quarta-feira, 31 de agosto de 2016

A Lista de Furnas, que envolve o falso Messias Bolsonaro, é verdadeira, afinal. Artigo do jurista Pedro Maciel


(veja também: Folha de São Paulo: Novo laudo da PF indica que lista de Furnas é autêntica)

A Lista de Furnas é o nome atribuído ao esquema de corrupção e lavagem de dinheiro iniciado no governo FHC envolvendo a empresa estatal Furnas Centrais Elétricas, e que teria abastecido a campanha de políticos em sua maioria do PSDB e PFL, hoje DEM desde 1996.
O escândalo foi originalmente divulgado pela revista Carta Capital em 2006. A revista denunciou políticos, magistrados e empresários por terem recebido dinheiro de propina através do então diretor da empresa Furnas Centrais Elétricas Dimas Toledo e do publicitário Marcos Valério.
Entre os nomes que constam na lista estão o do ministro do STF Gilmar Mendes e de políticos como José Serra, Geraldo Alckmin, Aécio Neves, Delcídio Amaral, Roberto Jefferson e Jair Bolsonaro. Mas há mais de uma dezena de outros personagens de "ilibada conduta moral" na tal lista.
A imprensa nunca deu atenção a esse fato, apesar da gravidade dos fatos e dos nomes envolvidos (talvez não tenha despertado interesse porque o PT não protagonizava o esquema e sim o PSDB) e a oposição buscou nos EUA um perito, acusado por lá de perjúrio, para desqualificar a autenticidade da lista de furnas. Espetacular!
Bem, o tempo passou e o assunto voltou no âmbito das investigações da Operação Lava-Jato e a lista de furnas retornou ao noticiário.
No termo de colaboração nº 20 da Delação Premiada de Alberto Youssef, o doleiro diz ter ouvido que o já falecido ex-deputado e ex-presidente do PP José Janene e o então senador e ex-candidato à presidência pelo PSDB Aécio Neves, que exerceria influência na diretoria de Furnas entre os anos de 1996 e 2002, dividiam propinas recebidas de empresas que prestavam serviços para Furnas. Aécio receberia a propina por intermédio de uma de suas irmãs. Mas o zeloso Ministério Publico Federal concluiu que as afirmações de Alberto Youssef seriam muito vagas e o Senador playboy escapou naquela época de ser investigado porque foi ignorado o principio In Dubio Pro Societate.
Mas em depoimento ao juiz Sérgio Moro, o lobista Fernando Moura afirmou que a propina em Furnas continuou sendo controlada por Aécio Neves também no governo Lula, e que o esquema de propina se assemelhava ao instalado na Petrobras. Segundo o delator, um terço da propina era para o PSDB de São Paulo, um terço para o PSDB nacional e um terço Aécio Neves.
Bem, quem sabe agora os tucanos citados na lista de Furnas tenham o tratamento adequado aos acusados, aos suspeitos e aos citados em processos e inquéritos que envolvam interesse e dinheiro públicos. Talvez agora o MPF reencontre aplicação do principio In Dubio Pro Societate, ou seja, instaure inquérito para investigação, pois a sociedade tem o direito à verdade.
Advogado, sócio da Maciel Neto Advocacia, autor de “Reflexões sobre o estudo do Direito”, Ed. Komedi, 2007

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