terça-feira, 26 de outubro de 2021

A "animada conversa" de André Esteves, o banqueiro que ri à toa por, sócio de Guedes, ganhar muito dinheiro em cima da desgraça do povo brasileiro.

 

Nas palavras de Cristina Serra, na Folha, o banqueiro André Esteves exibe “sua influência”, “com uma mistura de cinismo e boçalidade envernizada”, se achando “educado só porque sabe usar os talheres”

Da Ubs Magna, citando Cristina Serra, da Folha:



O banqueiro André Esteves, em foto de 2018. Mídia repercute áudio de conversa de empresários durante encerramento do evento “Future Leaders“, quando o dono do BTG Pactual disse, em transcrição publicada na Folha: “O secretário do Tesouro [Jeferson Bittencourt] acabou de renunciar com mais três outros, tem mais quatro ameaçando e eu atrasei um pouquinho aqui porque o presidente da Câmara me ligou para perguntar o que eu achava“. Esteves diz que teria respondido ao deputado: “Arthur, vou dar uma palestra aqui já já, se você quiser você dá um pulo aí. Mas não está legal, né?“. No áudio vazado, é possível ouvir a plateia rindo nesse momento. Procurado, Lira não respondeu à reportagem. O BTG também afirmou que não irá se manifestar


Nas palavras de Cristina Serra, na Folha, o banqueiro André Esteves exibe “sua influência”, “com uma mistura de cinismo e boçalidade envernizada”, se achando “educado só porque sabe usar os talheres”

Texto da jornalista Cristina Serra, na Folha de S. Paulo, repercute o áudio vazado com exclusividade pelo portal Brasil 247.

Com seu característico tempero de escritora, ela diz que a “animada conversa entre o banqueiro André Esteves e um grupo de clientes, entrecortada por risadas típicas de quem está ganhando muito dinheiro, ainda que o país esteja uma desgraçaé uma aula sobre os donos do poder no Brasil.

O banqueiro faz questão de exibir sua influência junto às mais altas instâncias do poder político, com uma mistura de cinismo e boçalidade envernizada, própria de quem se acha educado só porque sabe usar os talheres“, escreve Serra. “Esteves jacta-se de seu prestígio junto ao presidente da Câmara, Arthur Lira“.

Serra referiu-se ao trecho da conversa em que o banqueiro diz, de acordo com a transcrição de outra matéria publicada também na Folha, que “o secretário do Tesouro [Jeferson Bittencourt] acabou de renunciar com mais três outros, tem mais quatro ameaçando, e ele atrasou um pouquinho aqui porque o presidente da Câmara me ligou para perguntar o que eu achava“.

Em seguida, Esteves diz que teria respondido ao deputado: “Arthur, vou dar uma palestra aqui já já, se você quiser você dá um pulo aí. Mas não está legal, né?“.

No áudio vazado, é possível ouvir a plateia rindo nesse momento, diz a matéria da Folha e, procurado, Lira não respondeu à reportagem e o BTG afirmou que também não se manifestaria.

De volta a Cristina Serra, a escritora diz que o banqueiro “gaba-se do acesso ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a ponto de este tê-lo consultado sobre o nível da taxa de juros, atitude que é um escândalo de relações carnais entre o público e o privado“.

O portal Brasil 247 relata que Esteves diz que Campos Neto “ligou para ele para saber qual que deveria ser o piso (“lower bound”) da taxa de juros no Brasil. Esteves faz fartos elogios a Campos Neto e diz que se o ex-presidente Lula vier a ser eleito em 2022, “teremos mais dois anos de Campos Neto, o que será ótimo para o Brasil”, fazendo referência à independência do Banco Central“. Ainda no 247, “Esteves diz que também “educou” políticos e ministros do Supremo Tribunal Federal para que a independência do BC fosse aprovada.

Assista (ouça) e leia mais a seguir:

Cristina Serra prossegue dizendo que Esteves, “compara o impeachment de Dilma Rousseff ao golpe de 1964.

A escritora Cristina Serra prossegue e, transcrevendo trecho da fala de André Esteves, considera sua análise sobre o Brasil “tortuosa“, quando ele diz que no “dia 31 de março de 64 não teve nenhum tiro, ninguém foi preso, as crianças foram pra escola, o mercado funcionou. Foi [como] o impeachment da Dilma, com simbolismos, linguagens, personagens da época, mas a melhor analogia é o impeachment da Dilma“.

Na visão da escritora, “a comparação é um insulto aos milhares de presos, perseguidos, torturados e assassinados na ditadura“.

Mas este “raciocínio de Esteves“, diz a jornalista “faz sentido ao aproximar (talvez sem querer) as duas datas infames: 1964 e 2016 foram golpes“.

A conversa desinibida do banqueiro desnuda, de maneira explícita, um país refém de meia dúzia de espertalhões do mercado financeiro“, conclui Serra.

A fala de Esteves de mais de uma hora ocorreu durante encerramento do evento “Future Leaders” da companhia, na quinta-feira (21), e reuniu cerca de 30 pessoas, no mesmo dia da debandada de secretários do Ministério da Economia, após a pasta chancelar drible no teto de gastos proposto pela ala política do governo.

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