quinta-feira, 2 de setembro de 2021

Da coluna de Guilherme Amado, no site Metrópoles: “Ex-mulher de Bolsonaro ficava com 80% do meu salário”, diz homem que trabalhou para família

 Do Portal Metrópoles:

Marcelo Luiz dos Santos, que trabalhou por 14 anos para o clã Bolsonaro, afirma que Ana Cristina Siqueira Valle chefiava rachadinha na Alerj

atualizado 02/09/2021 20:59

Marcelo Luiz Nogueira dos SantosArquivo pessoal

Marcelo Luiz Nogueira dos Santos, funcionário da família Bolsonaro durante 14 anos, afirma nesta entrevista que Ana Cristina Valle, ex-mulher do presidente, comandou o esquema de rachadinha no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro antes de o ex-policial Fabrício Queiroz ser contratado para a função.

Segundo Marcelo, o esquema era replicado por Ana Cristina no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro. O ex-funcionário da família também declara que a mansão onde Ana Cristina mora atualmente com o filho, Jair Renan, no Lago Sul, em Brasília, foi comprada por ela e registrada em nome de laranjas. A propriedade tem 1.200 m² de área total e 395 m² de área construída, piscina de 50 m², aquecimento solar e quatro suítes.

A defesa de Flávio Bolsonaro afirmou para a coluna que o parlamentar desconhece as afirmações de Marcelo Luiz Nogueira dos Santos. Também disse não saber de supostas irregularidades que possam ter sido praticadas por ex-servidores da Alerj ou possíveis acertos financeiros que, eventualmente, tenham sido firmados entre esses profissionais. A nota ainda afirmou que Flávio sempre seguiu as regras da Assembleia Legislativa e que tem sido vítima de uma campanha de difamação.

Carlos e Jair Renan Bolsonaro foram procurados, mas não responderam. A coluna não conseguiu contato com Ana Cristina Valle. O espaço está aberto para manifestações.

Leia abaixo os primeiros trechos da entrevista de Marcelo à coluna

Como começou sua relação com a família Bolsonaro?

Eu namorava o cabeleireiro dela [Ana Cristina] no Rio. Eu trabalhava numa confecção há sete anos. Fiquei desempregado. Na época, tinha seis meses de auxílio-desemprego para receber. Conversando com ele, falei: “Poxa, Cláudio, estou acostumado a trabalhar. Não consigo ficar em casa”. Sempre trabalhei, desde novo, e não conseguia ficar em casa. Ele disse: “Marcelo, está em época de campanha, tem uma cliente minha que é esposa de um político aí. Quando ela for ao salão, vou perguntar a ela, porque sempre pegam gente para trabalhar nessa época, e não tem vínculo, vai receber seu dinheiro e ainda receber auxílio”. Achei uma boa. Ana Cristina foi ao salão, Cláudio falou com ela, que me mandou ir lá no gabinete do Flávio em Bento Ribeiro. Foi quando a conheci e comecei a trabalhar na campanha. Ela gostou de mim, o Bolsonaro e os garotos gostaram.

Em que ano foi isso?

2002. Foi na primeira campanha do Flávio. Gostaram de mim e fiquei. Foi quando o Flávio foi eleito e tinha de lotar o gabinete. Foi quando ela me procurou e me convidou a trabalhar sugerindo essa questão da rachadinha.

Ela propôs como?

Que eu teria um contracheque no valor tal, mas teria que passar para ela o valor tal, que nem lembro na época quanto era. Minha situação era de uma pessoa desempregada, ganhava pouco na confecção. Eu não iria dispensar. Ia ter conta em banco, todos os meus direitos.

Ela ficava com 80%?

Ficava. E eu trabalhava, hein? Das pessoas que não trabalhavam, que eram só laranjas, ela ficava com praticamente tudo, só dava uma mixaria para usar o nome e a conta da pessoa. Eu ainda ganhava mais ou menos, porque trabalhava. Para o pessoal de Resende, ela só dava um “cala-boca” para usar o nome e a conta, porque eles não trabalhavam. Eu trabalhava, então ganhava um pouco a mais. Não era igual para todo mundo. Cada caso era diferente. Mas vamos colocar nessa faixa, de uns 80%.

Você tem alguma maneira de provar?

Aí não, eu tenho só a palavra mesmo.

Quanto tempo você ficou no gabinete de Flávio Bolsonaro?

No do Flávio, fiquei de janeiro de 2003 a meados de 2007. Peguei dois mandatos dele. Saí de lá no ano da separação.

Qual era sua função?

Ficava no gabinete do Flávio. Às vezes, ficava no gabinete de campanha de Bento Ribeiro. Eram vários serviços. Atendia cliente por telefone, tinha o serviço de correspondência. Cada época variava. Tinha muito trabalho de correspondência. Envelope, informativo, quase o ano inteiro, para colocar selo, etiqueta. O serviço era quase todo esse. Tanto para o Flávio como para o Carlos era assim: quando nos mandavam para lá, era para atender os eleitores que iam ao local, atender telefone. Sempre faziam um rodízio. Quando eles não estavam lá, íamos para o gabinete de campanha em Bento Ribeiro para fazer esse trabalho informativo, para botar para os eleitores. Esse era o forte dele. E também entregávamos na rua. Ele sempre fez questão de entregar as cartas em mãos. Ele nos colocava para a rua. Dividia por área e nos mandava entregar de casa em casa. Queria que procurássemos, conversássemos com o eleitor. Por isso, tem um eleitorado muito fiel. Sempre fez questão de estar presente. O Flávio falava: “Não é para chegar lá, enfiar no correio ou em cima do muro. Chame, veja se ainda está vivo”, até porque tinha muito aposentado e, se tivesse morrido, para tirar do cadastro. Nosso trabalho era esse. Frequentava a casa dele direto. A Ana Cristina não tinha amigos. Ela se apegou a mim, e eu frequentava a casa deles direto.

Você começou a trabalhar com o Jair Renan criança, certo?

Tinha uns 3, 4 anos. E ia para lá direto. A Ana Cristina me chamava, porque o Renan se apegou muito a mim. Era sozinho. Ninguém tinha tempo para ele. Eu sempre fui criança. Quando passei a frequentar a casa dele, brincava com ele, o levava para correr na rua. Foram morar na Barra, em frente à lagoa, o Renan adorava catar guaiamu. Ia com ele. Ele se apegou muito a mim. Quando saía do trabalho, eu ia com eles no carro para a casa deles. Dormia lá, no dia seguinte ia trabalhar de novo. Acabei virando íntimo. Quando Ana Cristina e Jair se separaram, ela teve de dispensar as empregadas que tinha. Ela me chamou para trabalhar com ela, porque eu já tinha saído do gabinete do Flávio. Eu não iria aceitar, mas o Bolsonaro me procurou e me pediu. Ela não tinha tempo, não dava atenção, nunca deu. As empregadas que tomavam conta dele, ela teve de dispensar. Dispensou duas e a que era para ficar não quis. Ficou sem ninguém. Quando Bolsonaro falou comigo, me pediu e eu fui. Ela me pagava um salário e ele me dava um dinheiro por fora.

Em que ano foi isso?

2007, depois da separação. Essa confusão toda foi no mesmo ano.

De lá até hoje, você continuou trabalhando para ela, recebendo salário sem estar lotado em lugar algum?

Sem estar lotado. Tanto que agora vou lutar na Justiça, porque desta vez, agora que fui para Resende e ela voltou da Noruega, trabalhei cinco anos lá sem assinar minha carteira.

Em algum momento ela assinou sua carteira?

Não, em momento nenhum. Quando fui para o apartamento, era provisório, não era para ficar com ela e com o Renan. Eu mesmo disse que não queria assinar a carteira para não ter trabalho. Eu mesmo abri mão nessa época. Mas logo depois, ela decidiu ir para a Noruega e ficou o dito pelo não dito.

No período em que Ana Cristina viveu na Noruega, nos cinco anos que ela ficou lá, você trabalhou com o quê? Viveu de quê?

Trabalhei em cinema, com carteira assinada, em borracharia… Da parte do Jair [Bolsonaro] com trabalho, eu cortei vínculo na época em que eu saí do [gabinete do] Flávio. Quando ela voltou da Noruega, construiu a casa em Resende e me procurou novamente. Como eu ia mudar de cidade e largar minha vida no Rio, aí disse para ela assinar minha carteira. Ela falou que iria assinar, mas me enrolou. Não pagou nem INSS, nem arrecadação de nada. Adoeci em 2018, fiquei três meses no hospital, quase morri. Poderia estar aposentado agora pelo jeito que fiquei. Mas por causa dela, não pude dar entrada em nada. Ela não pagava nada. Não tinha carteira assinada. Quando saí do hospital, ela abriu um MEI para mim e começou a pagar o MEI, em 2019. Ela só pagava o MEI, dizia que iria assinar a carteira, e um dia falou: “Mas se assinar sua carteira, você vai ficar muito caro para mim”. Falei: “Engraçado, você quer ostentar vida de luxo e o funcionário fica caro”. Ela falou que ia resolver, mas nunca resolveu. Eu fiquei quieto, decidi não me estressar, porque esse meu direito é certo e ela é advogada. Deixei para lá e sabia que a hora que colocasse na Justiça era um direito garantido. Fui levando. Ela decidiu ir para Brasília e chegou para mim e disse: “Marcelo, vou para Brasília, queria tanto que você fosse comigo, porque o Renan está lá”. Falei: “Cristina, não quero ir para Brasília nenhuma, me deixe quieto aqui, arrumo emprego aqui, trabalho por aqui mesmo”. Ela ficou me perturbando. Falei: “Cristina, já saí do Rio, vim para Resende, agora me adaptei a Resende, você acha que vou sair de Resende e vou para Brasília sem conhecer nada nem ninguém? Vou ganhar quanto?”. Ela: “Ah, Marcelo, a gente conversa”. Falei: “‘A gente conversa’, não. Por menos de R$ 3 mil, não vou”. Ela falou: “Então, está bom”. Ela chamou o Renan e falou: “Renan, o Marcelo estava falando que, por menos de R$ 3 mil, ele não vai para Brasília. Se você me ajudar, ele pode ir”. O Renan e ela concordaram de me pagar. Fizeram de tudo. Fui para Brasília. Eu sozinho, sem nenhum outro empregado.

Você tem quantos anos?

Cinquenta. E ela não tem mais um pingo de consideração comigo. Eu lavando, passando, cozinhando. Ela comprou aquele casarão lá e eu trabalhando sozinho, trabalhando o mês todo. A mudança chegou, montei a casa toda. Não questionei, até então, sobre outro funcionário. Lógico que mais tarde eu faria isso, porque não daria conta daquela casa sozinho. Quando passou o primeiro mês, que fui pedir meu pagamento, ela veio com R$ 1,3 mil. Porque em Resende, ela me pagava R$ 1,3 mil. Falei: “Você não combinou isso comigo”. Ela me disse: “Marcelo, não posso te dar agora, porque não tenho dinheiro. Tem que esperar”. Falei: “Esperar? Você comprou casa, está reformando casa e eu que tenho de esperar? Está de sacanagem com a minha cara. Você me tirou do Rio, me desfiz das minhas coisas, da minha casa, montei toda a minha casa, acabei dando tudo, para você fazer isso comigo?” Ela: “Você vai ficar morando na minha casa”. Eu disse que não era obrigado a morar na casa dela.

Isso na casa do Lago Sul, onde ela mora?

Lá no Lago Sul. Falei para ela: “Cristina, não sou obrigado a morar na sua casa. Trabalho para ter meu canto e em Brasília tudo é caro. Você pensa que vou ficar na sua casa e ser seu escravo? A escravidão já acabou. Você é racista. Isso é racismo. Você me tirou lá do Rio só porque em Brasília eu não tenho ninguém e não conheço nada? Acha que vou aceitar o que quer fazer comigo? Está muito enganada, minha filha”. E juntei todas as minhas coisas e meti o pé.

Quando foi?

Agora em junho.

Qual sua relação com Jair Renan?

O Jair Renan não está nem aí para nada. Tanto que, quando teve essa confusão com a mãe dele, ele falou para mim: “Marcelo, combinei com a minha mãe. A minha parte eu posso dar”. E ela: “Mas isso é um absurdo, porque estou sem dinheiro”. Quando saí, coloquei minhas coisas no carro do pedreiro que estava trabalhando lá, não sabia nem para onde levar. O Renan me ligou e foi atrás de mim. Ele me perguntou para onde iria. Falei que ainda não sabia e que só queria sair da casa da mãe dele. Ele falou para ir ao apartamento do pai dele e me levou para o imóvel do Bolsonaro no Sudoeste. Fiquei lá um mês, para resolver minhas coisas, mandar para o Rio, conseguir comprar a passagem. Ele me deu suporte, mas ele mesmo disse: “Marcelo, o que você resolver está resolvido”. Ele não se mete.

Após a separação, você manteve contato com Jair Bolsonaro?

Não. Na época em que a Ana Cristina era casada com o Jair, no período em que trabalhei, sim. Dali para frente, quando ela se separou do Jair, saí e fui ficar com ela, por causa do Renan. Fui embora com ela. Passei a não trabalhar mais com ele. Não posso te afirmar, da separação em diante, como ficou a situação. Depois que descobri a história do Queiroz, que não sei como funcionava, não posso opinar. Mas na época dela, posso dizer. Se você fizer as contas do patrimônio dela, não fecha. Fora as coisas que tem no nome de outros.

Em nome de quem?

Ela tem coisas no nome de laranjas.

Sabe quem são os laranjas?

Não sei, só sei que existem. Como na casa atual, de Brasília, que também foi comprada no nome de laranjas.

Como foi isso?

Ela mesma me contou. Participei de tudo, de toda a transação. Ela me contava. Contava para mim e para o Renan. Sei de tudo. [O casal] foi laranja nessa situação. Eles fizeram um contrato de gaveta de compra e venda e registraram como aluguel. Entendeu? Eles têm o contrato de Brasília, de compra e venda, para quando ela acabar de quitar a casa passar para o nome dela, porque queria evitar escândalo.

Ela falou quanto pagou pela casa?

Sei que estava numa história de R$ 2,9 milhões para R$ 3,2 milhões. Não sei sobre o final. Não sei por quanto bateram o martelo.

E ela passa todo mês o dinheiro para eles pagarem o financiamento?

Acho que são R$ 15 mil mensais, mas acredito que ela vai começar a pagar só daqui a seis meses, até ela terminar de fazer a reforma. Era o período para ela poder fazer a reforma lá na casa, entendeu? Eles fizeram esse acordo aí.

E ela deu alguma entrada para comprar a casa?

Deu.

De quanto?

Não sei, mas ela deu uma entrada. Sei que ela deu porque estava com o dinheiro que tinha da venda de um apartamento.

O que você sente hoje em dia em relação à família Bolsonaro?

Em relação a ela. A eles, não, porque foi ela quem ferrou com minha vida. Agora, eu vou te dizer a verdade sobre o motivo para eu ter deixado o gabinete do Flávio.

Leia amanhã a continuação das revelações do ex-funcionário dos Bolsonaros

Do Portal Metrópoles, a coluna de Guilherme Amado expõe os dizeres de ex-empregado dos Bolsonaros revela segredos e supostos crimes da família, onde as "rachadinhas" estão presente, bem como a compra de mansões milionárias

 


Exclusivo. Ex-empregado dos Bolsonaros revela segredos e supostos crimes da família

Ex-assessor de Flávio Bolsonaro afirma que ex-mulher de Jair comandava esquema de rachadinha e colocou mansão em nome de laranjas

atualizado 02/09/2021 21:18

Arquivo pessoal/Reprodução

Um ex-empregado que trabalhou durante 14 anos para a família Bolsonaro afirma ter testemunhado nesse período a prática de uma série de crimes que teriam sido cometidos pela advogada Ana Cristina Valle, atualmente ex-mulher do presidente, e pelos parlamentares Flávio e Carlos Bolsonaro, respectivamente primeiro e segundo filho de Jair Bolsonaro.

Em entrevista exclusiva à coluna, após se demitir por não receber o salário pedido, Marcelo Luiz Nogueira dos Santos reconstituiu detalhadamente todos os anos em que serviu à família, quando passou por quatro funções. Primeiro, trabalhou na campanha de 2002 de Flávio para deputado estadual. Entre 2003 e 2007, foi lotado no gabinete de Flávio na assembleia do Rio.

Depois da separação do presidente e de Ana Cristina, em 2007, passou a ser, a pedido de Bolsonaro, uma espécie de babá de Jair Renan, filho do casal, até a advogada deixar o Brasil e se mudar para a Europa. Finalmente, entre 2014 e 2021, trabalhou como empregado doméstico de Ana Cristina em suas casas, primeiro em Resende (RJ), e nos últimos meses em Brasília.

Marcelo confessa ter devolvido 80% de tudo o que recebeu no gabinete de Flávio nos quase quatro anos em que foi seu servidor na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj): cerca de R$ 340 mil no total.

Segundo ele, Ana Cristina foi quem precedeu Fabrício Queiroz e era a encarregada de recolher as rachadinhas não só no gabinete de Flávio, mas também no de Carlos, eleito vereador da Câmara do Rio em 2000. Somente depois da separação de Jair e Ana Cristina, em 2007, Flávio e Carlos teriam assumido a responsabilidade pelo recolhimento dos valores dos funcionários de seus gabinetes. Só que as denúncias do ex-empregado vão bem além.

Ele acusa Ana Cristina de ter formado todo o seu patrimônio, que em 2020 estava estimado em R$ 5 milhões, usando uma série de laranjas, inclusive na compra da mansão em que ela mora atualmente em Brasília, no Lago Sul, com o filho, Jair Renan.

Segundo Marcelo, Ana Cristina não alugou o imóvel, como ela conta, mas o comprou, por meio de dois laranjas, com quem firmou um contrato de gaveta, ou seja, um documento informal não registrado em cartório, para que eles repassem o imóvel para seu nome após o encerramento do financiamento.

O objetivo seria não chamar a atenção da imprensa para a compra de mais um imóvel de luxo pela família Bolsonaro – a mansão tem 1.200 m² de área total e 395 m² de área construída, uma piscina de 50 m², aquecimento solar e quatro suítes. O caso foi noticiado pelos repórteres Letícia Casado, Juliana Dal Piva, Eduardo Militão e Rafael Moraes Moura.

Marcelo conta que, inicialmente, a casa estava sendo negociada por um valor entre R$ 2,9 milhões e R$ 3,2 milhões. O ex-funcionário afirma não saber o valor final da transação, mas enfatiza que tanto ele quanto Jair Renan ouviram a advogada falando sobre a negociação.

A advogada teria usado, além do financiamento em nome dos falsos proprietários, os recursos da venda de um imóvel e de reservas que ela guarda desde a época em que comandava o desvio de dinheiro dos gabinetes de Flávio e Carlos.

Segundo ele, Ana Cristina não se envolvia no eventual recolhimento de valores dos funcionários do gabinete de Jair Bolsonaro como deputado federal, restringindo-se a articular o esquema na Alerj e na Câmara Municipal do Rio. Todo mês, segundo ele, sacava 80% de seu salário e entregava o dinheiro em espécie nas mãos da advogada. Todos os assessores de Flávio, de acordo com o ex-empregado, faziam o mesmo, bem como os de Carlos.

Após a separação do casal, quando Marcelo deixou o gabinete, Ana Cristina o levou para trabalhar em seu escritório de advocacia. Ele afirma ter sido procurado por Jair Bolsonaro, que teria lhe pedido que passasse a morar na casa de Ana Cristina, para cuidar de Jair Renan, na época com 9 anos. Ele morou com ela, como empregado doméstico, até 2009, quando a advogada se mudou para a Noruega, onde se casou novamente, com o noruguês Jan Raymond Hansen. A relação de trabalho se tornaria então uma relação de amizade, a ponto de ir visitá-la na Europa.

Em 2014, quando Ana Cristina retornou para o Brasil, Marcelo Luiz conta ter passado novamente a trabalhar na casa dela, em Resende, onde ficou até fevereiro de 2021, quando a advogada decidiu se mudar para Brasília e o convidou para acompanhá-la. Começaria ali a crise que o levou a pedir demissão, deixar sua casa e decidir contar tudo o que sabe.


Do Portal do José: Encurralado! Bolsonaro não tem pra onde ir! 7/9 vira desespero! Nem o mercado suporta mais o golpistamente fabricado "Mito"!

 Bolsonaro personifica o pior dos mundos. Gera intranquilidade, incertezas, medos e pânico. Impossível haver investimentos num país assim. Desgovernado e na contra-mão do mundo o Brasil segue se isolando e prejudicando o seu próprio povo e o planeta.

Do Canal Portal do José:


Impressiona como já não há quem consiga suportar Bolsonaro à frente de algo em nosso país. Nas próximas semanada veremos movimentos mais evidentes da insatisfação de muitos setores economicamente relevantes em relação ao governo central. 

Bolsonaro personifica o pior dos mundos. Gera intranquilidade, incertezas, medos e pânico. Impossível haver investimentos num país assim. Desgovernado e na contra-mão do mundo o Brasil segue se isolando e prejudicando o seu próprio povo e o planeta.

nosso Mandatário é um vírus planetário que precisa ser combatido para que a doença não se espalhe e comprometa a civilização.

Os recados vem de várias direções.

O roteiro para o fim dramático já é conhecido. Falta apenas que os atores representem cada um, o seu papel.

O de Bolsonaro é a de um ex governante que foi da glória até a prisão.

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Quem quer paz que defenda a democracia e combata o fascismo que apoia Bolsonaro. Artigo de Gilvandro Filho

 "Quem quer paz que lute pelo impeachment de um presidente raso e vulgar, que não tem porque estar no cargo, que acumula dezenas de pedidos de impedimento e tem contra si inúmeros crimes de responsabilidade, claros e intransferíveis.", escreve Gilvandro Filho

Manifestação contra Bolsonaro

Manifestação contra Bolsonaro (Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino)

Quem quer paz que defenda a democracia e combata o fascismo

Por Gilvandro Filho, do Jornalistas pela Democracia - Quem quer paz que seja é de paz, nunca de guerra.

Quem quer paz que rejeite de maneira rotunda e inadiável o fascismo quando ele ameaça tomar conta do seu país.

Quem quer paz que condene o genocídio de mais de qwuase 600 mil de brasileiros, vítimas do descaso com a política de saúde e da negociata em que se transformou o processo de compra de vacinas pelo governo.

Quem quer paz que bote na cadeia quem enriqueceu à custa de remédio fajuto, como se fosse isto cura de pandemia.

Quem quer paz que leve às barras dos tribunais quem pratica rachadinha, tungando o salário alheio para engordar o seu próprio orçamento.

Quem quer paz que investigue, condene e puna quem transforma os cofres públicos em propriedade familiar.

Quem quer paz que preserve a natureza e puna exemplarmente quem permite a grilagem, o desmatamento desmedido e ainda bote pra tomar conta do ministério do Meio Ambiente investigado por crime ambiental.

Quem quer paz que defenda os povos originários, entendendo suas necessidades e direitos.

Quem quer paz que não permita racistas no comando de órgãos referenciais como a Fundação Palmares.

Quem quer paz que não se alinhe aos líderes fascistas e belicistas do planeta.

Quem quer paz que não aceite a destruição da educação e da cultura nem entregue a gestão dessas áreas a quem não tem educação e muito menos cultura.

Quem quer paz que dê condições dignas ao trabalhador e não faça o contrário, empurrando leis que impedem a aposentadoria e precarizam o trabalho.

Quem quer paz que devolva ao país a condição de um povo alimentado e não um lugar no Mapa da Fome.

Quem quer paz que bote para comandar a economia alguém minimamente capaz de entender o país em que vive.

Quem quer paz que ponha um freio na venda indiscriminada e irresponsável de armas de fogo e encare com coragem o lobby da indústria armamentista.

Quem quer paz que não profane crianças fazendo com elas fotos com mãos imitando arminhas de fogo.

Quem quer paz que respeite os direitos humanos, as mulheres, o lgbtqia+ e seja frontalmente contra qualquer tipo de discriminação.

Quem quer paz que nunca ameace de morte os adversários políticos partidários e quem não pensa igual a si.

Quem quer paz que não ameace jornalistas, sobretudo e de forma covarde, profissionais mulheres.

Quem quer paz que não ameace o resultado das eleições porque se desenha um resultado que não lhe será favorável.

Quem quer paz que rejeite o uso de fake News nem financia com verbas públicas veículos que se utilizam desse expediente.

Quem quer paz respeite os poderes constituídos, o Legislativo e o Judiciário, aceitando com civilidade suas decisões.

Quem quer paz que preserve a democracia e repila com vigor manifestações que têm como objetivo único exterminá-la.

Quem quer paz que lute pelo impeachment de um presidente raso e vulgar, que não tem porque estar no cargo, que acumula dezenas de pedidos de impedimento e tem contra si inúmeros crimes de responsabilidade, claros e intransferíveis.

Quem quer paz que abra bem os olhos e que, ano que vem, não permita outra experiência desastrosa como a que o país vive desde janeiro de 2019.

Vídeo do UOL: Guerra que Bolsonaro está convocando para 7 de setembro não é boa coisa

 

Do Canal UOL:

Josias de Souza, colunista de política do UOL, comentou hoje, durante participação no UOL News, as declarações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), sobre as manifestações de 7 de setembro





CPI da Covid finalmente ouve motoboy de empresa que evidências apontam ser corrupta. Vídeo -resumo do caso feito pelo Meteoro Brasil

 

Vídeo: Motoboy Ivanildo, da VTCLog, na CPI

Ivanildo circulava por Brasília transportando centenas de milhares de reais e pagando boletos de figurões. Os empregadores de Ivanildo fizeram com que advogados que já teriam defendido milicianos famosos ( que agora tentam defender a VTCLog e seus chefes, não o motoboy ) cuidassem do caso.





quarta-feira, 1 de setembro de 2021

PF prende no aeroporto de Congonhas prefeito gaúcho com R$ 505 mil para financiar atos pró-golpe nazifascista em 7 de setembro

 

A PF flagrou o prefeito de Cerro Grande do Sul (RS), Gilmar João Alba (PSL), conhecido como "Gringo", com R$ 505 mil em Congonhas (SP). O dinheiro seria para financiar os atos pró-golpe do dia 7 de setembro, segundo denúncia enviada ao senador Humberto Costa (PT-PE), membro da CPI da Covid. A comissão encaminhou a denúncia ao STF

Prefeito de Cerro Grande do Sul (RS), Gilmar João Alba, e o deputado federal Eduardo Bolsonaro

Prefeito de Cerro Grande do Sul (RS), Gilmar João Alba, e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (Foto: Divulgação / Reprodução)

247 - A Polícia Federal (PF) flagrou na última quinta-feira (26) o prefeito de Cerro Grande do Sul (RS), Gilmar João Alba (PSL), com R$ 505 mil no aeroporto de Congonhas, em São Paulo. O dinheiro foi encontrado armazenado em caixas de papelão durante a inspeção por raio-x. A PF disse que, ao ser abordado, o prefeito, conhecido como "Gringo", afirmou não saber o valor total transportado. Na sequência, teria dito que carregava R$ 1,4 milhão. A informação foi publicada pelo blog do Fausto Macedo. 

"Em virtude da dúvida sobre a origem lícita do numerário, o montante foi apreendido pela Polícia Federal, todavia, durante a contagem, foi constatado que a soma era de R$ 505.000,00 (quinhentos e cinco mil reais), contrariando as versões do passageiro", informou a corporação em nota.

As informações chegaram à CPI da Covid, que encaminhou a denúncia ao Supremo Tribunal Federal.  "Esse prefeito viria num avião fretado, imaginando que não houvesse controle da Polícia Federal", destacou o senador Humberto Costa (PT-PE) nesta quarta na comissão. "Os indícios são de que os recursos viriam para financiar o ato contra a democracia o dia 7 de setembro", afirmou o parlamentar, que havia pedido ao presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), um encaminhamento da denúncia ao ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.

O vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), endossou o petista. "Essa informação dá conta do financiamento de crimes contra a ordem democrática, contra o Estado democrático de direito que deve acontecer nos próximos dias", disse. "Essa denúncia pode dar conta de um esquema criminoso, de financiamento contra a democracia". 

Ricardo Lewandowski aponta o caminho da punição a Bolsonaro em caso de ruptura (entenda-se GOLPE), segundo dizeres de ministros do STF

 

A análise é que Lewandowski foi o primeiro a dar concretude às estratégias que o Judiciário pode adotar caso o chefe do Executivo resolva partir para uma ruptura institucional.


Da Folha de São Paulo:

Lewandowski dá caminho da punição a Bolsonaro em caso de ruptura, dizem ministros do STF

MATHEUS TEIXEIRA, MARIANNA HOLANDA E RICARDO DELLA COLETTA

Foto: Wikipédia

Ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e integrantes da cúpula do Congresso dizem que o artigo publicado pelo ministro Ricardo Lewandowski no jornal Folha de S.Paulo, no final de semana, representa o mais claro recado de membro da corte ao presidente Jair Bolsonaro desde o início da escalada de tensão entre os Poderes.

A análise é que Lewandowski foi o primeiro a dar concretude às estratégias que o Judiciário pode adotar caso o chefe do Executivo resolva partir para uma ruptura institucional.

Essa é a diferença apontada, por exemplo, em relação ao presidente do Supremo, Luiz Fux, e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Luís Roberto Barroso, que fizeram discursos duros contra Bolsonaro.

Os dois ministros, no entanto, não citaram a possibilidade de prisão nem detalharam o caminho jurídico a ser trilhado para punir o presidente, caso a disputa com a corte descambe para uma tentativa de golpe.

Além disso, Lewandowski deixou claro que não simpatiza com a ideia de haver algum tipo de anistia a quem ajudar a promover um movimento que viole as regras do jogo democrático estabelecidas pela Constituição.

No artigo, Lewandowski faz uma analogia com uma lei da Roma Antiga que proibia generais de atravessarem, com suas tropas, o rio Rubicão, que demarcava a fronteira ao norte com a província da Gália.

Depois, detalha a situação e passa a discorrer sobre artigos da Constituição e da nova Lei de Segurança Nacional que criminalizam qualquer tipo de intervenção armada contra as instituições.

O ministro também faz referência expressa ao trecho da Constituição que costuma ser distorcido por bolsonaristas para justificar eventual uso das Forças Armadas contra o STF e o Congresso.

"E aqui cumpre registrar que não constitui excludente de culpabilidade a eventual convocação das Forças Armadas e tropas auxiliares, com fundamento no artigo 142 da Lei Maior, para a 'defesa da lei e da ordem', quando realizada fora das hipóteses legais, cuja configuração, aliás, pode ser apreciada em momento posterior pelos órgãos competentes", escreveu o ministro do STF.

Ao final do texto intitulado 'Intervenção Armada: crime inafiançável e imprescritível', o ministro faz um alerta: "Como se vê, pode ser alto o preço a pagar por aqueles que se dispõem a transpassar o Rubicão".

O artigo foi elogiado nos bastidores do Supremo e, no Congresso, a esperança é que o alerta de Lewandowski sirva para Bolsonaro recuar nos ataques ao STF.

Em conversas reservadas, integrantes da corte consideraram importante o ministro ter feito o alerta de que as ameaças à democracia e ao regular funcionamento das instituições caracteriza crime e não pode ser protegido pela liberdade de expressão.

Eles lembram que esse delito está previsto nas leis dos países mais avançados do mundo e não é uma exclusividade da legislação brasileira.

Já o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), disse que o artigo de Lewandowski é o que há de "mais lúcido se escreveu nos últimos tempos".

"O Judiciário está deixando claro quais são os limites e ele [Bolsonaro] fica cada vez mais só. Lembro de um presidente que ficou assim. Chama Fernando Collor de Mello", afirmou.

No Palácio do Planalto, entretanto, a avaliação é que o texto não representa uma novidade relevante, uma vez que ministros do Supremo vêm dando recados velados a Bolsonaro com frequência. O ministro não cita nominalmente Bolsonaro, mas há vários sinais no artigo de que ele foi direcionado ao mandatário.

Nos últimos meses, Bolsonaro atacou ministros do STF e colocou em dúvida a realização das eleições de 2022. Além disso, o presidente promoveu uma defesa do voto impresso, usando para tanto argumentações falsas de que pleitos passados foram fraudados.

A escalada de falas golpistas de Bolsonaro levantou o alerta de que ele pode estar pavimentando um discurso para não reconhecer o resultado eleitoral do próximo ano, caso ele seja derrotado.

Existe ainda forte tensão entre críticos e governadores com as manifestações em apoio a Bolsonaro convocadas para o feriado de 7 de Setembro. Um dos principais temores é com a politização das forças de segurança pública e com a possível insubordinação de Polícias Militares.

Nesta segunda-feira (30), Bolsonaro tentou esvaziar a raiz golpista dos protestos e afirmou, em entrevista, que as manifestações programadas terão como pauta a "liberdade de expressão" e a defesa do voto impresso.

Já nesta terça, em discurso em Uberlândia, Bolsonaro afirmou que a população brasileira nunca teve uma oportunidade como a que terá com os atos de 7 de Setembro. O presidente, porém, não deu detalhes sobre qual seria essa oportunidade e para fazer o que exatamente no feriado.

“A vida se faz de desafios. Sem desafios a vida não tem graça. As oportunidades aparecem. Nunca outra oportunidade para o povo brasileiro foi tão importante ou será importante quanto esse nosso próximo 7 de Setembro”, afirmou o presidente em discurso de improviso no interior mineiro.

Xadrez das saídas possíveis para Bolsonaro, por Luis Nassif

 

Não haverá mais espaço para blefar. Depois do desfile de tanques velhos, de não conseguir mobilizar as FFAAs e o Congresso contra o STF, esgotaram-se todos os factoides. Terão que aparecer fatos novos. E quais seriam?

Texto de Luis Nassif, no Jornal GGN:

Peça 1 – o maior pavor de Bolsonaro

O maior pavor de Bolsonaro atende pelo nome de Alexandre Moraes, Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Dele provavelmente sairá a ordem de prisão de Eduardo Bolsonaro, provavelmente depois que a Justiça do Rio de Janeiro decretar a de Carlos Bolsonaro, por crimes relacionados ao gabinete do ódio. Mais à frente, provavelmente sairá do Pleno ou da 2a Turma a ordem de prisão de Flávio Bolsonaro, por crimes diversos, envolvendo não apenas as rachadinhas, mas enriquecimento ilícito.

Mais à frente, ou impichado, ou derrotado nas urnas, será a vez da condenação e provável prisão do próprio Bolsonaro.

Este é o pesadelo recorrente de Bolsonaro que, mais de uma vez, tem demonstrado um medo pânico desse destino manifesto.

Todos os seus atos devem ser analisados sob esta ótica: como anular a ofensiva do Supremo.

Peça 2 – o fracasso dos golpes convencionais

De início, Bolsonaro tentou um auto-golpe militar, com a história do “meu Exército”, ou “minhas Forças Armadas”. Não colou. Acabou demitindo o Ministro da Defesa legalista e colocando em seu lugar o general Braga Neto.

O máximo que conseguiu foi a criação de um álibi para atacar o Congresso – o discurso do senador Omar Aziz sobre militares suspeitos – para atacar o Congresso, que resultou em uma carta articulada por Braga Neto, e assinada pelos três ministros militares. Pensava em pressionar a CPI e, por tabela, o Supremo. Não colou. Houve uma crítica generalizada contra a carta, a convocação de Braga Neto à Câmara onde ouviu de um deputado do PT, Paulo Teixeira, que, se tentasse boicotar as eleições, seria preso.

O STF pagou para ver, a própria CPI pagou para ver e Bolsonaro não tinha cartas para mostrar.

 Peça 3 – a aliança com o Centrão

Em franco desespero, entregou-se completamente ao Centrão. Passou a ele o comando da Casa Civil, entregou o controle total do orçamento, vai entregar mais ministérios. 

Foi suficiente para barrar qualquer intenção de abertura de impeachment, mas foi insuficiente para deter a armada Alexandre Moraes e a CPI do Covid.

Para ampliar seu desgosto, a popularidade está se esvaindo e Bolsonaro sabe que a crise de energia trará um desgaste enorme pela frente, ao qual se somarão os desgastes com o fracasso da luta contra a pandemia, e os aumentos da inflação e dos combustíveis.

Ao mesmo tempo, a cada sessão a CPI dos Precatórios continua demolindo a imagem do governo. Será sucedida pela CPI das FakeNews, ai envolvendo diretamente os filhos de Bolsonaro.

Nesse ínterim, as instituições continuaram cercando os radicais. A CPI das Fakenews obrigou a prestar depoimentos o general Ramos e o próprio MInistro da Justiça. O STF ordenou a prisão de youtubers e deputados terroristas. O Ministério da Saúde teve que cancelar as operações de compra de vacinas e assim pior diante, uma derrota atrás de outra.

Peça 4 – a armadilha da radicalização

Depois de tantos lances mal sucedidos, restou claro para Bolsonaro que sua última arma é a mobilização dos seus radicais. Daí o fato de ter levantado uma série de temas mobilizadores para sua base.

O bolsonarismo raiz está restrito a três grupos:

1. Ruralistas e garimpeiros, de olho nas terras indígenas.

2. Evangélicos e terraplanistas em geral.

3. As milícias propriamente ditas e as bases de policiais militares estaduais.

Para mantê-los mobilizados, Bolsonaro empunha três bandeiras:

1. A história do voto impresso, peça central para conseguir fraudar ou colocar em dúvida as próximas eleições.

2. Os ataques ao Supremo, apresentado como o grande inimigo da liberdade.

3. A discussão, no âmbito do Supremo, sobre o destino das reservas indígenas.

Mesmo assim, não se trata de tarefa comezinha atender à sede de violência desses três grupos.

O relacionamento de Bolsonaro com sua base exige uma radicalização progressiva. Não pode haver recuo, não pode demonstrar nenhum sinal de fraqueza, sob risco da base debandar. E aí entra em uma armadilha com apenas um desfecho possível.

Bolsonaro ameaça verbalmente o Supremo. 

A resposta tem sido medidas objetivas de punição dos radicais. 

Bolsonaro não pode repetir o movimento anterior, pelo fato do blefe ter sido desmascarado. 

Sua única alternativa é dobrar a aposta, num fenômeno típico do priapismo político que não pode nunca terminar em empate. 

Dobrando a aposta, torna-se mais suscetível às reações do Supremo que, no limite, poderá levar ao impeachment.

Nessa roda viva, Bolsonaro criou seu Dia D, as manifestações de 7 de Setembro.

Peça 5 – 7 de Setembro, o dia D

A única maneira de segurar o Supremo seria através de um golpe. E golpe só pode ser dado com o endosso das instituições. As duas instituições centrais já pularam foram: Forças Armadas e o Congresso do Centrão.

Sem as armas institucionais, aparentemente, Bolsonaro jogou todas suas fichas nas manifestações de 7 de Setembro. Mas o que ocorrerá no dia 8?

As manifestações terão dois resultados: ou ser muito bem sucedido, ou fracasso. Mesmo se for um sucesso, cinco dias depois haverá as manifestações da oposição, fazendo o mesmo barulho. Jogadas teatrais, como motociatas ou ajuntamento de pessoas em locais específicos – avenida Paulista ou Praça dos Três Poderes – não colam mais. Cada vez mais são aglomerações isoladas, já que as pesquisas de opinião mostram o esvaziamento gradativo do bolsonarismo.

Qual o passo seguinte, então? cha inexorável rumo ao fim?

Tente raciocinar com a cabeça de Bolsonaro.

Na quadra atual, não haverá mais espaço para blefar. Depois do desfile de tranques de guerra velhos, de ameaças diárias, de não conseguir mobilizar FFAAs e Congresso contra o STF, esgotaram-se todos os factoides possíveis. Terão que aparecer fatos novos. E quais seriam?

1. Ações localizadas de violência, tentando criar um clima de insegurança nacional capaz de justificar a convocação da Força Nacional.

Será um gesto de desespero, contra o qual há anticorpos. O Ministro Ricardo Lewandowski previu essa possibilidade e alertou que, uma tentativa nessa direção poderia ser enquadrada em crime inafiançável.

2. Atentados isolados

Sem haver necessariamente palavras de ordem, estímulos indiretos para a ação dos seus radicais.

3. Um incêndio de Reichstag.

Refiro-me, no caso, ao incêndio do Reichstag, preparado por Hitler, atribuído à esquerda e que serviu de motivação para a tomada do poder pelo nazismo.

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A tragédia do mercado de trabalho pós-golpe de 2016 com Temer e Bolsonaro e a disfarçatez da Carteira Verde e Amarela, por Luis Nassif

 Uma das maiores manipulações estatísticas recentes foi a mudança de metodologia do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). No governo Temer foi criada a Carteira Verde e Amarela. Trata-se de uma forma de disfarçar o bico, o emprego precário.

Uma das maiores manipulações estatísticas recentes foi a mudança de metodologia do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). No governo Temer foi criada a Carteira Verde e Amarela. Trata-se de uma forma de disfarçar o bico, o emprego precário.

O que define uma relação de emprego são os direitos embutidos no contrato:

  • contribuição ao INSS;
  • garantia de emprego;
  • penalização da empresa em caso de demissão imotivada;
  • descanso semanal;
  • 13o salário e férias.

Nada disso é oferecido pela Carteira Verde Amarela. É um emprego absolutamente precário, mas com menção na carteira.

Como houve mudança da metodologia, cada comparação dos dados atuais com os dados anteriores às mudanças mostra um falso índice de aumento.

Daí o fato de que apenas a PNAD (Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílio), do IBGE, traz um retrato geral do emprego.

Vamos comparar dois momentos.

O primeiro, os dados do trimestre abril-junho de 2021 em relação a março-abril 2021 (os dados são sempre consolidados em três meses).

A Força de Trabalho (pessoas em idade de trabalho) aumentou 733 mil pessoas. 

Já a população ocupada aumentou 1,08 milhão de pessoas.

Portanto, o aumento real – a diferença entre a população ocupada e o aumento da força de trabalho – corresponde apenas à diferença entre os dois números.

Em um universo de 102 milhões de pessoas – tamanho da FT – esse aumento é insignificante.

Vejamos o emprego no tempo, comparando com 60 meses atrás, período em que se iniciou a flexibilização da legislação trabalhista.

No período, a População Economicamente Ativa aumentou em 11,7 milhões de pessoas. Para manter os mesmos índices, a população ocupada deveria aumentar na mesma quantidade.

No entanto, a FT aumentou em apenas 33 milhões de pessoas e a população ocupada diminuiu 2,6 milhões de pessoas. 

Já a população subocupada aumentou 9,7 milhões e a desocupada aumentou 2,9 milhões.

A população fora da Força de Trabalho aumentou 11,3 milhões.

Confira o gráfico que compara a evolução da População Economicamente Ativa com a da Força de Trabalho ocupada para se ter uma ideia da tragédia do emprego no país.

Já o gráfico Contribuintes e Força de Trabalho mostra a falência do financiamento da Previdência, com a queda gradativa da proporção de contribuintes em relação `{a Força de Trabalho.

Vamos a algumas conclusões rápidas sobre os dados de desemprego divulgados há pouco pelo IBGE.

Aqui, um quadro resumo:

  1. A Força de Trabalho é de 102 milhões de pessoas. No trimestre abril-junho de 2021 houve aumento de 733 mil em relação a mar-mai, irrisórios 0,72%.
  2. Dos 14,4 milhões de desocupados, houve redução de 351 mil.
  3. Dos 74,9 milhões fora da força de trabalho, houve redução de 889 mil, 1,17%.

E, na sequência, os dados vistos da ponte:

  1. Na segunda tabela, a trajetória da População Economicamente Ativa e a Força de Trabalho Ocupada, partindo da base 100 em 2016.
  2. A relação contribuinte do INSS x força de trabalho, mostrando os efeitos das mudanças trabalhistas que irão inviabilizar definitivamente o modelo de financiamento da Previdência.

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