terça-feira, 1 de novembro de 2022

'Bolsonaro está isolado e seu papel no futuro governo será muito menor do que se imagina', diz Merval Pereira

 "Ele está completamente isolado nessa posição histérica de fingir que não aconteceu nada", diz o jornalista Merval Pereira

www.brasil247.com - Merval Pereira e Bolsonaro

Merval Pereira e Bolsonaro (Foto: Reprodução/TV Globo | REUTERS/Mariana Greif)

247 - O jornalista Merval Pereira, destaca, em sua coluna no jornal O Globo, que “Lula tem que confirmar seu discurso de eleito, magistralmente montado como se marcasse sua posse no cargo que só assumirá em janeiro, de que seu terceiro governo será mais amplo, além do PT, um governo de união nacional, de uma frente democrática ampla”.

Para ele, “é preciso que o governo esteja representado pela pluralidade de apoios que Lula obteve, sem o que Bolsonaro possivelmente teria vencido a eleição. Lula representa muito mais que o PT, é um líder importante com uma visão de futuro não sectária, que ajudou a viabilizar essa ampla coalizão democrática em torno dele”.

“Pelos primeiros movimentos, está imbuído desse espírito, sabe que o governo dele só vai para frente se ampliar os apoios partidários. O silêncio de Bolsonaro não significa necessariamente que esteja armando algo, apesar do cerco dos caminhoneiros. Ele não ter falado ainda demonstra sua personalidade autoritária, o incômodo antidemocrático com rituais civilizados”, avalia.

Ainda segundo o jornalista, “ele está completamente isolado nessa posição histérica de fingir que não aconteceu nada. Bolsonaro ainda tem dois meses na Presidência da República, está com um país convulsionado, uma situação no mínimo delicada. Qualquer líder político normal, equilibrado, estaria triste pela derrota por tão pouco, mas feliz com a votação espetacular que obteve, e se prepararia para comandar a oposição. Ele deve saber que grande parte desse eleitorado não é dele, é anti-PT. Assim como Lula deve saber que grande parte do eleitorado dele é antibolsonarista, e não petista.

“Isso faz com que os dois grandes líderes populares no momento tenham de ter um projeto, uma estratégia, para manter seus apoiadores ou ampliar esse apoio. Bolsonaro não tem organização mental, nem partidária, para tal tarefa. Tenho a impressão de que seu papel no futuro governo será muito menor do que se imagina”, observa. 

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