terça-feira, 4 de junho de 2024

Militar bolsonarista e suplente do PL fatura mais de R$ 11 milhões com escolas cívico-militares, diz site

 

Comandada pelo capitão do Exército Davi Lima Sousa, Abemil tem contratos com dez prefeituras brasileiras


 Do ICL Notícias:

Nem só de ideologia vive o Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares (PECIM), criado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro em 2019. Há também muito dinheiro envolvido. Segundo levantamento do site Metrópoles, pelo menos dez municípios firmaram contratos sem licitação com a Associação Brasileira de Educação Cívico-Militar (Abemil), totalizando mais de R$ 11 milhões.

De acordo com os jornalistas Jessica Bernardo e Luiz Vassallo, o esquema milionário seria comandado pelo capitão do Exército Davi Lima Sousa, suplente de deputado federal pelo PL (Partido Liberal). Com sede na Asa Norte, em Brasília, a entidade foi criada e é administrada pelo militar, que oferece “orientação técnica” para viabilizar a mudança de formato nos colégios de diversas prefeituras brasileiras.

Entre as cidades que já assinaram contratos com a Abemil para terem escolas cívico-militares está a Prefeitura de Lins, no interior de São Paulo. Administrada pelo delegado bolsonarista João Pandolfi (PSD), o município contratou a entidade, em 2022, por R$ 598 mil.

Desde então, houve a prorrogação dos serviços por duas vezes. Com isso, até o fim da parceria com a entidade, prevista para terminar em abril de 2025, serão cerca de R$ 1,9 milhão repassados à ONG.

Reduto de suplente é em MG

Segundo o Metrópoles, Minas Gerais é o principal reduto da Abemil. A entidade está presente em nove escolas de cinco cidades e já recebeu mais de R$ 5,2 milhões.

O município de Buritis, por exemplo, contratou a ONG por R$ 1,7 milhão. Com apenas 25 mil habitantes, a cidade tem hoje seis escolas cívico-militares — é o maior número do país.

Já a cidade de Porto dos Gaúchos, que tem pouco mais de 5 mil habitantes, também fechou contrato com a Abemil. O valor é de de R$ 1 milhão.

Davi Lima Sousa em reunião com representantes de Minas Gerais, incluindo o deputado federal Maurício do Vôlei (PL)

Site

No site da Abemil, a entidade, que diz não ter fins lucrativos, exibe todos os trâmites para que os municípios possam concretizar a implantação de escolas cívico-militares.

A ONG, contudo, não informa que, após todos os trâmites para instituir o modelo militarizado de ensino, assina contrato sem licitação com as prefeituras envolvidas.

Suplência

Em 2018, Davi Lima Sousa disputou uma vaga de deputado no Distrito Federal pelo PTC, mas teve somente 1.803 votos e ficou como suplente.

Quatro anos depois, concorreu à Câmara dos Deputados pelo PL. O militar teve 3.826 votos e ficou com a vaga de suplente pela coligação.

Respostas

Procurada pelo site Metrópoles, a Abemil informou ser “independente e apartidária”, e que foi constituída com o “propósito inequívoco de implementar e manter o modelo de educação cívico-militar”.

A entidade afirmou ainda que presta serviços em 19 escolas em todo o país e contar com “um corpo de funcionários civis e militares da reserva, criteriosamente selecionados”.

O Metrópoles também enviou pedidos de esclarecimentos às 10 prefeituras que celebraram parcerias com a Abemil, mas não teve retorno até a publicação desta reportagem.

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