terça-feira, 14 de abril de 2020

A necessidade de mudar o modelo dos planos de saúde, por Luis Nassif


Em geral, os planos de saúde são de prestadores de serviços, que permitem aos associados a escolha de médicos e hospitais. Na ponta, não há o menor controle sobre a quantidade de pedidos de exame solicitados. Muitas vezes, a consulta não é resolutiva, obrigando o paciente a voltar aos médicos. E não há condições para políticas de prevenção de doenças.
Jornal GGN:
Há tempos, o caso Prevent Senior chamou a atenção de setores de saúde. A empresa foi montada para atender especificamente o público de mais de 60 anos, submetido a mensalidades exorbitantes nos planos convencionais. A empresa conseguiu montar planos com mensalidades substancialmente inferiores e com um serviço diferenciado.
Seu presidente, Fernando Parrillo, considera altas mensalidades de R$ 1.500,00 para essa faixa; e exorbitantes mensalidades de mais de R$ 5 mil em muitos planos.
O modelo de negócio da Prevent Senior foi outro. Em geral, os planos de saúde são de prestadores de serviços, que permitem aos associados a escolha de médicos e hospitais. Na ponta, não há o menor controle sobre a quantidade de pedidos de exame solicitados. Muitas vezes, a consulta não é resolutiva, obrigando o paciente a voltar aos médicos. E não há condições para políticas de prevenção de doenças.
Além disso, na ponta há uma espécie de rentabilização do cliente pelos prestadores de serviços – médicos e hospitais -, com pedidos recorrentes de exames. Se o paciente consultar dois médicos, para questões distintas, será obrigado a repetir os mesmos exames, justamente pela ausência de um banco de dados consolidando sua ficha.
Anos atrás, alguns planos mais bem organizados tentaram montar uma espécie de rating dos médicos, de acordo com a sua eficácia. Passaram a analisar o médico de acordo com um indicador de resolutibilidade – isto é, de resolver o problema do paciente na primeira consulta – e de gasto com exames. Mas a contrapartida consistia apenas na indicação preferencial do médico, caso o cliente consultasse a operadora sobre um especialista.
O modelo Prevent se desenvolveu em torno de hospitais próprios que atendem o seu público. Há um acompanhamento do estado de saúde dos fregueses e trabalhos permanentes de prevenção.
Como explica Parrillo, as pessoas mais velhas (eles tratam como idosos apenas as pessoas com mais de 80 anos) recorrem mais às consultas. O segredo, portanto, consiste em um acompanhamento próximo e em trabalhos de prevenção, reduzindo a necessidade de cirurgias e outros procedimentos onerosos.
Na verdade, repete-se, em ambiente privado, o modelo bem-sucedido da medicina inglesa – transplantado para o Brasil com os programas de médicos de família. No caso inglês, o modelo é de capitação – uma corruptela da expressão per capita. Cada grupos de ingleses responde a um especialista, que recebe uma quantia per capita para administrar. Cabe ao especialista negociar com planos privados, com fabricantes de remédios, e prover o grupo de políticas preventivas.

O caso cloroquina

Aqui, a íntegra da entrevista com Fernando Parrillo, na qual ele narra experiências da Prevent com a cloroquina, valendo-se do enorme público de pacientes de risco que atende. A pesquisa foi feita com 360 pacientes e consistiu em analisar os efeitos de cloroquina aplicada nos dois primeiros dias da coronavirus. Em muitos casos, a cloroquina foi aplicada ainda na casa do paciente, já que os que chegam ao hospital já tem o vírus há cinco ou seis dias.
Segundo ele, todos os pacientes em que foi ministrada a cloroquina nos dois primeiros dias tiveram recuperação mais rápida. A pesquisa se estendeu também a pacientes que já tomavam a cloroquina para outras doenças.
Os resultados foram encaminhados ao Ministério da Saúde e a organismos científicos internacionais que deverão responder, proximamente, sobre sua validade.
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