quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Lewandowski diz que Lava Jato foi “extremamente seletiva”, ou seja, parcial, política, e que poderosos corruptores já estão soltos


Resultado de imagem para hipocrisia sérgio moroJornal GGN O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, afirmou em entrevista ao El País que as operações da Lava Jato “foram extremamente seletivas, elas não foram democráticas no sentido de pegar os oligarcas de maneira ampla e abrangente.”


Segundo o magistrado, é por isso que se deve “ter muito cuidado quando se quer fragilizar os direitos e garantias do cidadão em juízo, dentro de um contexto politicamente matizado.”
“Eu acho que há valores de que não se pode abrir mão de forma nenhuma. São valores que resultam de lutas milenares dos povos contra a autocracia, a tirania, a opressão. É por isso que eu digo que essa avaliação episódica que certas operações produziram [de que poderosos foram, pela primeira vez, para a cadeia] pode se mostrar no futuro próximo — e não digo um futuro distante — realmente uma falácia.”
Ainda de acordo com o ministro, hoje no Brasil 99,9% das pessoas presas são “das camadas sociais mais baixas, os hipossuficientes, os pobres, sobretudo da população negra. Essa ideia de que agora os ricos, os poderosos, estão sendo presos não me parece que corresponde à realidade.”
“As últimas operações tão apregoadas, tão incensadas pela mídia, prenderam muito poucos ricos e poderosos. E os poucos que foram presos já estão soltos, e com seus patrimônios intactos. Na prática, remanesceram presos um ou outro político mais conspícuo”, afirmou.
Para Lewandowski, não há como afirmar se ministros do STF agiram pressionado pela mídia a ponto de mudar a opinião. Mas é preciso reconhecer o barulho que os veículos fazem e seu poder de influência sobre a sociedade.
Lewandowski ainda afirmou que o “combate à corrupção é necessário”, mas no Brasil “sempre foi um mote para permitir que se promovessem retrocessos institucionais. Foi assim na época do suicídio de Getulio Vargas, foi assim em 64. É uma visão moralista política do combate à corrupção, a meu ver, absolutamente deletéria.”

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