quarta-feira, 20 de março de 2019

Eduardo Guimarães: Sabe o que o Brasil ganha por Bolsonaro bajular os EUA? Além da Humilhação de ser capacho, nada!


Do Blog da Cidadania:



Bolsonaro foi aos EUA gerou boas notícias. Aos EUA. Fez muitas concessões: permitiu que americanos entrem no Brasil sem visto e sem que os brasileiros entrem sem visto nos EUA, cedeu a base de lançamento de Alcântara de graça e aceitou esfriar relações comerciais com a China sem qualquer promessa de compensação. Sabe o que ganhamos com isso? Uma banana.

A base de lançamento de foguetes de Alcântara, no Maranhão, é considerada a melhor base do mundo porque fica próxima à linha do Equador. A localização é estratégica para lançamentos espaciais porque oferece caminho mais curto para foguetes serem colocados em órbita geoestacionária — a economia de combustível pode chegar a 30% em relação a outros pontos de lançamento nos EUA e na Europa, por exemplo.


O que o Brasil ganha ao ceder Alcântara para os Estados Unidos fazerem lançamentos espaciais? Ninguém sabe. O acordo é secreto. A pergunta que se tem que fazer, em tal situação, é muito simples: se houvesse algum ganho expressivo para o Brasil, Bolsonaro não deveria dizer qual é? Seria bom até para calar críticas. Porém, ninguém sabe o que ganhamos.
Se não se sabe o que ganhamos, sabe-se o que perdemos. Soberania, primeiro. Os americanos farão mil e uma restrições à fiscalização do Brasil sobre o que estão fazendo em nosso território. Alegarão que é por “segurança”. Ou seja: seremos barrados em nosso próprio território.
Porém, o prejuízo não fica por aí. É óbvio que haverá uso militar pelos EUA de uma base de lançamento de foguetes. Poderão colocar satélites de espionagem em órbita através do território brasileiro. Esse uso militar irá fazer com que radicais que promovem atos terroristas nos coloquem na linha de tiro – até porque é muito mais fácil atacar o Brasil que os EUA.
E quanto à permissão para os americanos entrarem no Brasil sem visto? O que ganhamos? Merda nenhuma. Os brasileiros continuarão chafurdando nas filas dos consulados americanos, enfrentando todo tipo de humilhação para obterem visto. E o pior é que, após mostrarmos o traseiro para os americanos, eles nos pagaram com um insulto
Dispensados de vistos para seus cidadãos a partir de 17 de junho, em medida anunciada por Bolsonaro, os Estados Unidos retribuíram recomendando a seus viajantes que “exerçam cautela aumentada no Brasil devido ao crime”.
E tem mais burrice por aí. O setor agropecuário acaba de manifestar, em carta, preocupação quanto às declarações do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, sobre a relação do Brasil com a China.
“A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) gostaria de externar a sua preocupação em relação às supostas declarações reproduzidas pelo noticiário nacional, nas quais teriam sido feitas afirmações no sentido de diminuir a importância das relações comerciais entre Brasil e China”, diz a carta entregue a Araújo pelos ruralistas.
Não é preciso falar muito. Ao tomar partido dos EUA na guerra comercial da potência com a China, o Brasil abre mão de um mercado gigantesco para agradar um país que de forma alguma vai comprar do Brasil tanto quanto a China, até porque os EUA têm uma agricultura muito mais pujante que a dos chineses e grande parte do que vendemos a eles não interessa aos americanos.
Não é à toa que a aprovação de Bolsonaro está despencando. Há três meses no governo, ele ainda não tomou nenhuma medida concreta para melhorar a situação dos brasileiros e exorcizar a crise econômica. Agora, porém, extrapolou. Gastou dinheiro público para ir aos EUA “abrir as pernas” para os americanos sem que o Brasil ganhe nada com isso.
A hora de Bolsonaro está se aproximando cada vez mais. Até meados do ano, terá a maioria dos brasileiros contra si. Pesquisa de opinião feita pelos apoiadores dele mostra que sua rejeição disparou e sua aprovação caiu. Até porque, a economia continua afundando. Mas os americanos estão soltando foguetes. Ganharam presentes de Bolsonaro sem retribuírem nada.
Confira a matéria em vídeo

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