O Financial Times, um dos jornais de maior prestígio no mundo, publica hoje extensa reportagem sobre o assassinato de Marielle Franco e afirma que as conexões do clã Bolsonaro com as milícias no Rio de Janeiro precisam ser elucidadas.
![]() |
A foto que abre a reportagem do Financial Times |
O Financial Times, um dos jornais de maior prestígio no mundo, publica hoje extensa reportagem sobre o assassinato de Marielle Franco e afirma que as conexões do clã Bolsonaro com as milícias no Rio de Janeiro precisam ser elucidadas.
O jornal descreve Marielle como a “Alexandria Ocasio-Cortez da política brasileira”, uma referência à deputada do Partido Democrata que é a sensação da política nos Estados Unidos com a sua proposta de “socialismo democrático” .
“Oradora pública articulada e carismática, Marielle Franco era vereadora do partido de esquerda PSOL, cuja campanha contra a corrupção e a violência policial fez dela uma estrela em ascensão da política do Rio de Janeiro – uma conquista improvável para uma mulher negra e gay de uma das favelas da cidade”, diz a reportagem.
Jair Bolsonaro é descrito por suas conexões com a organização criminosa representada pelas milícias.
“Não há nenhuma sugestão de que o Sr. Bolsonaro ou seus filhos tenham qualquer envolvimento no tiroteio de Marielle Franco. Mas uma razão pela qual seu assassinato criou problemas para o presidente é a rede de conexões entre o clã Bolsonaro e as pessoas envolvidas nas milícias ou perto delas”, diz o texto.
O jornalista lembra que, no ano passado, Bolsonaro declarou em uma entrevista de rádio:
“Veja, há pessoas que apóiam as milícias. . . Em lugares onde as milícias são pagas, não há violência”.
O texto também destaca a presença de parentes de milicianos no gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro e as declarações dele que relativizaram o assassinato da juíza Patrício Acioli, executada em 2011 por policiais militares que tinham envolvimento com milícias.
A reportagem sobre as milícias como um “poder paralelo no Brasil” é cuidadosa na escolha das palavras, e se destaca mais pelo que não diz, mas sugere.
Tem a foto dos três filhos políticos de Bolsonaro e a lembrança de que Fabrício Queiroz, quando citado na investigação sobre movimentação atípica do Coaf, se refugiou em Rio das Pedras, “lar da primeira milícia no Rio de Janeiro.”
A reportagem prejudica a imagem do Brasil e, particularmente, a de Bolsonaro, já muito desgastada pelas muitas declarações que deu sobre direitos das mulheres, dos homossexuais e dos negros.
Soma-se a outras publicações recentes, como a da Fox News, que também destacou a relação de Bolsonaro com os milicianos e, especialmente, o fato do presidente ser vizinho de uma acusados pelo assassinato de Marielle.
Sergio Moro é citado negativamente, como autor de um projeto que permite a juízes rejeitar processos contra policiais que matarem sob “medo desculpável, supresa ou emoção violenta”.
A reportagem lembra que a polícia brasileira já mata muito, e começou a matar mais desde a posse de Bolsonaro. Não cita dados nesse sentido, mas o caso em que 13 pessoas foram assassinadas no Rio de Janeiro, numa operação supostamente destinada a prender traficantes.
O Financial Times, leitura obrigatória para lideranças capitalistas do mundo todo, não se cansava de elogiar Lula, durante seu governo, com editoriais sobre o ambiente positivo para negócios no Brasil.
Foram publicações que ajudaram a atrair investimentos para o país e projetar a imagem do Brasil com destaque entre os países emergentes. Não foi por outra razão que o país foi colocado na vitrine mundial, ao ser escolhido para sediar uma Copa do Mundo e as Olimpíadas.
Bolsonaro leva o país no sentido contrário.
Quem lê a reportagem do Financial Times vai pensar duas vezes antes de tirar dinheiro no bolso para investir no Brasil.
Um presidente defensor de milicianos assassinos não inspira confiança em ninguém.

Carlos e Flávio Bolsonaro: conexões do clã com as milícias
* * *
Para ler a reportagem do Financial Times, clique aqui.
No DCM
Nenhum comentário:
Postar um comentário