quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Internet e Escola Sem Partido, por Roberto Malvezzi com introdução de Leonardo Boff


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Roberto Malvezzi formado em teologia e sociologia e leigo cristão é um dos mais engajados nos movimentos sociais do vale do São Francisco. Acumulou vasta experiência com sua inserção no meio pobre do Nordeste em geral, na sua luta pela água, tornando-se um especialista no tema. Regularmente nos brinda suas reflexões sempre comprometidas mas sensatas que nos ajudam a entender a realidade a partir de outro ponto de vista, aquele dos sofredores e vítimas de nosso tipo de sociedade que cria permanentemente desigualdades (injustiças sociais), discrimina e chega até a odiar os diferentes. Malvezzi (conhecido como Gogó) desmascara a visão regressiva e obscurantista de querer submeter a escola ao controle dos pais ou do Estado, até fazendo de alunos “dedos duros” de seus mestres. Um projeto deletério e até irrealizável como é mostrado neste artigo. Publico-o aqui porque era isso mesmo que eu queria dizer e estava escrevendo. Não há por quê duplicar os esforços .- Leonardo Boff

Internet x Escola Sem Partido
Se os pais querem mesmo controlar o que seus filhos aprendem nos tempos atuais, é melhor controlar o celular que o currículo escolar e seus professores.
Na era da internet não pode haver maior estupidez que pretender controlar o pensamento humano. A Igreja Católica queimou livros na Idade Média – Fogueira das Vaidades -, Hitler no Terceiro Reich, Ruy Barbosa para apagar a memória da escravidão no Brasil. Essas atitudes apenas aguçaram a vontade de muitos para conhecerem o que se queria esconder. A curiosidade e o saber são distintivos de seres inteligentes.
O relator do Projeto Escola Sem Partido é um deputado ligado a um grupo pentecostal católico, mas apoiado totalmente por grupos evangélicos neopentecostais. Portanto, a pretensão de controle do pensamento continua pertencendo a grupos religiosos obscuros que não entraram no século XXI.
Pelo celular nossas crianças podem ler todos os livros que quiserem, acessar todos os sites pornográficos, pedófilos, todos os pensadores, os contra-pensadores, os youtubers, os blogs, os artistas, movimentos sociais, numa variedade quase infinita. Podem ainda ver e ouvir seus pastores e padres. Os experts na Rede podem ainda acessar a “Deep Web”, através de navegadores próprios, incluindo redes de prostituição, pedofilia, crimes por encomenda, tráfico humano, terrorismo, contrato de pistoleiros, assim por diante.
Portanto, a única forma de educar um filho ou filha nos dias de hoje é ajuda-los a entender o mundo, suas possibilidades e seus riscos. Não é possível voltar ao útero seguro da mãe depois que nascemos. Os próprios pais precisam ter a consciência que seus filhos têm mais acesso às informações com um celular nas mãos e trancados em seus quartos que nas escolas ou na maior das bibliotecas. E depois, saber que a liberdade é dom ontológico a cada pessoa e os caminhos da liberdade serão percorridos por cada um ao longo de sua vida.
Sem querer provocar os reacionários, mas Paulo Freire mais uma vez tinha razão: a única educação possível é para a liberdade.

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