"Bolsonaro mostrou-se um incompetente como chefe político e um completo covarde como homem", escreve Mario Vitor Santos
Há quatro anos, por esta mesma época, o país ainda tentava assimilar o impacto da eleição de Jair Bolsonaro, um parlamentar e ex-capitão de extrema-direita, herdeiro político extremo do que houve de mais hediondo nos tempos da ditadura militar de 64.
Vai ser necessário algum tempo para que sejam sentidas as consequências da debacle ocorrida no domingo passado. Seus efeitos ainda estão se disseminando e devem evoluir para uma desmoralização irrecuperável. Alguns efeitos são demorados, outros rápidos demais. Partidos já transitam, veículos de mídia também.
Muitas vezes é na derrota que o perdedor se revela e decepciona seus seguidores. Bolsonaro não está se demonstrando fiel à sua palavra. Fez seguidos chamamentos ao golpe. Disse que as urnas eram fraudadas e não aceitaria o resultado. Seus adeptos mais sinceros seguiram o figurino, cheios de fervor. De joelhos imploraram por golpe e ditadura militar diante dos quartéis, braços esticados na saudação nazista. Passaram dias expostos às intempéries tumultuando a vida do país em bloqueios insanos.
Enquanto isso, Bolsonaro se tranca às escuras no Palácio da Alvorada. Fecha-se por três dias sem dizer sim nem não e quando fala é ambíguo e tíbio. O machão falastrão de arminha na mão agora diz que está triste e pede desculpas ao seu gado. Não há golpe algum, não vai haver virada de mesa nem ditadura. Deram com os burros nágua. É da vida. Não dá pra vencer todas. O que não dá para ignorar é o fato de o sujeito insuflar por meses uma rebelião e, quando ela se materializa, o Mito nem dá as caras.
Derrotado e desacreditado, Bolsonaro é agora evitado por chefes militares que até há pouco participavam da farsa. O mesmo tratamento lhe é dado pelos caciques políticos da Câmara e do Senado, já negociando espaços no novo governo. Bolsonaro tenta manter o movimento que criou.Só saberemos quando a derrota decantar. Bolsonaro não visitou um doente ou família na pandemia. Agora, o machão imolou os revoltosos que acreditaram nele, e que esperaram uma sublevação dos militares.
Uma insurreição que ele sempre promoveu, em meio a anos de acessos de ódio e insanidade. Revelado agora o maior de todos os seus blefes, o militar, "durão" como os torturadores de 1964 que defende, mostrou-se um incompetente como chefe político e um completo covarde como homem. Não terá papel relevante no futuro.
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