terça-feira, 9 de abril de 2024

Quem é Elon Musk, bilionário que afronta o ministro Alexandre de Moraes? Reportagem de Camila Bezerra

 

Processado por calote, discriminação e racismo, Musk é conhecido por ser um empresário sem empatia, violento e com questões familiares

Crédito: Chesnot/Getty Images Europe

Jornal GGN:

Neste domingo (7), o bilionário Elon Musk, dono do X e da Tesla, publicou na própria rede social que o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes deveria renunciar ou ser alvo de impeachment por “violar as leis brasileiras”. 

Mas é o empresário sul-africano dono de uma das maiores fortunas do mundo que acumula uma série de polêmicas, entre elas a de ser uma pessoa agressiva, sem empatia e de caráter questionável. 

Musk nasceu em 1971, filho de uma modelo e de Errol Musk, engenheiro eletromecânico dono de uma mina de esmeraldas na Zâmbia, durante o período de Apartheid. Ele até tentou se desvincular da hipótese de que o dinheiro da família o ajudou, pois se mudou para o Canadá ainda jovem, contratou US$ 100 mil de dívida educacional para financiar os estudos e iniciou sua primeira empresa com um computador que ele mesmo construiu. Mas foi a fortuna dos Musk que lhe deu respaldo para iniciar seus primeiros empreendimentos.

Errol Musk seria uma pessoa agressiva, violenta e mesquinha. Mesmo rico, proporcionava à família refeições apenas com manteiga de amendoim e feijão. Chamava Elon de idiota o tempo inteiro e repreendeu o filho veementemente por sofrer agressões na escola. 

Elon Musk, apesar de criticar o pai, não conseguiu ser uma pessoa melhor. Diversos funcionários o processam por demissões infundadas ou porque, simplesmente, criticaram o dono do X, da empresa de foguetes SpaceX e da Tesla.

Este ano, Elon Musk responde por uma ação judicial por promover a demissão em massa de 75% dos funcionários do Twitter, sem pagar a eles os devidos bônus. O empresário responde ainda por um processo de fraudes, violações de contrato, múltiplas violações das leis WARN estaduais e federais do X. 

Já os seis mil colaboradores da Tesça em Fredmont, no Vale do Silício, nos Estados Unidos, ajuizaram uma ação coletiva por racismo e discriminação cometidas pelo empresário.

Relações pessoais

Pai de 10 filhos, Elon Musk é conhecido por não manter bons relacionamentos com as mães da sua prole e até mesmo com alguns dos filhos. Em 2022, Vivian Jenna Wilson registrou um pedido de mudança de nome para não estar relacionada com o pai biológico de qualquer forma. Mulher trans, ela teria percebido a personalidade transfóbica de Musk, que já postou nas redes sociais que pronomes neutros são péssimos.

Em outubro, o bilionário iniciou uma batalha judicial pela guarda dos três filhos caçulas, a fim de impedir a mudança das crianças ao lado da mãe, a cantora Grimes, para fora da Califórnia, onde Musk reside. 

Mesmo sendo um dos homens mais ricos do mundo, Musk repete as atitudes mesquinhas do pai. A fim de economizar seus bilhões para realizar o sonho de enviar expedições para Marte, Musk não tem casa própria, costuma morar ou se hospedar em imóveis de conhecidos. “Seria problemático se eu tivesse gastado bilhões de dólares em consumo pessoal. Na verdade eu nem possuo casa própria. Estou ficando em casa de amigos. Se eu for para a baía, onde tem a engenharia da Tesla, eu percorro por quartos vagos de casas de amigos. Eu não tenho iate, eu não tiro férias”, declarou em entrevista.

Interferências

Elon Musk tem a praxe ainda de interferir na política de alguns países além dos Estados Unidos, onde reside atualmente. No ano passado, o bilionário foi acusado por Mykhailo Podolyak, assessor do presidente da Ucrânia Volodymyr Zelensky, de boicotar uma ofensiva à Rússia a partir do controle do sinal da Starlink, empresa de internet via satélite da qual é proprietário. 

O empresário teria ordenado que seus engenheiros desligassem a rede de satélites da Starlink sobre a Crimeia, ocupada pela Rússia para evitar um ataque de drones ucranianos à frota naval russa.

Musk afirma não ser fã de Donald Trump, a quem descreve como um vigarista meio maluco. Ainda assim, garantiu o retorno do republicano ao X, após suspensão da conta por incitação à invasão ao Capitólio.

Nesta segunda-feira, a jornalista Daniela Lima, da GloboNews, lembra que Musk faz o jogo da extrema-direita mundial e isso alarmou as instâncias superiores.

No Brasil, a ultradireita que orbita em torno do bolsonarismo tem se destacado por pregar falsamente que o País vive uma ditadura do judiciário. Musk, por sua vez, endureceu o discurso e tem afirmado que não vai mais obedecer ordens judiciais que mandam “censurar” perfis que atacam a lisura do processo eleitoral ou compartilham outras fake news sob o manto da “liberdade de expressão”.

Para Daniela Lima, “a partir do momento em que Elon Musk entra [nessa jogada], as cortes superiores entendem que essa articulação internacional com base em teoria da conspiração encontrou terreno frutífero. Quando você tem um personagem como esse disposto a ser cavalo de troia de uma teoria que vai se auto cumprir – porque à medida em que ele esticar a corda e passar a desobedecer ordem judicial, atacar instituições e fazer pregações falsas, o que restará à Justiça? Reagir. E o que ele vai gritar? ‘Estamos sendo perseguidos. Vejam como a liberdade de expressão está em ameaça no Brasil’. Esse é o raciocínio que se põe. É uma armadilha, e não é armadilha pequena.”


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