo Macedo, a plateia ensandecida gritava em êxtase:

-Imorrível, imbroxavel, incomível, imexível, inoxidável!!! Mito, mito, mito, mitômano!!!!

NOTA DO AUTOR

  1. Aspone significa Assessor de porra nenhuma

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