sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Retrato de um Brasil Midiático-Alienado no rap Sobrevivente, de Gabriel o Pensador


Do Canal de Gabriel, o Pensador:



Letra: Sobrevivente 
Gabriel o Pensador/Duani

Sangue pra sua sede, ódio na sua rede, seus ouvidos têm paredes e as mentiras travam a sua visão
Tempos sombrios, peitos vazios, você foi estrangulado quando o ar ficou pesado dentro do pulmão
Sopro de vida mal agradecida do parto à partida nossa presença aqui devia ser uma missão 
Se a vida é um sopro eu abro as janelas
Se o mar é de lama eu iço as minhas velas
E busco a luz no fim da escuridão 

Me libertar da escravidão da mente
Exalar o que é impuro do meu coração 
Mas não quero a liberdade isoladamente
Liberdade vigiada é ilusão
A calamidade é banalidade
A dignidade já ficou no chão
Chove impunidade quando a lama invade
Morre uma cidade morre uma nação
Anestesiados pelas novidades 
Vistas pelo insta ou na televisão 
Nós compartilhamos nossa insensibilidade quando a atrocidade vira diversão

O suicida estava prestes a pular
As pessoas se apressaram pra pegar o celular
As memórias tavam cheias e pediram pra esperar 
Por favor não pule ainda nós queremos te filmar
E ele ouvindo lá de cima não entendia bem e não reconheceu ninguém na rua
Mas achou que aquela gente lhe queria bem
E que aquela dor não era mais só sua
Desistiu de desistir e retomou a calma
E todos foram embora quando ele desceu
O silêncio aliviou a sua alma
E o milagre foi que nada aconteceu
Deus tava vendo um jogo lá no céu 
Um anjo deu caneta e um outro deu chapéu
Não sei se era um menino do Flamengo ou qualquer outro adolescente da Rocinha, da Mangueira ou do Borel
Quantas mães em desespero 
Choram nos seus travesseiros?
Toda noite um pesadelo 
Quantas mais farão apelos
Pela justiça divina 
Já que a justiça não veio?
Pânico, assalto, chacina
Estupro, arrastão, tiroteio!
Pra eles não importa, gente viva ou gente morta
É tudo a mesma merda
Os velhos nas portas dos hospitais, as crianças mendigando nos sinais
Pra eles nós somos todos iguais
Operários, empresários e presidiários e policiais
Nós somos os otários ideais
A paz é contra a lei e a lei é contra paz 
Essa tribo é atrasada demais

A morte é banal 
Nos filmes, nos games, na vida real
Matar é normal
Na sala de aula em Suzano
E na verba roubada por baixo dos panos

Preconceito racial, social
Intolerância religiosa, sexual
E os poderosos alimentam a ignorância que sustenta a sua ganância e tudo fica sempre igual

Sangue pra sua sede, ódio na sua rede, seus ouvidos têm paredes e as mentiras travam a sua visão
Tempos sombrios, peitos vazios, você foi estrangulado quando o ar ficou pesado dentro do pulmão
Sopro de vida mal agradecida do parto à partida nossa presença aqui devia ser uma missão 
Se a vida é um sopro eu abro as janelas
Se o mar é de lama eu iço as minhas velas
E busco a luz no fim da escuridão

Me libertei da escravidão da mente
Derrubei o muro que separa a gente
Professores são heróis diariamente
Obrigado por plantarem essa semente 
Na mudança do presente eu moldo o futuro
Essa lama não vai ser maior que a gente 
Vou em frente porque o meu amor é puro
É o abraço do bombeiro com o sobrevivente.

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