Vai fazer um aninho: no dia 9 de fevereiro de 2020, José Olympio Pereira, CEO da operação do Credit Suisse no Brasil, e Ilan Goldfajn, presidente do conselho brasileiro do banco de investimento helvético, foram até a Bovespa junto com o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, para “tocar o sino” da oferta das ações com direito a voto que o BNDES tinha da estatal. Foram vendê-las pessoalmente. Todas elas.

No primeiro ano do governo Bolsonaro, Paulo Guedes já tinha avisado que a equipe econômica estava disposta a, nas palavras usadas na época pelo jornal O Globo, “fazer o programa de privatizações deslanchar por meio da venda de ações”.

Naquela oferta de ações de fevereiro de 2020, naquela etapa já vencida da política de “desinvestimento” e privatização do sistema Petrobras na esteira da terraplanagem feita pela Lava Jato, todas as ações da estatal com direito a voto que o BNDES tinha foram vendidas por R$ 22 bilhões. Foi a maior oferta de ações realizada no Brasil em 10 anos. O Credit Suisse, “coordenador líder” da oferta, embolsou uma comissão de cerca de R$ 44 milhões (0,2% da operação). Antes, em julho de 2019, o Credit Suisse já tinha coordenado a privatização da BR Distribuidora, também via venda de ações.

Quase um ano depois, e uma semana atrás, no último 28 de janeiro, Sergio Moro (“Director, Alvarez & Marsal in Brazil”) palestrou sobre “luta contra a corrupção e governança corporativa no Brasil” na 2021 Latin America Investment Conference: a New Decade, a New World, evento online organizado pelo Credit Suisse.

O “coordenador líder”, desculpe, o moderador da apresentação de Moro foi José Olympio Pereira. Quem antecedeu Moro na programação do seminário foi Roberto Castello Branco. Ilan Goldfajn moderou um dueto de Michel Temer e Fernando Henrique Cardoso sobre “Política e Instituições no Brasil”, no dia 27, e introduziu a palestra de Paulo Guedes, no dia 26, data de abertura do seminário do Credit Suisse por Jair Messias Bolsonaro.

Está tudo aí. Estavam todos lá. Só faltou o Deltan. Talvez um representante do Supremo. Quem sabe o chairman, In Fux We Trust. Não seja por isso: em julho de 2019 a Vaza Jato revelou que Dallagnol e Fux estrelaram dois dos encontros secretos que a XP Investimentos promovia em São Paulo com CEOs e tesoureiros de grandes bancos brasileiros e internacionais, com garantia de não sair nem uma notinha na imprensa sobre o que era dito nos colóquios.

No dia 17 de maio de 2018, No Telegram, Deltan Dallagnol perguntou à Débora, da XP, quais exatamente seriam os bancos do encontro secreto, no que a Débora respondeu: “JP Morgan, Morgan Stanley, Goldman Sachs, Credit Suisse…”. Estavam todos lá. Está tudo aí.