sexta-feira, 28 de abril de 2017

A Globo, a população, o serviço de utilidade pública, a notícia e a Greve Geral




por Alexandre Tambelli, no GGN
Certa vez Geraldo Alckmin determinou que haveria aumento da tarifa de ônibus rodoviária (metropolitano e intermunicipais) entre cidades do Estado de São Paulo.
Só que ele fez um acordo com os meios de comunicação aliados, Globo, Band, JP, Estadão, Folha, etc. para que não fosse divulgado o aumento para a população.
Estaria no Diário Oficial do Estado a informação, mas não seria informado o usuário do serviço rodoviário paulista. (Assim, quem não pega diariamente um ônibus na rodoviária/terminal não saberia que o Governo Alckmin aumentou o preço da passagem - evitou, em benefício próprio, alguma manifestação contrária ao aumento e a perda de Ibope pessoal).
Imaginemos se eu sou trabalhador e tenho 20 reais e a minha passagem custa 20 reais. Eu viajo e vou trabalhar, certo?
Naquele dia do aumento da passagem o trabalhador que tinha somente 20 reais e uma marmita ou ticket alimentação e nenhuma possibilidade de um cartão de débito ou crédito não foi trabalhar, porque a passagem não era mais 20, havia subido para, por exemplo, 22.
Este é um fato numa proporção micro.
Imaginemos, agora, um fato como a Greve Geral de hoje, fato de proporção macro, não se tornar notícia de destaque, e um serviço de informação/utilidade pública por parte da Rede Globo, que é o canal maior de informação da população brasileira.
Se não é favorável a Greve Geral vá lá, diga que não é, mas um fato que paralisou São Paulo e muitas partes do Brasil não pode ser uma escolha ou não de virar notícia. É gravíssimo.
Era condição Sine qua non manter a população bem-informada desde sempre, nos dias anteriores principalmente, para alertar seus ouvintes e telespectadores sobre os serviços públicos que aderiram a Greve Geral, como seria o sistema de rodízio, como estavam se preparando os hospitais e serviços essenciais, mais as repartições de Governo, etc. para o dia 28 de abril.
E quando, assim, não acontece duas coisas, ao menos, merecemos discutir:
1) Estamos diante de Jornalismo?
2) Receber Concessão Pública para utilização do espectro eletromagnético e agir desta maneira é tolerável numa sociedade que quer se acreditar em pleno desenvolvimento?
Repensemos as coisas.
Jornalismo é informação ou defesa intransigente de uma única Ideologia e dos seus interesses privados?

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