domingo, 1 de maio de 2022

A vitória de Lula na ONU e o fracasso da mídia lavajatista

 

Se o jornalismo mainstream não quiser ter o mesmo fim pelas mãos de seus inteligentes leitores, deve praticar a tão propalada autocrítica e fazer o mesmo

www.brasil247.com - Maria Beltrão e Lula

Maria Beltrão e Lula (Foto: Reprodução | Ricardo Stuckert)

Na última quarta feira (27/04) veio à tona a notícia sobre uma decisão histórica: o Comitê de Direitos Humanos da ONU julgou como parciais as ações da Lava Jato, especialmente as do ex-juiz Sergio Moro, contra o ex presidente Lula. Trata-se de um fato de grande relevância. Estamos falando de um altíssimo fórum de proteção dos direitos humanos em nível mundial julgando que a Lava Jato condenou, prendeu e retirou os direitos políticos de Lula de forma indevida e ilegal. 

O Brasil, como país membro da ONU, é signatário de vários pactos, ou seja, assinou compromissos com as Nações Unidas, entre eles o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, e tem obrigações a cumprir quanto ao respeito aos direitos básicos de seus cidadãos, sob pena de tornar-se, aos olhos do mundo, um país deliberadamente violador de direitos.

Quando o Comitê de Direitos Humanos da ONU decide que Lula teve seus direitos violados e que o Estado brasileiro deve reparar os danos a ele causados está, na prática, fazendo uma grave denúncia. Diz, de forma bastante clara, que Lula foi vítima de uma farsa judicial praticada em desacordo com as normas garantidoras de direitos civilizatórios elementares. 

E vejam só: a ONU não precisou das mensagens escandalosas trocadas por Moro e membros da Lava Jato reveladas em 2019 para concluir isso. Seus principais apontamentos dizem respeito a fatos públicos ocorridos desde 2016, como o grampo ilegal de ligações dos advogados de Lula, a absurda condução coercitiva, entre outros. Dizem respeito, portanto, a atos flagrantemente incompatíveis com o exercício do Estado de Direito e amplamente conhecidos pela mídia desde sempre, condenados por grandes juristas brasileiros e estrangeiros desde 2016, mas que foram pelo jornalismo lavajatista sempre diminuídos, em detrimento do respeito ao leitor e à verdade.  

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Causa indignação que a mídia empresarial, a dos grandes telejornais, rádios e jornais impressos e digitais, que entre 2014 e 2018 inflou a Lava Jato blindando-a contra qualquer crítica, convertendo Sérgio Moro em juiz-pop star, tenha dedicado pouquíssimo espaço para repercutir uma notícia de tamanha gravidade e importância. 


Lula passou 6 anos sendo capa dos jornais e ocupando horas e horas dos telejornais, acusado de corrupção com base nas ações penais conduzidas por Sérgio Moro, Dalagnol e companhia. Seria no mínimo justo e decente que de quarta feira até aqui esse fosse um dos principais assuntos dos jornais, para que a opinião pública fosse suficientemente informada sobre a precariedade e falsidade dos fatos noticiados massivamente contra o ex-presidente nos últimos anos. 


Percebam: um ex-presidente da república foi preso por uma farsa judicial reconhecida como tal pelo mais alto comitê de direitos humanos da ONU. Mais que isso: tal farsa contaminou o resultado eleitoral de 2018, visto que ela tirou Lula, líder de todas as pesquisas eleitorais à época, das eleições presidenciais. Trata-se de um atentado contra o indivíduo Luiz Inácio Lula da Silva e contra a cidadania e a democracia, portanto contra o povo brasileiro.

Essa notícia é uma bomba, tem a mais alta relevância. Mas boa parte da mídia, que cobra tanto a autocrítica dos partidos, quis se esconder e precisou de mais de 24 horas para pelo menos noticiar o fato, sem chegar perto de dar-lhe a relevância que merece. 

A mesma imprensa que ao noticiar a anulacao dos processos do ex presidente pelo STF ano passado pouco falou sobre os danos causados a um cidadão brasileiro que ficou quase dois anos trancafiado injustamente numa sala de poucos metros quadrados. Só se falava sobre seu processo não ter sido julgado no mérito ou sobre se ele poderia ou não ser candidato novamente. A mídia que demonizou Lula até vê-lo preso é a mesma que desumanizou Lula quando de sua soltura. 

Mesmo após a soltura de Lula e a anulação dos processos pelo STF, aliás, jornalistas lavajtistas, e em Pernambuco há alguns exaltados, insistiam em insinuar que havia ali algo que não cheirava bem. Uns bradavam aos quatro cantos que o STF é um tribunal permeável à política, outros insistiam na tese de que ainda assim Lula não era inocente, pois seu caso não havia sido julgado no mérito. Fingiam não saber que pela constituição brasileira qualquer cidadão sem sentença transitada em julgado é inocente. 

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E agora, o que dirá o jornalismo lavajatista? Dirá que a ONU não tem autoridade? Dirá que esse julgamento do Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas não vale muita coisa? Até onde irá o negacionismo dos colunistas órfãos da narrativa segundo a qual “um juiz super herói pôs na cadeia um líder de esquerda corrupto”? 

Lavajatistas: vocês definitivamente perderam. Sérgio Moro agora é lembrado como nada mais que um dos pais do bolsonarismo, gestado nas hostes do antipetismo irracional massificado na última década. Um ex-juiz desmoralizado e apequenado. Jornalistas lavajtistas, peçam desculpas a Lula e a seus leitores. O Comitê da ONU acabou de jogar Sérgio Moro e as peripécias da Lava Jato na lata do lixo da história. 

Se o jornalismo mainstream brasileiro não quiser ter o mesmo fim pelas mãos de seus inteligentes leitores, ouvintes e telespectadores, deve praticar a tão propalada autocrítica e fazer o mesmo. 

Nunca é tarde para demonstrar grandeza. 

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