quinta-feira, 16 de abril de 2020

O grande desafio das contrapartidas do parasitário setor bancário




O Federal Reserve está colocando dinheiro novo nos bancos. O máximo que conseguiu foi que os bancos interrompessem a recompra de ações. Mas continuam distribuindo dividendos aos acionistas.
Jornal GGN
O dilema do sistema bancário americano é ada seguinte ordem:
O FED (O Banco Central americano) obriga os bancos a manter uma relação prudente entre o capital e os empréstimos. Eles mantem parte de suas reservas em depósitos no FED (o banco central americano) e na própria Tesouraria do banco para se prevenir contra eventuais problemas futuros, de inadimplência de clientes, de crise sistêmica etc. Essa reserva serve de colchão para problemas de liquidez é computada como capital.
O valor do capital serve para duas finalidades.
* Para definir os limites de crédito de cada instituição.
* Para distribuir aos acionistas, através dos dividendos.
Quando o banco recorre às suas reservas, ocorre uma redução no valor do capital. Aí, de acordo com os regulamentos do FED, os bancos precisariam preservar esses recursos na Tesouraria, para manter intocada a relação capital/empréstimos.
Fazendo isso, ficam privados de duas operações que garantem os ganhos dos acionistas:
* Distribuição de dividendos e
* Recompra de ações.
Com as operações de recompra de ações, os bancos mantem os papéis artificialmente elevados, em detrimento dos recursos que deveriam ser aplicados em operações de crédito.
Segundo estimativas nos EUA, apenas os programas de recompra de ações este ano comprometeriam US$150 bilhões dos bancos, e a distribuição de dividendos outros US$ 40 bilhões.
Foi o que ocorreu em 2008, uma formidável injeção de liquidez para salvar o sistema das loucuras do subprime e o dinheiro escorrendo pela torneira dos dividendos, indo direto para o bolso dos acionistas. E ocorreu tanto entre bancos que se defendiam do tiroteio, como o Bank of America, quanto aqueles que estavam a pique de quebrar, como o Lehman Brothers. Essa distribuição imprudente de dividendos acelerou o fim de alguns deles.
O dilema atual

Agora, retorna-se ao mesmo dilema. O FED anunciou que alteraria o chamado índice de alavancagem suplementar – a relação capital/ativos dos bancos – por um ano. Ou seja, os bancos teriam um alívio no dinheiro que precisariam manter em caixa, para lastrear as operações de crédito.
Por outro lado, o FED iniciou uma operação de compras maciças de títulos públicos para dar liquidez ao mercado. O que significa mais dinheiro no caixa dos bancos. Por outro lado, houve muito saque de investidores. Esses dois movimentos saturaram os balanços bancários.
O Federal Reserve está colocando dinheiro novo nos bancos. O máximo que conseguiu foi que os bancos interrompessem a recompra de ações. Mas continuam distribuindo dividendos aos acionistas.
Os primeiros sinais de crise são nítidos. No primeiro trimestre do ano, o JPMorgan registrou lucro de 78 centavos por ação, menos da metade das estimativas pré-coronavirus. No caso da Well Fargo, o lucro foi de 1 centavo, devido ao aumento das provisões para devedores duvidosos.
O problema sistêmico é que, se a crise prosseguir, os bancos terão que interromper o pagamento de dividendos, No meio do tiroteio, poderia ser lido como um sinal de fraqueza, provocando corridas bancárias. Se interromper agora, será visto como sinal de precaução.
O Tesouro tem o desafio de colocar títulos no mercado para fazer frente aos US$ 2 trilhões liberados para enfrentar a crise do coronavirus.
Há a necessidade de que os bancos mantenham esses títulos em carteira por algum tempo, para permitir a colocação junto aos grandes fundos familiares. Se o capital dos bancos se esvair através da distribuição de dividendos, haverá menos espaço para adquirir títulos públicos, comprometendo fundamentalmente sua colocação.
O grande problema a ser enfrentado é o enfraquecimento dos órgãos reguladores. Quando isso ocorre, cada banco trata de encontrar o seu caminho individualmente. E o resultado final é a trombada coletiva.

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