terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

New York Times discorre sobre o ‘fim desvairado’ da Lava Jato

 

O New York Times publicou, nesta terça-feira (9), um artigo sobre o “fim desvairado” da Operação Lava Jato.

Do DCM:

Artigo de Gaspard Estrada no NY Times


O cientista político Gaspard Estrada, especializado em América Latina, afirma que o imenso capital político e social acumulado por Sergio Moro e os promotores tem se evaporado nos últimos anos.

Ele afirma que a força-tarefa “se vendia como a maior operação anticorrupção do mundo, mas se tornou o maior escândalo judicial da história.”

Leia um trecho abaixo:

Neste mês, o grupo de trabalho responsável pela Operação Lava Jato foi dissolvido pelo procurador-geral brasileiro. O fim da operação anticorrupção, cuja ação mudou a história do Brasil e da América Latina, pode ter provocado uma reação violenta: para alguns é um dos poucos esforços contra a impunidade para políticos e empresários que devem se manter ativos. Para outros, é mais um exemplo da politização da justiça que nasceu com graves falhas de origem.

Se você é a favor ou contra a operação, uma coisa é certa: a interação entre corrupção e política ainda está na ordem do dia. No mesmo dia em que foi anunciada a dissolução da operação, Arthur Lira, político investigado por possíveis atos de corrupção, foi eleito presidente da Câmara dos Deputados.

Mas nem nas ruas nem nas redes sociais, nenhum dos dois anúncios gerou mais indignação. O imenso capital político e social acumulado por Sergio Moro, o famoso juiz que fundou a Lava Jato, e os promotores tem se evaporado nos últimos anos. E isso leva a outra conclusão: ao invés de ajudar a erradicar a corrupção, conseguir maior transparência na política e fortalecer a democracia, a famosa operação contribuiu para o caos que o Brasil vive hoje. Foi vendida como a maior operação anticorrupção do mundo, mas se tornou o maior escândalo judicial da história do Brasil.

Seu fim esnobado nos diz muito sobre o descrédito em que caiu após a vitória de Jair Bolsonaro, impulsionado em grande parte pela indignação social provocada pelo “lavajatismo”. Permite ainda uma reavaliação do legado da operação e da forma como entrará nos livros de história, nomeadamente após a recente publicação de novos diálogos via Telegram entre Moro e o Ministério Público, que confirmaram o seu carácter eminentemente político. (…)

Embora se soubesse há muito tempo que Moro condenava Lula da Silva por “atos indeterminados” e acusações duvidosas, sabe-se agora que o próprio Moro dirigiu a construção da denúncia contra o ex-presidente, violando o princípio jurídico de não ser juiz e festa ao mesmo tempo.

Quando os advogados de Lula denunciaram ter sido espionados ilegalmente pela operação Lava Jato, este garantiu que havia sido um “engano”, e hoje é possível constatar que os promotores foram periodicamente informados pelos policiais federais encarregados das interceptações telefônicas , com o objetivo de traçar estratégias e obter a convicção de Lula. (…)

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