sexta-feira, 3 de abril de 2020

As ligações da Madero de Luiz Renato Durski, sócio de Luciano Huck, com o chinês que queria comprar a Amazonia. Por Luis Nassif



Seu braço direito no Brasil era justamente Luiz Renato Durski Junior, dono da empresa Marine Box, uma trading fundada em 1999, que negocia madeiras. No escritório, a trading usa a logomarca da Anxin Flooring Co.

Em Curitiba, há suspeitas de que Luiz Renato Durski Junior, o controvertido proprietário da rede Madero, seja apenas o intermediário do chinês Lu Weiguang, maior fabricante de pisos de madeira e maior importador de madeiras da China.
Uma reportagem de O Globo, de 06.08.2006 joga alguma luz essas relações.
Lu Weiguang, dono da produtora de pisos de madeira e importadora Shanghai Anxin estava entre os 400 homens mais ricos do país, segundo a “Forbes” americana. Era tratado pela mídia chinesa como “o primeiro chinês a ser dono da floresta amazônica”.
Segundo a China Daily Lu Weiguang, 39, nasceu em uma família de comerciantes de Wenzhou, província de Zhejiang. Após se formar na faculdade, Lu tornou-se funcionário do Departamento Administrativo de Pesca de Wenzhou.
Com um empréstimo do pai, fundou a Anxin, que começou vendendo pisos de madeira e se tornou a líder do setor e a maior importadora de madeira bruta do país.
Passou a se interessar pela madeira brasileira em 1996, em conversas com empresas de Taiwan e Hong Kong. Em 1996, o Conselho de Estado da China proibiu a exploração comercial de florestas nativas. E ele passou a olhar o Brasil.
Em entrevista a O Globo, por fax, Weiguang afirmava ter comprado, em 2004, mil quilômetros quadrados da floresta amazônica nativa de uma reserva indígena da região. Tratava-se de uma área em Mato Grosso, maior que Cingapura, equivalente a todo o território de Hong Kong. “Ou o equivalente, como gostam de dizer os jornais chineses, à ilha de Congming, próxima a Xangai e visível claramente em qualquer mapa da China”.
Segundo a reportagem, Weiguang teria contornado as leis brasileiras vindo com a mulher para dar a luz no Brasil a um filho brasileiro. As terras foram compradas em nome do filho.
Procurou a região e, segundo ele, cativou os índios com remédios, escolas. Em 2004 finalmente, segundo declarou a O Globo, comprou dos índios uma área de 150 km quadrados e, mais tarde, outra de 950 km2.
As conversas de Lu chamaram a atenção da Funai e o Serviço Florestal Brasileiro, que não souberam dizer se era bravata ou não.
Seus feitos saíram na imprensa chinesa.
Em um dossiê da China Daily USA, sobre a internacionalização das empresas chinesas, Lu diz que vendeu uma das duas fábricas brasileiras da empresa com prejuízo desde que o valor crescente do real brasileiro dificultou a exportação de produtos semi-acabados de volta para a China. Mas diai ter esperanças que “ a próxima Copa do Mundo e Olimpíadas tornam o Brasil um mercado dinâmico”. A empresa planeja sediar uma partida com jogadores da seleção nacional da China em sua fábrica restante, que tem um campo adjacente.
Segundo a Dun&Bradstreet, o grupo de Lu tinha receita anual de US$ 128 milhões, 1.200 funcionários.
Em seu site, a Anxin revela ter duas bases internacionais de coleta de madeira em larga escala no Brasil e na África e duas áreas em Xangai e Suzhou.

O caso Madero

Lu mantinha um apartamento em bairro nobre de Curitiba, para onde trouxe a mulher Chen Jie, grávida de 3 meses. Com o nascimento do filho brasileiro, em abril de 2003, conseguiu visto permanente no Brasil.
Seu braço direito no Brasil era justamente Luiz Renato Durski Junior, dono da empresa Marine Box, uma trading fundada em 1999, que negocia madeiras. No escritório, a trading usa a logomarca da Anxin Flooring Co.
A parede da sala de reuniões era enfeitada com duas molduras com a figura de Lu ao lado de Lula e Rubens Ricupero.
Na entrevista, Durski diz que a Anxin era sua principal cliente há seis anos, mas não era sócia da empresa. A reportagem apontou o fato de que uma das empresas coligadas da Marina Box, em Varzea Grande, no Mato Grosso, usa a sigla AXN. Mas o empresário disse tratar-se de coincidência. E atribuiu a meras gabolices as informações de Lu sobre as terras amazônicas.
A Marina vendia ao mercado chinês, na época, 60% da produção de madeira produzida no Brasil, 1.200 conteiners em 2005. Além de Curitiba, mantinha escritórios de apoio pelo Brasil, especialmente em polos madeireiros.

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