segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Janot e DD Dinheirol, eis as duas… que nos deu essa elite!, por Armando Coelho Neto, delegado aposentado da PF e ex-representante da Interpol




Eis, pois, que o Ministério Público Federal teve, e talvez até tenha, como referência essas duas... E outras tantas capazes de ruborizarem corações cidadãos, humanistas, solidários e nacionalistas.


Foto José Cruz/Agência Brasil

Janot e DD Dinheirol, eis as duas… que nos deu essa elite!

por Armando Rodrigues Coelho Neto, no GGN

A Polícia Federal tucana, como ninho de netos e bisnetos da ditadura, já foi objeto de texto nosso neste GGN. Nada republicana e sempre partidária, de forma camaleônica passou de Collorida a Aecista, até desembocar na estupidez bolsopata. Sempre desafiei os policiais federais a apontarem ao menos um carcereiro ou ocupante da mais chinfrim chefia, que fosse simpatizante, filiado ou ligado ao Partido de Trabalhadores. Ninguém apontou, simplesmente por que não existia. Mesmo assim, falando até pelos cotovelos, os bolsopatas da PF diziam que a instituição estava “aparelhada”. Na verdade era aparelhada ao contrário. Mas, só hoje assume essa identidade.
Ao tratar do tema acima,  (aqui) documentei o caso de um delegado federal que foi punido por tratar um colega pelo termo “sujeito”, enquanto foi armada uma verdadeira mutreta para não punir o policial que simulou tiro ao alvo no rosto da Presidenta golpeada Dilma Rousseff. No mesmo texto, citando matéria do repórter Marcelo Auler, dei as primeiras notas sobre o que, só recentemente, foi matéria da Folha de S. Paulo: “Delegado da PF diz que Lava Jato tentou destruir provas em inquérito”.
Volto ao tema para dizer que foi desse universo promíscuo e aparelhado ao contrário, leia-se de moral duvidosa e que odeia povo, que o Partido dos Trabalhadores teve que fazer o que chamei de suas “desindicações”. O PT não tinha e não tem quadros na PF e na maioria das instituições, porque essas, salvo exceções, são naturalmente prostituídas por carreiristas vaidosos, tiranóides de plantão. Gente alinhada à cultura do Marreco de Maringá. Todos querem chegar lá a qualquer preço. Entenda-se por “lá”, um ponto imaginário qualquer que garanta prestígio, promoção, status e quiçá um dinheirinho extra, seja com palestra ou uma falcatrua qualquer.
Tudo isso ou aquilo, parte disso, mais ou menos isso, no melhor estilo Nada Menos Que Tudo, livro de Rodrigo Janot.
Foi assim, mais ou menos assim, por vezes com discursos de conveniências para agradar o Poder Central, que delegados da PF ganharam cargos, juízes se tornaram ministros do Supremo Tribunal Federal. Muitas são as especulações sobre o empréstimo de um avião da JBS para esmolar votos, pois fulanos e beltranos eram candidatos à Corte. Gente de perfil corporativista, umbilicados com seus próprios interesses, não raro abençoados por Lojas Maçônicas, cujos tentáculos se fazem presentes em quase todas, senão todas as esferas de poder dos mais de 5.570 municípios do País. Como, então, criticar as “desescolhas” daquele do PT? Rolou, ao que parece, um “é o que temos para hoje”
A rigor, as escolhas eram feitas pelo sistema, pelas circunstâncias, pelas regras paralelas de governanças com as quais a elite porca brasileiras sempre conviveu (caixa dois, troca-troca, aprovação de contas com restrições pelo TRE – para “pegar lá na esquina se preciso”, pedaladas fiscais, etc). Leia-se, regras inerentes à cultura na qual se forjaram o Marreco de Maringá, procuradores da República, delegados da PF, jornalistas e outros arautos da falsa moralidade.
Nesse contexto, a presidenta Dilma Rousseff, coagida pela mídia e pelo avanço do fascismo nacional, indicou Rodrigo Janot e sequer se atreveu, no auge da crise, a trocar o chefão da PF. Deu no que deu. Não só para ela e o Partido dos Trabalhadores, mas também para a própria dita elite brasileira.
Dilma indicou alguém que, no seu ocaso moral e profissional, escreveu um livro, cujo título, como diz um amigo, poderia ser “Confissões criminais” ou “Como a blindagem e o corporativismo deterioram o caráter”. Poderia ter como subtítulo: “A influência da concentração de poder e da ausência de controle na saúde psíquica – uma experiência concreta”.
De forma objetiva ou nas entrelinhas, Janot quis matar Gilmar Mendes, fala de Lula como objeto de desejo; do não poder investigar o larápio Eduardo Cunha (apoiado por Aécio que era contra a corrupção, lembram?); tramoias sobre o doleiro Youssef (que recebeu benesses do Marreco de Maringá, lembram?)… Irmãos Batista… Ah! Janot foi sondado para ser ministro do STF, candidato a vice-presidente da República. Eis que a Lava Jato quebra o nariz ao esbarrar em José Sarney, Renan Calheiros e Romero Jucá – tratados como “muralhas” do sistema, leia-se representantes daquela cultura Sejumoriana de que falo lá em cima. Ah! Janot adora cozinhar!  Coisas que fazem parte do livro “Nada Menos Que Tudo”.
Crimes e golpe confessados, vem o mais grave: os procuradores da República elegeram “isso” (Janot) como o mais apto para comandar a Corporação. Tem mais: sob aplauso da mídia, a imprensa o celebrou durante anos. Içaram alguém cujo equilíbrio emocional e a sanidade estão sendo postas em dúvida por psicanalistas, pitaqueiros, golpistas e leigos ou tudo isso ao mesmo tempo.
Mas, essa … foi eleita com votos daqueles que, a depender de seus alvedrios, se tornariam os substitutos da política. Negando a política passaram a fazer política, que é a forma mais calhorda de se fazer política. DD Dinheirol, por exemplo, já dava como certa sua vaga no Senado e ainda teve peninha dos eventuais adversários.
De outro giro, as revelações do The Intercept e parceiros provam o quanto essa súcia elitizada concorreu para a fraude eleitoral de 2018, que levou ao poder alguém que é mesmo a cara do Ministério Público Federal. Pelo menos a face vergonhosamente exposta pelas personagens, cujos diálogos no Telegran caracteriza a fotografia da vergonha, ou falta de.
Enquanto Janot escrevia seus excertos, testigos e escusas (palavras horríveis que juristas medíocres gostam de usar) para confessar seu imo criminoso e contribuir para desmascarar o golpe de 2018, DD urdia coisas do demônio, entre aha hurru e fraudes processuais. Enquanto alimentava seus súcubos, DD conversava às vezes com ele próprio e, de vez em quando, pasmem (!) conversava também com Deus.
Honestamente, DD ou Janot, não dá pra saber qual dessas duas … seria a mais sóbria. Eis, pois, que o Ministério Público Federal teve, e talvez até tenha, como referência essas duas… E outras tantas capazes de ruborizarem corações cidadãos, humanistas, solidários e nacionalistas.
Portanto, queira por gentileza, o leitor, substituir as reticências deste texto pela palavra feminina ou masculina que melhor defina essas duas… que representam o Ministério Público Federal, símbolo da elite brasileira, igualmente …
Armando Rodrigues Coelho Neto – jornalista, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo.

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