quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

Procuradores da Lava Jato faziam pressão escancarada a ministros do STF. Gilmar, Toffoli e Moraes eram alvos

 

Em nova leva de conversas enviada ao Supremo, a defesa do ex-presidente Lula destaca conversas em que a força-tarefa de Curitiba articulava pressão sobre ministros da Corte. “Acho que podemos alimentar os movimentos pra direcionarem atenção para o Alexandre de Moraes. Se pegar sem a nossa cara, melhor”, chegou a escrever Deltan Dallagnol


Deltan Dallagnol, e os ministros do STF Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Alexandre de Moraes

Deltan Dallagnol, e os ministros do STF Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Alexandre de Moraes (Foto: ABr)

247Em nova peça apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF), a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou que a Operação Lava Jato buscam emparedar ministros das cortes superiores para que decidissem a favor da força-tarefa.

As novas conversas revelam 'ataques', conforme apontam os advogados de Lula, contra os ministros Gilmar Mendes e Dias Toffoli, "forçando delações que estavam sendo planejadas em Curitiba". "Também foram planejados ataques ao ministro Alexandre de Moraes por meio de terceiros, para que as ações da 'Lava Jato' para essa finalidade ficassem 'anonimizadas'", afirmou a defesa. "Conforme mensagem do procurador da República Deltan Dallagnol, havia a intenção de 'colocar o STF contra a parede'", apontam os advogados. 

Segundo a ação, “os procuradores planejaram focar em algumas delações premiadas com o objetivo de atingir indevidamente ministros desse Supremo Tribunal Federal”. Um exemplo foi o diálogo de julho de 2016 entre Dallagnol e Julio Noronha. “Toffoli e Gilmar todo mundo quer pegar. Mas é difícil fazer algo com base nisso só. Até porque pode ser parente”, escreve Dallagnol.

O procurador acrescenta: “A responsa tá conosco Julio, temos que focar neles. Precisamos trazer construção para a colaboração”.

Em outra conversa, Deltan Dallagnol diz: "Acho que podemos alimentar os movimentos pra direcionarem atenção para o Alexandre de Moraes. Se pegar sem a nossa cara, melhor, porque fico penando [sic] em possível efeito contrário em que nós queremos colocar [sic] o STF contra a parede".

De acordo com a defesa do ex-presidente, "outros atos com o claro objetivo de tentar intimidar Ministros desse Supremo Tribunal Federal também foram engendrados pela Lava Jato de Curitiba". "Os procuradores da República queriam engajar movimentos para 'direcionarem atenção' para o ministro Alexandre de Moraes. O objetivo seria realizar essa pressão de forma 'anonimizada', dizem os advogados na ação apresentada ao STF", afirmou.

Em entrevista à TV 247 nesta terça-feira (16), o hacker Walter Delgatti, responsável por interceptar o conteúdo dos procuradores da Lava Jato, revelou que o ministro Luís Roberto Barroso, que faz parte da Primeira Turma e portanto não julgava a Lava Jato, atuava como uma espécie de “conselheiro” de Dallagnol, orientando sobre como convencer outros juízes de outras instâncias, como do TRF-4, do STJ e do próprio STF.

A nova peça traz também conteúdo sobre o STJ. Além de levantar o patrimônio de magistrados da Corte junto à Receita Federal, procuradores vazavam à imprensa trechos de delações premiadas para pressionar magistrados em suas decisões, como ocorreu com o ministro Ribeiro Dantas, que conseguiram tirar da relatoria da Lava Jato.

Leia a íntegra da petição: 

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