terça-feira, 9 de abril de 2024

Enquanto bolsonaristas se sentem representados por Musk, bilionário mira seus próprios interesses em um mundo plutocrático pós-Estado

 

À TVGGN, Leandro Demori ressalta que bilionário que já defendeu golpe de Estado para subtrair riquezas da Bolívia se interessa apenas em novos negócios, especialmente minérios para a fabricação de baterias

Crédito: Reprodução/ Redes sociais

Jornal GGN:

Ao atacar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Alexandre de Moraes nas redes sociais no último final de semana, o bilionário Elon Musk fez um afago na extrema-direita brasileira, inflamando os bolsonaristas que voltaram a ter voz no X. 

Mas engana-se quem pensa que o empresário está preocupado com Jair Bolsonaro (PL) e seus seguidores, assim como os reais interesses giram em torno da preservação da liberdade de expressão, como Musk afirmou nas redes sociais nos últimos dias. 

As intenções do bilionário sul-africano giram em torno de dois objetivos de longo prazo: a exploração de minérios necessários para a produção de baterias e componentes de seus carros elétricos fabricados pela Tesla e o mundo pós-Estado, em que as grandes corporações dominariam as cadeiras estratégicas de produção em escala global.

A conclusão é do jornalista Leandro Demori, convidado do programa TVGGN 20H desta segunda-feira (8). “Tem muita coisa misturada nisso, mas a gente tem de ter na cabeça que todas elas levam a um único caminho. O Elon Musk, pelos seus meios, está até manipulando muito o discurso e manipulando boa parte da extrema-direita brasileira, não claro essas pessoas que estão no alto da pirâmide da extrema-direita brasileira que sabem muito bem o que estão fazendo. Estão fazendo isso por cargo, por poder, para fugir da cadeia, por dinheiro.”

Segundo o jornalista, os ataques ao ministro do STF demonstram apenas interesse financeiro e econômico de Musk na região. Não há ideologia por trás da estratégia das publicações nas redes sociais. Há, porém, negócios concatenados em todo o mundo.

Hipocrisia

Musk pode até usar a defesa da liberdade de expressão como justificativa para os ataques ao STF no Brasil. Mas na China, onde está instalada a principal fábrica da Tesla, o Twitter é proibido. E o bilionário nunca disse uma palavra sobre a censura imposta à rede social.

Em contrapartida, enquanto Bolsonaro era o chefe de Estado brasileiro, Musk participou de diversas reuniões e quase conseguiu concessões para monitorar, a partir de seus satélites, o desmatamento da Amazônia. “Quase fechou negócios para ter acesso sobre os dados do desmatamento da Amazônia. Obviamente o Elon Musk ia usar aquilo para mapear os minérios mais interessantes e as terras raras”, continua Demori.

Diante das facilidades oferecidas por líderes da extrema-direita, o bilionário está obviamente de olho nas eleições na América Latina e Estados Unidos nos próximos anos, a fim de influenciar os resultados para que os vencedores favoreçam os negócios da Tesla, SpaceX, entre outros empreendimentos do sul-africano.

Tanto é que a plataforma X acumula prejuízos, mas é vista por Musk como uma ferramenta de um jogo de longo prazo, já que a rede social acumula prejuízos de operação ano após ano e perdeu mais da metade do valor de mercado desde a venda para o bilionário. 

Mas ao afrontar Alexandre de Moraes, o empresário conseguiu manter os bolsonaristas inflamados, com o objetivo de mantê-los engajados até as eleições majoritárias.

“Musk já entendeu que para a esquerda, direita e centro, as democracias liberais já não funcionam mais. Estão disfuncionais por motivos variados, como falta de emprego e achatamento de salários”, comentou o jornalista. “Elon Musk está olhando para o pós-Estado. Não está nem na fase de atalhar os caminhos do poder pela política”, emenda.

Assim como outros grandes empresários, Elon Musk aposta que a era pós-Estado terá corporações supranacionais no comando de cadeias de suprimentos, mineração e distribuição. Até porque há empresas que apresentam o faturamento superior ao produto interno bruto (PIB) de vários países. É o caso do Facebook, cujos ganhos superaram o PIB de Portugal.

“Elon Musk forneceu o que é necessário para a extrema direita e forneceu o que é necessário para ele enquanto homem de negócios”, conclui Leandro Demori.

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