Do Canal do Analista Politico Bob Fernandes:
Informa Patrick Camporez no Globo: “Via Ministério da Defesa, então com o general Braga Netto, foram distribuídos R$ 401 milhões que atenderam a 11 senadores, sendo a maioria deles governistas. Sobrou verba até para uma ‘capela funerária’.”
Orçamento secreto de R$ 588 milhões no Ministério da Defesa então sob comando do general Braga Netto.
Braga Netto agora pré-candidato à vice-presidência da República na chapa com Bolsonaro. Pelo, imaginem só, PL do notório Valdemar Costa Neto.
Informa Patrick Camporez no Globo: “Via Ministério da Defesa, então com o general Braga Netto, foram distribuídos R$ 401 milhões que atenderam a 11 senadores, sendo a maioria deles governistas. Sobrou verba até para uma ‘capela funerária’.”
Coube a esses 11 parlamentares, próximos a Bolsonaro, decidir em quais redutos eleitorais seria despejada a dinheirama pública.
Coronel da reserva, Marcelo Pimentel diz no Twitter: o general Braga Netto jogou em dupla com o presidente da Câmara, Arthur Lira, o Yama.
“Yama”, no caso, um acréscimo de minha parte.
Disse mais o Coronel Marcelo Pimentel: “Pavimenta-se a rede de apoios/alianças (capital político) para as centenas de candidaturas de generais/coronéis do Exército Brasileiro”.
Sim, centenas de candidaturas nos parlamentos municipal, estadual e federal, Brasil afora.
Repetindo: centenas de candidaturas de militares. É o que o Coronel Marcelo Pimentel chama de “o Partido Militar”.
E no MEC, depois do propinoduto dos pastores, mais denúncias de corrupção. Sobrepreço, “caixinha” de R$ 700 milhões a mais para compra de 3.800 ônibus escolares.
Ciro Nogueira, o ministro da Casa Civil de Bolsonaro e dos militares, citado nessa farra escolar com dinheiro público.
E Bolsonaro, militares e essa gente ainda abrem a boca pra pontificar sobre “corrupçaum” e “pátria”. Como sobra otário no Brasil.
Em Feira de Santana, na Bahia, a Guarda Civil Municipal espanca e prende professores.
Em Brasília, policiais militares interrompem festa após convidados gritarem “Fora Bolsonaro”. O aniversariante foi intimado a prestar esclarecimentos.
No Espírito Santo um homem foi baleado (e morto), mesmo após ter se rendido.
Em Porto de Galinhas, Pernambuco, moradores viveram noite de terror depois de protestarem contra violência da Polícia Militar.
A PM foi acusada de, em meio a um tiroteio, matar Heloysa Gabrielle, 6 anos, que morava na casa da avó.
Cordovil, Rio de Janeiro. Cauã, 17 anos, desarmado, morto com um tiro no peito. PMs envolvidos. Em protesto, manifestantes incendiando ônibus.
Estes são apenas alguns poucos entre dezenas de exemplos país afora, só nos últimos dias.
Soldados, policiais militares, civis, seguranças, guardinhas das esquinas, estão todos autorizados. Empoderados ao longo dos últimos anos.
Pelas palavras e pelos atos do presidente da República, seus filhos, pelo Poder Militar que Tutela o país.
Com auxílio escabroso daquele jornalismo das horas do terror, que vende morte e violência em troca de dinheiro e votos.
Não foi obra do acaso tais fatos se multiplicarem nas proximidades, antes e depois, do dia 31 de Março.
Como se sabe, o golpe militar e civil de 1964 se deu no dia 1º de abril. Como esse é o Dia da Mentira, militares comemoram na véspera. E isso já diz muito.
No dia 31, o então ainda comandante do Exército, general Braga Netto, e comandantes da Aeronáutica e Marinha assinaram uma Ordem do Dia grotesca.
Candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro, na nota o general Braga Netto e os comandantes da Aeronáutica, Baptista Júnior, e da Marinha, Almir Garnier, dizem:
- O Golpe de 64 gerou fortalecimento da democracia.
Como sabemos, o golpe militar e civil de 64 gerou uma ridícula ditadura de 21 anos.
Com censura, sequestros, tortura, estupros e desaparecimento de presas e presos políticos, exílio e assassinatos.
Com a lógica habitual, Chefes militares repetem que a ditadura foi instalada para impedir... uma ditadura.
21 anos de ditadura para impedir uma ditadura. O nível intelectual e moral de quem defende essa tese já indica até onde fomos e estamos metidos.
Uma ditadura, é bom lembrar, que corrompeu e foi corrompida dizendo-se combatente… da corrupção.
Coisas do destino, dois personagens que, sabendo ou sem saber que trabalhavam pela volta dos militares ao Poder, naufragaram nestes últimos dias.
O ex-juiz Moro, que usou a Lava Jato como trampolim político e que, para tanto, arrebentou a indústria de construção civil pesada do Brasil.
Custo calculado pelo DIEESE: 4,4 milhões de empregos diretos e indiretos. E a perda de R$ 172 bilhões em investimentos.
E depois o conje foi faturar alguns milhões – ainda não se sabe se apenas os R$ 3,7 milhões por ele anunciados.
O entra e sai de partidos e o vaivém de sua candidatura presidencial nos últimos dias expuseram sua real dimensão.
Moro é um nanico. Sob incontáveis pontos de vista. Por ora, o que busca é um mandato para não terminar preso.
Outro foi posto a nu nos últimos dias. O governador de São Paulo, Doria, aquele do Bolso/Doria.
Doria fez que desistiria da candidatura a presidente, não desistiu porque ameaçado de impeachment se recuasse e tentasse seguir como governador.
Vocês se lembram. Dória se comprazia em anunciar uma ida, uma visita a Lula na cadeia, em Curitiba. Alguém aí se lembra, sabe o que o empresário Doria produzia e vendia com o seu LIDE?
LIDE, sua empresa transferida para os filhos quando chegou à Prefeitura de São Paulo.
O que faziam naqueles festins na Ilha de Comandatuba, na Bahia, e Brasil, ou mundo afora, empresários – que pagavam para comparecer – e ministros e governadores do governo que ele, Doria, ao mesmo tempo chamava de corrupto?
Estavam lá para namorar ou para conversar? E conversar sobre o quê?
O BBB, o Parmera, o Framengo? Nos EUA isso tem nome e é legalizado. Chama-se lobby.
Se Lula, Haddad, Ciro, Boulos transferissem para filhos uma empresa que ganha dinheiro com tal atividade seriam avacalhados pelo Doria e seus semelhantes.
Seriam investigados e com infindáveis manchetes. O resto é essa farsa e essa conversa mole toda.
Se Doria não desistir da candidatura de novo, pode terminar a eleição disputando a rabeira com o Grande Eymael.
O que as amigas e os amigos verão a seguir não é autopropaganda. Mesmo porque sabemos, temos plena consciência, dos enormes riscos do cabotinismo.
Nem é a exibição de dons proféticos, mediúnicos. É apenas uma prova de que tudo sempre esteve posto, perfeitamente à vista.
Dois anos antes da Lava Jato que levaria Lula à condenação e à prisão:
- Como já informado aqui em outros comentários, além dos que estão em julgamento do mensalão, havia, e há, um outro grande alvo. Esse alvo é Lula. No Supremo há quem não esconda esse desejo em conversas reservadas.
14 de Março de 2013. Há 9 anos Bolsonaro já era uma semente do fascismo.
- Aspas: “O cara tem que ser arrebentado para abrir a boca". Sobre a busca de corpos dos desaparecidos na ditadura, diz: "Quem procura osso é cachorro". Claro que com frases e atitudes como estas o que Bolsonaro busca é manchetes. Assim ele está no sexto mandato e já tem dois filhos parlamentares. Isso é O Ovo da Serpente, na definição do genial cineasta Ingmar Bergman. Isso tudo é a semente do fascismo. Não é bom regar.
Mesmas sementes que seguem se espalhando pelo país, um dos campeões de homicídio no mundo. Sementes somadas à liberação maciça do uso de armas, a militares no Poder e Bolsonaro e seus discursos e atos.
As sementes do fascismo, como vimos no início deste comentário, já chegaram aos mais baixos escalões do mundo dos meganhas: o guardinha da esquina. O guarda municipal.
A lassidão e o acochambramento generalizados, o salto alto imposto pelo poder eram absolutamente previsíveis.
10 de junho de 2013. Já era possível intuir que por quaisquer dois tostões, ou 20 centavos, a maionese iria desandar.
E tudo explodiu 72 horas, três dias depois, no 13 de junho de 2013.
- Mas o discurso ético não foi a única perda do PT. Outras vêm sendo impostas sob silêncio cúmplice. E pouco inteligente. Direitos da mulher sobre seu corpo. Direitos dos homossexuais. Direitos dos índios, à parte a ação de aproveitadores. Meio ambiente, à parte a ação de oportunistas. Estes, entre muitos outros, sempre foram temas caros ao PT. Temas que mobilizaram, ao menos, grupos sociais e lideranças que criaram o Partido. Em nome da manutenção do Poder, agora e já há tempos o que se tem é silêncio e submissão. O custo do silêncio e do muro é a ausência do debate de ideias. Do debate ideológico. Em ambientes como esse costuma se impor o que há de mais atrasado. Quando o debate não acontece às claras, à esquerda e à direita, o que sobra, o que prevalece, é a escuridão.
Abril deste 2022. Gasolina, diesel, gás com preços na lua. E Bolsonaro querendo entregar de vez a Petrobras inteira.
Nenhum país do mundo que se respeite como tal, que tenha pretensão de ser algo além de capacho, vende suas matrizes energéticas.
Militares e Bolsonaro querem, com urgência, entregar a Petrobras a preço de banana.
Como já tem sido feito, pedaço a pedaço. Presente e futuro do país disputado pelas gangsterias, locais e multinacionais.
Vejamos o que já estava há caminho há 9 anos, em setembro de 2013.
- O pré-sal do Brasil teria reservas de, no mínimo, 70 bilhões de barris de petróleo. Pode ter até 80 bilhões de barris, segundo estimativa de quem é muito do ramo. Isso, a preços do momento, significa uns 8 trilhões e 800 bilhões de dólares. Ou, algo como 20 trilhões e 400 bilhões de reais. Vinte trilhões e 400 bilhões de reais equivalem a uns cinco PIBs do Brasil. Por algo que vale 8 trilhões e 800 bilhões de dólares, Estados Unidos, Inglaterra, as chamadas grandes potências fariam e farão qualquer coisa. Espionaram e espionarão o que entenderem ser preciso.
E como não ver o que seria e foi a farsa do impeachment e para onde arrastaria o Brasil?
- Bem, cada um tem a sua avaliação, não tenho como saber. Mas eu acho que essa expressão “golpe”, na verdade, é uma armadilha. Porque ela reduz e encaixota um debate que é jurídico, técnico e binário ao que, no meu entender, é uma grande farsa. Durante um ano, o ano passado, todo o jornalismo sabia quem era Eduardo Cunha, quem é do ramo sabia. No entanto, a cada votação, por exemplo, de algo decisivo para o país, que era a Reforma Política, se tinha no dia seguinte as manchetes: "Eduardo Cunha derrota o governo", "Eduardo Cunha derrota Dilma". Não derrotou o governo, ele derrotava a sociedade.
Fevereiro de 2020. Há dois anos e dois meses, assassinado o capitão PM Adriano da Nóbrega.
O que agora, no presente, se trama para o futuro próximo, já estava então em andamento, perfeitamente visível.
Tinha a ver com a última ditadura. E com o futuro. Personagens e a articulação lá já estavam, solares.
- Braga Netto comandou a Inteligência no Rio até o final de 2018. O general tem fama de competente. Difícil que, mesmo informalmente, mesmo sem provas, se saiba mais do que o general sabe sobre o que aconteceu e o que acontece e como acontece no Rio. O futuro mostrará o que tudo isso significa, o que tem a ver com o passado.
O que agora está posto, milhões se recusam ou fingem não ver.
Os militares estão no Poder, são o Poder novamente. No Palácio e no comando de todas as estatais que tenham dinheiro e Poder.
Trabalhando pesado para continuarem no Poder.
Os militares são, cada vez mais, uma casta. Têm previdência integral, se aposentam com qualquer idade, podem acumular um segundo emprego.
No topo, no governo e não só, generais e que tais recebem mais de R$ 100 mil por mês.
O general Braga Netto era ministro da Defesa até a semana passada. Vejamos as coincidências na sua extraordinária trajetória.
Em 2018 Braga Netto foi o interventor no Rio. Com todos os serviços de informação ao seu dispor.
Do Exército, Marinha, Aeronáutica, das polícias militar, civil, e federal.
À época, a cidade do Rio de Janeiro já tinha estimados 57% do seu território sob comando de milícias e facções.
O que aconteceu de lá pra cá nesses 4 anos? Nada. Ou melhor: o milicianato ascendeu. O crime organizado se consolidando, em aliança com a Política.
E o general? O general saiu do governo obviamente com um mapa do crime organizado no Rio de Janeiro.
E dali ele foi chefiar o Comando Militar do Leste. E de lá saltou para a Chefia do Estado Maior do Exército.
Notem o percurso e as coincidências. A 18 de fevereiro de 2020, Braga Netto assumiu a Chefia da Casa Civil de Bolsonaro.
Convite feito dois dias, 48 horas, depois do assassinato do capitão Adriano da Nóbrega.
Adriano, o capitão associado ao Queiroz, o faz-tudo dos Bolsonaro. A Ronnie Lessa, o assassino de Marielle e Anderson. E a Flávio Bolsonaro, o 01.
Adriano, o Chefe do Escritório do Crime, uma agremiação de pistoleiros e matadores de aluguel. Adriano que empregava mãe e mulher no gabinete de Flávio Bolsonaro.
Flávio Bolsonaro, como se sabe, condecorou o matador com a Medalha de Tiradentes.
Já o seu pai, o hoje presidente da República, defendeu Adriano na Tribuna da Câmara dos Deputados.
Quatro dias depois de Adriano ter sido condenado por assassinato.
Se eu e vocês sabíamos disso e dos óbvios significados, o general Braga Netto sabia e sabe muito mais.
Como recomendava Brecht, distanciem-se um pouco e pensem: o que mais é preciso dizer e demonstrar?
É preciso ser profeta, oráculo, pitonisa para entender os significados dessa ciranda?
Braga Netto, agora pré-candidato de Bolsonaro à vice-presidência da República.
E dele seguimos não ouvindo um A sobre o que conhece e sabe sobre o crime organizado. Sobre as milícias e facções Rio e Brasil afora.
Anotem: quando for preciso, em meio à eleição, o general dirá, evocando as Forças Armadas sem precisar citá-las, apenas como promessas embutidas, intuídas de um super-herói que virá para nos salvar.
Os efeitos dessa tutela militar renascida já estão aí. É a guarda municipal de Feira de Santana espancando professores.
É, em Pernambuco, a PM impedindo manifestações depois de Heloysa, 6 anos, ser morta em Porto de Galinhas, na casa da avó. Numa troca de tiros entre supostos bandidos e os PMs.
É a PM em Brasília, em São Paulo, na Bahia, no Ceará, no Pará, no Rio Grande do Sul, em todo lugar.
É o guardinha da esquina investido do poder de fazer o que bem entender.
Isso é a construção do fascismo.
Por ora estão levando, batendo. Mas não vejamos isso apenas como derrota.
Isso, mesmo que a contragosto, termina sendo também lição, ensinamento. É o recordar às novas gerações o que é o fascismo, a ditadura, o que são os militares exercendo Poder político.
Isso é reafirmar a história que os militares tentam, em vão, reescrever.
Metidos, por exemplo, na distribuição política de mais de um bilhão do orçamento secreto.
O vento sempre vira. Façam o que fizerem, mais ano, menos ano, vai virar.
Mas se não virar logo, o país será definitivamente ferido como possibilidade de nação.
País algum aguenta esse grau de decomposição, de destruição.
Multidões de famélicos perambulam pelas ruas, pelas cidades como se fossem invisíveis.
A seguir com facções, milícias e bandos cada vez mais armados, o que veremos com forças, com armas, lutando intestinamente pelo poder e se corrompendo?
Se seguir, isso terminará mal, muito mal. E os responsáveis serão estes que, de novo, estão aí. No Poder.
Mamando. Embrutecendo e emburrecendo o país. E nem se pode dizer que como nunca se viu antes.
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