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segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Burguesia – Que classe! Fedorenta, mas que se tenta perfumada, por Mouzar Benedito



Mouzar Benedito reúne as melhores frases e ditados sobre burguesia e classe média. De Oscar Wilde a Marilena Chaui, passando por Karl Marx e Silvio Santos.


Mouzar Benedito reúne as melhores frases e ditados sobre burguesia e classe média. De Oscar Wilde a Marilena Chaui, passando por Karl Marx e Silvio Santos.



Intervenção espirituosa em outdoor de empreendimento imobiliário na avenida Rebouças, em São Paulo. Foto: Artur Renzo. Maio de 2019.

do Blog da Boitempo

Burguesia – Que classe! Fedorenta, mas perfumada

por Mouzar Benedito

Vejam uns conceitos referentes a uma só palavra, que retirei de um dicionário e pensem em quem se identifica com eles: 1. “Que ou aquele que não tem grandeza nem abertura de espírito por excessivo por segurança, êxito material, bem-estar etc.”. 2. “Que ou o que demonstra contar com horizontes estreitos: ser antiprogressista, preconceituoso, reacionário, ou nada entender de coisas do bom gosto e da arte, ou ter inquinações e sentimentos pouco elevados (todos considerados como características dos burgueses)”.
Sim, referem-se à palavra burguês. Claro que há outros significados, como o original dos tempos da Idade Média: natural ou habitante livre de um burgo, que gozava de relativos privilégios. Está no dicionário Houaiss.
Burguês no conceito popular, hoje, é o sujeito rico, de preferência muito rico. Mas a classe média não pode ser chamada de burguesia?
A filósofa Marilena Chaui provocou furor na mídia ao falar da classe média, que tem a ver com esses conceitos de burguesia. Ela disse: “A classe média é uma abominação política, porque é fascista; é uma abominação ética, porque é violenta; e é uma abominação cognitiva, porque é ignorante. Fim.”. E concluiu: “Eu odeio a classe média”. E olha que ela falou isso num tempo que parecia bem menos ruim do que o atual.
Bom… A classe média não é homogênea, para começar tem média-alta, média-média e média-baixa. Em sociologia, a classe média engloba os que exercem profissões liberais, os pequenos industriais e comerciantes, além dos quadros médios da função pública ou do comércio e da indústria. Enfim, dá para incluir na classe média até os intelectuais, que dependem de um emprego para viver, embora com certas “qualidades”. Aliás, Ralph Emerson, filósofo estadunidense disse: “Todos os grandes homens saíram da classe média”.
Dentro da classe média há gente que foge do padrão: o intelectual “tem gosto e interesse pronunciados por coisas da cultura, da literatura, das artes etc.”, é uma pessoa com uma certa cultura geral, tida como pensador, sábio… O burguês citado é bronco e gosta de ser bronco. Tem dinheiro e condições para mudar sua condição mas não muda, ao contrário, tem preconceito contra os que não são como ele. No conjunto, a classe média se identifica com a alta, tem os ideais da classe alta mesmo sendo explorada por ela. Mas, relembro as minorias dentro dela.
Jornalista e outros profissionais podem se sentir com vernizes intelectuais, mas são ou não são classe média? Nós jornalistas podemos nos situar entre estes que, em termos econômicos e condições de vida são sem dúvida da classe média, portanto burgueses (pequenos ou médios), embora muitos de nós discordantes do padrão que ela representa em termos políticos e culturais.
Profissionais liberais como médicos, advogados, dentistas, engenheiros e outros com formação universitária, não só podem ser identificados como burgueses como, acho, compartilham (em sua maioria) os ideais burgueses. Claro, tem médicos que fogem disso (vide os que optam por saúde pública, por exemplo), assim como advogados, dentistas, engenheiros etc. Conheço vários que não se assemelham nem um pouquinho com os burgueses que cito.
O que reparo nos tempos atuais é que as pessoas que se encaixam perfeitamente no figurino que citei no início deste texto estão em todas as partes. São mais comuns do que moeda de um real. Encontra-se por onde a gente vá. Até em faculdades. O ódio à cultura, ao pensamento libertário, ao progresso humano, ao bom gosto, é uma característica dominante numa vasta quantidade de brasileiros (não só). Tem deles em todas as camadas da classe média, nas ditas “elites” e até na classe trabalhadora.
Então, aí vão umas frases coletadas por aí que falam de um tipo de gente da “classe média”, da burguesia, e também de uma elite escrota que pensa e age igualzinho a essa burguesia. Na verdade, são frases sobre “classe”, seja qual for ela. Mas com preferência por essa burguesia ideológica típica, que sempre existiu mas agora é mais exibida, inclusive no Brasil.
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Cazuza: “A burguesia fede. / A burguesia quer ficar rica. / Enquanto houver burguesia / Não vai ter poesia”.
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Falcão (o músico): “Eu sei que a burguesia fede, mas tem dinheiro pra comprar perfume”.
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Milton Santos: “A classe média não quer direitos, quer privilégios, custe os direitos de quem custar”.
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Milton Santos, de novo: “Existem apenas duas classes sociais, as do que não comem e as dos que não dormem com medo da revolução dos que não comem.”.
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Mary McCarthy: “Só os idiotas da classe média acreditam que ficar em dia com a última novidade em literatura melhora o seu status no mundo”.
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Oscar Wilde: “Só há uma classe de pessoas que pensa mais em dinheiro do que os ricos. São os pobres.”
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Oscar Wilde, de novo: “Uma grande paixão é privilégio de quem não tem nada que fazer. É a única ocupação das classes ociosas de um país”.
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Marx e Engels, na Ideologia alemã: “As ideias dominantes numa época nunca passaram das ideias da classe dominante”.
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Marx e Engels, no Manifesto comunista: “A burguesia rasgou o véu da emoção e de sentimentalidade das relações familiares e a reduziu a uma relação monetária”.
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Alain Touraine: “Substitua ‘burguesia” por ‘globalização’ e eis o mundo atual descrito por Marx”.
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Marx e Engels, no Manifesto Comunista: “Os que no regime burguês trabalham não lucram e os que lucram não trabalham”.
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Francis Bacon: “Há pouca amizade no mundo, sobretudo entre pessoas da mesma classe”.
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Benjamin Constant: “O direito à insurreição não pertence a ninguém […]. Nenhuma classe pode fazer da insurreição um monopólio”.
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Marquês de Maricá: “Mudai um homem de classe, condição e circunstâncias, vós o verás mudar imediatamente de opiniões e de costumes”.
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Paulo Francis: “Ser da classe média é achar Godard o máximo”.
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Domitila Chungara: “A burguesia sempre foi brutal, mentirosa e ladra”.
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Emiliano Zapata: “O burguês, não contente em possuir grandes tesouros dos quais ninguém participa, rouba o produto do trabalho do operário e do peão”.
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Carlos Drummond de Andrade: “Preso à minha classe e algumas roupas, vou de branco pelas ruas cinzentas”.
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Victor Hugo: “A miséria das classes baixas é sempre maior que o espírito de fraternidade das classes altas”.
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Eu: “Nem só da classe média vive a imbecilidade”.
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Eu, de novo: “Classe média de todo o mundo, uni-vos. Assim a gente compra uma televisão só”.
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Aldous Huxley: “O burguês é um perfeito animal humano domesticado”.
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Frida Kahlo: “Acho que é melhor nos separarmos e eu ir tocar minha música em outro lugar com todos os meus preconceitos burgueses de fidelidade”.
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Antônio Lobo Antunes: “Quem lê é a classe média”.
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Noam Chomsky: “O problema da classe média é que ela não está nem aí para os privilégios dos ricos, mas sim para a possibilidade dos pobres terem algum”.
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Aécio Neves (em 2013): “A presença maciça da classe média no movimento de protesto coloca em xeque, com ênfase, as contradições do PT”.
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João Pedro Stédile: “O papel do movimento não é agradar a classe média, que sempre foi oportunista. Não vim aqui para puxar o saco de vocês”.
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Silvio Santos: “A melhor maneira de viver é como um cidadão de classe média. Tudo o que passa disso, na minha opinião, é troféu. O dinheiro para mim representa apenas troféus de sucesso, troféus de vitória”.
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Marco Maia: “A elite brasileira não gosta de ciência e tecnologia, pois eles não permitem que o Brasil seja desenvolvido e emancipe seu povo, gostam de ser colônia dos países desenvolvidos”
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Jessé de Souza: “A elite não odeia os pobres, ela tem uma indiferença blasé, quer o dinheiro dela e pronto. Mas uma parte da classe média tem sim uma relação de ódio com o pobre”.
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Lula: “A classe média deveria entender que, ao receber algum recurso, o pobre gasta”.
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Joseph Goebbels: “A classe média não é anticomunista porque acredita na ameaça do comunismo para a nação e as tradições nacionais, mas porque tem medo que os comunistas vão roubar sua fortuna, tranquilidade e segurança”.
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Joan Bardeletti: “Parti do pressuposto que uma classe média crescente significaria um avanço democrático. Mas quando falei com as pessoas percebi que estavam envolvidas em política apenas quando lhes era conveniente”.
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Ferdinand Lassalle: “Se a classe operária tudo produz, a ela tudo pertence”.
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Fernando Meirelles: “Os cineastas brasileiros são parecidos: pertencem à classe média, leem os mesmos livros, veem os mesmos filmes”.
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Victor Hugo: “Quiseram, erradamente, fazer da burguesia uma classe. A burguesia é apenas a parte satisfeita do povo. O burguês é o homem que hoje dispõe de tempo para ficar montado. Uma cadeira não constitui uma classe”.
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Warren Buffet: “Enquanto os pobres e a classe média combatem por nós no Afeganistão, e enquanto muitos americanos lutam para chegar ao fim do mês, nós, os mega-ricos, continuamos nos beneficiando de isenções fiscais extraordinárias”.
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Émile Henry: “Não existe burguesia inocente”.
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Herman Hesse: “A burguesia prefere a comodidade ao prazer, a conveniência da liberdade e uma temperatura agradável para o mortal fogo consumidor interno”.
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Darcy Ribeiro: “Não há lugar melhor para fazer um país do que este, mas o Brasil tem uma classe dominante ranzinza, azeda, medíocre, que não deixa o país ir pra frente”.
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Darcy Ribeiro, de novo: “Nós temos uma das elites mais opulentas, antissociais e conservadoras do mundo”.
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Mario Benedetti: “A verdadeira divisão de classe sociais deveria ser feita levando-se em conta a hora em que cada um sai da cama”.
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Julio Cortazar: “Sou um burguesinho cego a tudo o que se passa além da esfera da estética”.
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Gabriela Mercury: “O tambor vem vestido de chita rasgando seda para a burguesia”.
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Santiago Dantas: “A Índia é um país com uma elite maravilhosa e um povo de merda. O Brasil é um país com um povo maravilhoso e uma elite de merda”.
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Guilherme Boulos: “A burguesia brasileira pede um Estado mínimo e enxuto para o povo, mas desde sempre teve para si um Estado máximo. Privatizar os lucros e socializar o prejuízo, esta é sua diretriz.”
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Luís Fernando Veríssimo: “Sou pelo fim do seu extermínio [da classe média] e pela demarcação das suas terras. No caso de não ser possível estabelecer-se um santuário, poderia se pensar em cotas anuais de abate”.
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Eu: “Executivo insensível também pode ter nó na garganta: o da gravata”.
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Flaubert: “Chamo de burguês toda pessoa de pensamento vulgar”.
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Luís Antônio Medeiros: “No Brasil, quem tem uns dentes na boca já é elite”.
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Anônimo: “A melhor coisa que a burguesia faz é filha”.
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Valéry Larbaud: “O dever, eis o nome que a burguesia tinha dado à sua covardia moral”.
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Eu: “Privilégio de ‘gente fina’: o que a elite cultural e política faz ideológica e intelectualmente não se chama prostituição, mas pragmatismo”.
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Eduardo Galeano: “O que são pessoas de carne e osso? Para os mais notórios economistas, números. Para os mais poderosos banqueiros, devedores. Para os mais influentes tecnocratas, incômodos. Para os mais exitosos políticos, votos”.
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John Lennon: “Se tomássemos o poder na Inglaterra, teríamos a tarefa de limpá-la da burguesia e manter as pessoas em um estado mental revolucionário”.
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Mouzar Benedito, jornalista, nasceu em Nova Resende (MG) em 1946, o quinto entre dez filhos de um barbeiro. Trabalhou em vários jornais alternativos (Versus, Pasquim, Em Tempo, Movimento, Jornal dos Bairros – MG, Brasil Mulher). Estudou Geografia na USP e Jornalismo na Cásper Líbero, em São Paulo. É autor de muitos livros, dentre os quais, publicados pela Boitempo, Ousar Lutar (2000), em co-autoria com José Roberto Rezende, Pequena enciclopédia sanitária (1996), Meneghetti – O gato dos telhados (2010, Coleção Pauliceia) e Chegou a tua vez, moleque! (2017, e-book). Colabora com o Blog da Boitempo quinzenalmente, às terças.

sábado, 11 de maio de 2019

Mouzar Benedito reúne as melhores frases sobre liberdade, de Malcolm X a Machado de Assis, passando por Simone de Beauvoir e Cecília Meireles, para dar algum ânimo na era do neofascismo e do discurso autoritário dos sombrios tempos de Bolsonaro, Paulo Guedes e Mourão



do Blog da Boitempo

Cultura inútil: Liberdade! Liberdade?

por Mouzar Benedito

Nós saciólogos (sic) fazemos muitas atividades por aí, e sempre nos perguntam como é que o Saci perdeu uma perna. Há várias versões. Conto a que prefiro.
Reza a lenda que o Saci era um pequeno deus guarani – pequenino mesmo, um curumim. Os colonizadores, para facilitarem o domínio dos povos indígenas, “transformaram” todos os seus deuses em demônios. Para aumentar o preconceito contra o Saci, nos tempos de escravidão negra, o transformaram em negro. E ele foi pego e escravizado por um fazendeiro. À noite, ficava acorrentado por uma perna, preso a um cepo na senzala. Uma noite, ele mesmo cortou a perna presa e fugiu. Preferiu ser um perneta livre do que um escravo de duas pernas.
Nestes tempos em que tem gente desprezando solenemente a liberdade, e aspirando a volta da ditadura, me lembrei disso. E coletei um monte de frases sobre o tema. Aí vão.
Benjamin Franklin: “Aqueles que abrem mão da liberdade essencial por um pouco de segurança temporária não merecem nem a liberdade nem a segurança”.
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Benjamin Franklin, de novo: “Onde mora a liberdade, ali está minha pátria”.
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Graham Greene: “Heresia é apenas um outro nome para liberdade de pensamento”.
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Virginia Woolf: “Não há barreira, fechadura ou ferrolho que possas impor à liberdade da minha mente”.
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Jeanne Manon Roland: “Liberdade, liberdade, os crimes que se cometem em teu nome”.
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Machado de Assis: “A liberdade não é surda-muda nem paralítica. Ela vive, ela fala, ela bate as mãos, ela ri, ela assobia, ela clama, ela vive da vida”.
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O gêmeo Paulo, no romance Esau e Jacó, de Machado de Assis: “A abolição é a aurora da liberdade; emancipado o preto, resta emancipar o branco”.
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Bakunin: “A liberdade do outro estende a minha ao infinito”.
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Françoise Sagan: “Desejo tanto que respeitem a minha liberdade que sou incapaz de não respeitar a dos outros”.
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Clarice Lispector: “A liberdade é pouco. O que eu quero ainda não tem nome”.
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Clarice Lispector, de novo: “Acho que devemos fazer coisa proibida, senão sufocamos. Mas sem sentimento de culpa e sim como aviso de que somos livres”.
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Clarice Lispector, mais uma vez: “Eu tenho uma aparente liberdade, mas estou presa dentro de mim”.
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Clarice Lispector, ainda: “Mas quero a liberdade de dizer coisas sem nexo como profunda forma de te atingir. Só o errado me atrai, e amo o pecado, a flor do pecado”.
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E mais uma da Clarice Lispector: “A liberdade ofende”.
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Stanislaw Ponte Preta: “Política tem esta desvantagem: de vez em quando, o sujeito vai preso, em nome da liberdade”.
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Rubem Alves: “O desejo de liberdade é mais forte que a paixão. Pássaro, eu não amaria quem me cortasse as asas. Barco, eu não amaria quem me amarrasse no cais”.
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Marina Tsvetayeva: “A liberdade é uma puta bêbada esperneando contra um soldado que tenta dominá-la”.
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Luís Freitas Rodrigues: “A liberdade não evita que um indivíduo se torne hipócrita; é contudo, inegavelmente, uma lei contra a hipocrisia”.
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Marquês de Maricá: “O que ganhamos em autoridade, perdemos em liberdade”.
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Não sei quem: “Se você acha que a liberdade não enche a barriga, tente passar dez anos na prisão com a barriga cheia”.
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Nietzsche: “Qual é o sinal da liberdade realizada? Não sentir vergonha de si mesmo”.
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Nietzsche, de novo: “O homem livre é imoral, porque em todas as coisas quer depender de si mesmo e não de algo estabelecido”.
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Carlos Drummond de Andrade: “A liberdade é defendida com discursos e atacada com metralhadoras”.
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Balzac: “A liberdade leva à desordem, a desordem à repressão, e a repressão novamente à liberdade”.
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Juscelino Kubistchek: “Não consentirá o governo que a liberdade seja utilizada para assassinar a própria liberdade”.
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Juscelino, de novo: “A liberdade, para nós, corresponde a uma série de conquistas econômicas, sociais e políticas”.
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D. Xiquote: “Liberdade é o direito que se tem de não permitir que os outros façam aquilo que querem”.
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José Bonifácio: “O amor da liberdade deve ser, na frase bíblica, invencível como é a morte; deve, como o apóstolo, ter a sede do infinito; deve ser grande como o universo que o contém”.
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Graça Aranha: “A liberdade é uma relatividade humana, que forçamos à existência para a nossa ilusão criadora”.
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Gustave Le Bon: “Muitos são os homens que falam de liberdade, mas poucos são os que não passam a vida a construir amarras”.
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Jean-Jacques Rousseau: “O homem nasceu livre e por toda a parte vive acorrentado”.
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Rousseau, de novo: “Povos livres, lembrai-vos desta máxima: a liberdade pode ser conquistada mas nunca recuperada”.
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Baruch Espinoza: “É aos escravos, e não aos homes livres, que se dá um prêmio para os recompensar por terem se comportado bem”.
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Manuel de Barros: “Quem anda nos trilhos é trem. Sou água que corre entre pedras – liberdade caça jeito”.
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Guimarães Rosa: “A água de boa qualidade é como a saúde ou a liberdade: só tem valor quando acaba”.
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Guimarães Rosa, de novo: “O passarinho na gaiola pensa que uma árvore e o céu o prendem”.
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Henrik Ibsen: “Nunca vista as suas melhores calças quando sair para lutar pela liberdade e pela verdade”.
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Millôr Fernandes: “A liberdade é um cachorro vira-lata”.
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Millôr, de novo: “Não existe liberdade consentida. A liberdade é de baixo para cima, imposta pelas reivindicações e pela consciência do indivíduo. As tiranias, por vontade própria, jamais dãoliberdade. Apenas, à proporção em que se sentem seguras, vão pondo elos na corrente que prende todos os cidadãos”.
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Millôr, mais uma vez: “Ser livre, é bom notar, não é ser libertado. ‘Eu te dou toda liberdade’ é a restrição suprema”
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Denis Diderot: “O homem só será livre quando o último rei for enforcado com as tripas do último padre”.
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Rui Barbosa: “Bem acanhado tino o dos que preferem a coroa do terror que um sopro arrebata, à do contentamento público na liberdade, que a gratidão perpetua”.
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Montesquieu: “A liberdade é o direito de fazer tudo que as leis permitem”.
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Thomas Jefferson: “O preço da liberdade é a eterna vigilância”
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George Orwell: “Às vezes penso que o preço da liberdade não é tanto a eterna vigilância, mas o eterno jogo sujo”.
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Nelson Rodrigues: “A liberdade é mais importante que o pão”.
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Adão Myszak: “Na época atual, a liberdade só existe para os fortes. Ninguém precisa dos fracos”.
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Austregésilo: “Ser livre, para o homem contemporâneo, é ser justo, é ser culto, é respeitar o direito alheio, o direito individual, diante de si mesmo”.
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Coelho Neto: “Nada mais livre do que a natureza e, todavia, é regida por leis invariáveis”.
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Heitor Moniz: “O liberalismo tem uma bandeira bonita e aspectos exteriores que o tornam na verdade sedutor. É apenas uma aparência enganosa”.
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Heitor Moniz, de novo: “O liberalismo tudo promete ao povo e dá tudo aos fortes e aos ricos”.
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Vivaldo Coaraci: “O homem é tanto mais livre quanto maior a sua capacidade de renúncia”.
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Antônio Costa: “Liberdade! A natureza toda é um espelho onde a tua grandeza se reflete”.
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Leôncio Basbaum: “Liberdade quer dizer vida e natureza, em toda sua exuberante, espontânea e livre manifestação”.
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Leoni Kaseff: “O fim último da vida não é o progresso, nem mesmo a verdade, mas a liberdade”.
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Wilson Chagas: “É livre quem aprendeu a livrar-se daquilo que o impede justamente de ser livre”.
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Albert Camus: “Julgavam-se livres e nunca alguém será livre enquanto houver flagelos”.
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Dei Bao: “A liberdade não é nada senão a distância entre a caça e o caçador”.
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Victor Hugo: “Tudo que aumenta a liberdade, aumenta a responsabilidade”.
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George Bernard Shaw: “Liberdade significa responsabilidade. É por isso que tanta gente tem medo dela”.
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Sigmund Freud: “A maioria das pessoas não quer realmente a liberdade, pois a liberdade envolve responsabilidade, e a maioria das pessoas tem medo da responsabilidade”.
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George Orwell: “Se a liberdade significa alguma coisa, será sobretudo o direito de dizer às outras pessoas o que elas não querem ouvir”.
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Rabindranah Tagore: “É tão fácil esmagar, em nome da liberdade exterior, a liberdade interior”.
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Mahtma Gandhi: “A prisão não são as grades, a liberdade não é a rua; existem homens presos na rua e livres na prisão. É uma questão de consciência”.
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Goethe: “Ninguém é mais escravo do que aquele que se julga livre sem o ser”.
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Francis Bacon: “É um estranho desejo, desejar o poder e perder a liberdade”.
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Voltaire: “Se o homem nasceu livre, deve governar-se; se ele tem tiranos, deve destroná-los”.
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Madame de Staël: “A liberdade e o amor são incompatíveis. Quem ama é sempre escravo”.
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Malcolm X: “Não se pode separar paz de liberdade, porque ninguém consegue estar em paz sem que tenha sua liberdade”.
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Pablo Neruda: “Você é libre para fazer suas escolhas, mas é prisioneiro das consequências”.
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Simone de Beauvoir: “Querer ser livre é querer livres os outros”.
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Simone de Beauvoir, de novo: “O homem é livre. Para essa liberdade só há um caminho: o desprezo das coisas que não dependem de nós”.
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Benito Mussolini: “A verdade é que os homens estão cansados de liberdade”.
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Isaac Asimov: “A liberdade não tem preço, a mera possibilidade de obtê-la já vale a pena”.
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José Martí: “A liberdade custa muito caro e temos que nos resignarmos a viver sem ela ou nos decidirmos a pagar seu preço”.
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Che Guevara: “Sonha e serás livre de espírito… Luta e serás livre na vida”.
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Gustave Le Bom: “Para os homens, a liberdade, na maioria dos casos, não é outra coisa senão a faculdade de escolherem a servidão que mais lhe convém”.
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Nelson Mandela: “Nenhum poder na Terra é capaz de deter um povo oprimido, determinado a conquistar a liberdade”.
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John Lennon: “A mulher é o negro do mundo. É a escrava dos escravos. Se ela tenta ser livre, tu dizes que ela não te ama. Se ela pensa, tu dizes que ela quer ser homem”.
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Hilda Hilst: “Sinto-me livre para fracassar”.
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Woody Allen: “A liberdade é o oxigênio da alma”.
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Henri Barbusse: “A liberdade e a fraternidade são palavras, enquanto a igualdade é uma coisa”.
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Bob Marley: “Acredito na liberdade para todos, não apenas para os negros”.
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Beethoven: “Os músicos utilizam todas as liberdades que podem”.
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Cecília Meireles: “Liberdade de voar num horizonte qualquer, liberdade de pousar onde o coração quiser”.
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Leon Tolstoi: “Não alcançamos a liberdade buscando a liberdade, mas sim a verdade. A liberdade não é um fim, mas uma consequência”.
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Lauro de Oliveira Lima: “Tudo está fluindo. O homem está em permanente reconstrução; por isso é livre: liberdade é o direito de transformar-se”.
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Fernando Pessoa: “A liberdade é a possibilidade de isolamento. Se te é impossível viver só, nasceste escravo”.
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Jean Paul Sartre: “A pátria, a honra, a liberdade… Nada disso! O Universo gira em torno de um par de nádegas e isso é tudo…”.
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Luís Fernando Veríssimo: “Mas eu desconfio que a única pessoa livre, realmente livre, é a que não tem medo do ridículo”.
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Mouzar Benedito, jornalista, nasceu em Nova Resende (MG) em 1946, o quinto entre dez filhos de um barbeiro. Trabalhou em vários jornais alternativos (Versus, Pasquim, Em Tempo, Movimento, Jornal dos Bairros – MG, Brasil Mulher). Estudou Geografia na USP e Jornalismo na Cásper Líbero, em São Paulo. É autor de muitos livros, dentre os quais, publicados pela Boitempo, Ousar Lutar(2000), em co-autoria com José Roberto Rezende, Pequena enciclopédia sanitária(1996), Meneghetti – O gato dos telhados (2010, Coleção Pauliceia) e Chegou a tua vez, moleque! (2017, e-book). Colabora com o Blog da Boitempo quinzenalmente, às terças.