Em primeira aparição após a vitória, Lula diz que Bolsonaro deve reconhecer derrota e fala da disputa pelo comando da Câmara e Senado
Eleito em 30 de outubro, o presidente Lula (PT) falou à imprensa no início da noite desta quarta-feira (9), após passar o dia visitando os presidentes da Câmara e do Senado, além dos ministros do Supremo Tribunal Federal e Tribunal Superior Eleitoral. Na primeira fala desde o dia da vitória, Lula se comprometeu a devolver ao Brasil à “normalidade” institucional e à “harmonia” entre os três Poderes.
O petista fez algumas críticas a Jair Bolsonaro, que nutriu durante todo o mandato uma postura beligerante com o Judiciário. “É possível a gente recuperar a harmonia entre os Poderes. É plenamente possível recuperar a normalidade da convivência entre as instituições brasileiras, que foram atacadas e violentadas por uma linguagem nem sempre recomendável, [adotada] por algumas autoridades ligadas ao governo”, disparou Lula.
O presidente eleito cumprimentou o Judiciário pelo enfrentamento à criminalidade e aos movimentos que desrespeitam a democracia e o resultado das urnas. Lula também defendeu a lisura do processo eleitoral e a confiança no sistema de votação eletrônico, falou dos protestos e bloqueios em estradas organizados por bolsonaristas revoltados com sua vitória, e comentou a postura de Bolsonaro após a derrota.
“Essas pessoas que estão protestando não têm pelo quê protestar. É preciso detectar quem está financiamento esses protestos que não têm nem pé nem cabeça”, disse Lula.
“Não existe possibilidade [de fraude nas urnas]. Ninguém vai acreditar no discurso golpista de alguém que perdeu as eleições. Eu perdi 3 eleições, e cada vez que eu perdia, eu voltava para casa. (…) Cabe ao presidente [Bolsonaro] reconhecer sua derrota, fazer uma reflexão e se preparar para concorrer na próxima. É esse o jogo democrático”, comentou Lula.
Centrão e Arthur Lira
Após visita ao presidente da Câmara, Arthur Lira – o primeiro chefe de uma instituição a reconhecer a vitória de Lula -, o presidente eleito falou da expectativa que tem para o relacionamento com o Congresso.
Lula disse que “não enxergo na Câmara o chamado Cnetrão, eu enxergo deputados que foram eleitos e vamos ter que dialogar com eles.”
“O Centrão é composto por vários partidos políticos que o PT, o Alckmin e eu teremos de aprender a conversar”, acrescentou.
Lula ainda disse que não vê obstáculos no Congresso à chamada “PEC da transição”, que visa ajustar o orçamento 2023 para viabilizar programas sociais.
Sobre a possibilidade de apoiar a recondução de Lira à presidência da Câmara, Lula saiu pela tangente: “Não cabe ao presidente da República interferir no Senado e na Câmara. Somos poderes autônomos”.
Em uma das leves provocações a Bolsonaro, Lula disse que pretende trabalhar “24 horas por dia”. “Não vou trabalhar apenas 3 ou 4 horas por dia. Vou trabalhar o dia inteiro porque temos uma divida a resgatar com o povo pobre desse País”, apontou.
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