segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

A pergunta não é se Bolsonaro ameaça a democracia, mas como as instituições, minadas por extremistas de direita lavajatistas, irão resistir



É fácil dizer que o primeiro ano de governo prova que a democracia sobreviverá a Bolsonaro, quando em dois ou três anos, a configuração do STF e a presidência do Congresso sofrerá sua influência
Jornal GGN – Pedro Abramovay, constitucionalista e cientista político, assina artigo no El País neste domingo (25), questionando como as instituições brasileiras irão resistir até o final do mandato de Jair Bolsonaro.
Para Abramovay, os críticos que afirmam que o primeiro ano de governo é prova de que Bolsonaro não é uma ameaça real à democracia se esquecem que, em dois ou três anos, o Supremo Tribunal Federal e a presidência do Congresso terão uma nova configuração.
Bolsonaro terá direito a indicar dois ministros para o STF e Davi Alcolumbre e Rodrigo Maia podem ser substituído no comando do Senado e Câmara, respectivamente, por aliados do governo.
Daí que a pergunta certa não é se as ameaças se as ameaças de Bolsonaro à democracia irão sair do papel, mas se as instituições terão capacidade de resistir. E por quanto tempo.
“Os artigos que apontam a sobrevivência da democracia neste primeiro ano como sinal de que não teremos uma virada autoritária poderiam tranquilamente ter sido escritos ao final dos primeiros anos dos Governos —hoje claramente autoritários— na Nicarágua, Hungria, Venezuela, Polônia, Turquia e Índia”, apontou Abramovay.
“A cada discurso que reforça uma visão autoritária por parte do Governo (…), os setores mais violentos da sociedade vão se sentindo à vontade para avançar contra seus inimigos e as instituições vão, pouco a pouco se sentindo confortáveis para reforçar as violências ao invés de proteger a constituição”, frisou.
“É esse mecanismo de alimentar a violência através do discurso e criar um ambiente para que as instituições corroborem essa violência ao invés de reprimi-la que marca a diferença do que vemos hoje com o autoritarismo latente do Brasil”, escreveu.

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